Tratamento
medicamentoso das epilepsias
Carlos
Guerreiro e Marilisa Guerreiro
A incidência
anual de epilepsia varia de 20 a 70 casos por 100.000 (Shorvon,
1990) e a prevalência atualmente aceita é ao redor
de 1%. A incidência cumulativa para toda a vida é de
3% (até 80 anos) (Hauser,1990).
Se
a população mundial já ultrapassou 6 bilhões
de pessoas podemos inferir que deve haver aproximadamente 60 milhões
de pessoas com epilepsia no mundo todo. Se todas essas pessoas tivessem
acesso à medicação, haveria 15 milhões
de pacientes com crises não controladas. Todavia nós
sabemos que mais da metade da população de países
pobres não tem assistência médica e, portanto,
muitos pacientes têm epilepsia "economicamente refratária",
ou seja, não controlada por falta de medicações
antiepilépticas. No Brasil, deve haver 1.700.000 pessoas
com epilepsia, e cerca de 425.000 pacientes com crises refratárias
às medicações se todos os pacientes tivessem
acesso à assistência médica e medicação
antiepiléptica.
A incidência
de epilepsia é maior na infância, depois há
um "plateau" dos 15 aos 65 anos e, posteriormente, um
aumento na população idosa (Hauser, 1997).
Portanto,
epilepsia é uma condição extremamente freqüente
na população e é considerado um problema de
saúde pública.
A epileptologia
sofreu grandes avanços nos últimos anos, tanto na
classificação das epilepsias e síndromes epilépticas,
quanto no setor de diagnóstico e no tratamento das epilepsias.
Apesar
dos avanços no tratamento das epilepsias ainda estamos longe
do termo "cura" para um grande número de pacientes,
e mesmo do controle completo das crises para um contingente significativo
deles.
Com
todos os recursos atualmente disponíveis, ainda assim não
conseguimos o controle total das crises em aproximadamente 10 a
30% dos pacientes. Dispõe-se hoje, além do tratamento
medicamentoso, do tratamento cirúrgico para algumas síndromes
remediáveis (aproximadamente 2000 pacientes por ano nos EUA,
e ao redor de 500 no Brasil) e da dieta cetogênica para o
subgrupo indicado (< 100/ano no Brasil). Nos países desenvolvidos
há, ainda, a estimulação vagal intermitente
(aproximadamente 4000 pacientes por ano nos EUA). Há inúmeros
tratamentos experimentais idealizados para os próximos anos:
novas drogas, novas maneiras de administrar agentes no cérebro
em locais específicos, estimulação elétrica
de áreas cerebrais como núcleos talâmicos e
áreas do hipocampo, e as técnicas de terapias genéticas
voltadas para o desenvolvimento de drogas antiepilépticas.
Alguns
autores admitem que há uma porcentagem substancial de pacientes
com epilepsia recém-diagnosticada com evolução
satisfatória (Watts, 1992). Isto é verdadeiro principalmente
para a faixa etária pediátrica, pois a maioria das
epilepsias da infância é benigna e apresenta boa resposta
terapêutica, muitas vezes havendo remissão espontânea.
A despeito de todas as limitações, o "estado
de arte" do tratamento das epilepsias, isoladamente ou associado
às outras medidas, ainda é o tratamento medicamentoso.
Princípios
do Tratamento Medicamentoso das Epilepsias
Apesar do tratamento medicamentoso das epilepsias ser um tratamento
sintomático, é um dos tratamentos de maior sucesso
em neurologia. Não está claro se a medicação
interfere na história natural da condição (doença)
de base. O risco de o paciente apresentar crises no período
em que faz uso da medicação é menor e, assim,
melhora claramente a qualidade de vida dos pacientes com epilepsia.
O tratamento
medicamentoso das epilepsias em geral é prolongado (meses
a anos) e segue alguns princípios básicos: a) recomenda-se
o uso inicial de uma única droga antiepiléptica =
monoterapia; b) a medicação, de modo geral, deve ser
titulada (aumentada) lentamente até atingir a dose eficaz
ou surgirem efeitos adversos; c) nunca deve ser retirada abruptamente
a droga antiepiléptica, com raras exceções
tais como reações idiosincráticas (alérgicas);
d) todos os fármacos antiepilépticos podem causar
efeitos adversos sistêmicos ou neurotóxicos, o que
justifica a monitorização pelo médico assistente.
Origem das Drogas Antiepilépticas - Acaso
A primeira DAE eficaz provavelmente foi o sal de brometo, introduzido
por Locock (1857). Baseado numa premissa totalmente errada de que
os pacientes com epilepsia tinham hipersexualidade, o autor usou
o sal de brometo e relatou resposta positiva em 14 de 15 mulheres
com epilepsia catamenial. Ainda hoje há raros pacientes que
se beneficiam com a sua utilização.
Quase
todas as DAE disponíveis tiveram suas aplicações
antiepilépticas descobertas por acaso.
O fenobarbital
foi um dos barbitúricos hipnóticos desenvolvidos pela
Bayer nos primeiros anos do século XX e não era muito
efetivo como tal. Haupmann, residente de psiquiatria, contabilizou
as crises nos pacientes internados em um hospital psiquiátrico
alemão em 1912. Depois de administrar o fenobarbital, utilizado
como droga hipnótica e sedativa, ele contou o número
de crises dos pacientes demonstrando de maneira clara o efeito anticonvulsivante
da medicação (Schmidt, 1998).
Por
outro lado, a fenitoína estava entre os inúmeros hidantoinatos
que Putnam (1937) especificamente testou para encontrar compostos
com propriedades antiepilépticas, porém sem os efeitos
colaterais do fenobarbital. Ele procurou ativamente por substâncias
com estrutura química que possuísse anel fenil, com
efeito anticonvulsivante e sem efeito sedativo. Modificações
da estrutura química resultaram em vários hidantoinatos
e a difenilhidantoína ou fenitoína foi descoberta
como a mais potente droga no modelo de avaliação pelo
eletrochoque em gatos, apresentando menor efeito sedativo.
Nos
anos 60, a carbamazepina foi desenvolvida pelos cientistas da Geigy,
na busca de se encontrar um tricíclico com propriedades antipsicóticas
semelhantes à clorpromazina, que havia sido lançada
há pouco. Os primeiros tricíclicos não tiveram
sucesso, exceto a imipramina, que se mostrou um excelente antidepressivo.
Destas investigações surgiu a carbamazepina, um composto
com potente eficácia antiepiléptica.
O exemplo
da casualidade no desenvolvimento de DAE foi a descoberta do valproato.
Nos anos 60, em Grenoble, França, no laboratório de
Meunier e Meunier o valproato foi usado pelo grupo de Pierre Eymard
como um solvente para testar várias drogas insolúveis.
Depois de testar várias delas, parecia que todos os compostos
testados tinham eficácia anticonvulsivante. Os pesquisadores,
então, reconheceram que era o solvente o responsável
pela ação antiepiléptica.
Dentre
as drogas novas, a lamotrigina mostrou ter efeito antiepiléptico
de amplo espectro, porém tinha sido desenvolvida como um
componente antifolato pela Wellcome.
O topiramato
era do grupo dos hipoglicemiantes orais desenvolvidos pela Ortho-McNeil,
ainda que com pequena eficácia para a finalidade original,
porém mostrou ter potentes propriedades antiepilépticas.
Por
muito tempo a falta do completo conhecimento sobre a fisiopatologia
das epilepsias, da história natural e da farmacologia das
drogas antiepilépticas fêz com que o tratamento medicamentoso
das epilepsias se baseasse na tradição médica,
mais do que na reflexão racional.
Sankar
& Weaver (1997), historicamente, dividem o tratamento medicamentoso
em três eras: a era do charlatanismo- da antiguidade até
1857; a era da casualidade- de 1857 a 1980; e a era do desenho de
drogas racionais- de 1980 até o presente.
Por
outro lado, Jallon (1997) divide o tratamento médico em três
etapas: politerapia "institucional", monoterapia "dogmática"
e politerapia "racional".
Politerapia
Institucional
Com a introdução do fenobarbital (1912) e da fenitoína
(1937) estas DAE permaneceram por muitos anos como as únicas
opções medicamentosas, até que na década
de 80 houve a introdução da carbamazepina e do valproato.
Tentativas e empirismo com os dois fármacos e sua associação
eram a base do tratamento. Havia inclusive apresentações
comerciais que já associavam as duas DAE. Mesmo depois da
introdução da carbamazepina e do valproato, a politerapia
era muito utilizada.
Monoterapia
Dogmática
Alguns autores (Shorvon & Reynolds,1977; Shorvon & Reynolds,1979;
Reynolds & Shorvon,1981; Schmidt,1983; Theodore & Porter,
1983; Guberman, 1998; Selai & Trimble, 1998) demonstraram que
a incidência de efeitos colaterais era proporcional ao número
de DAE prescritas e que a otimização do tratamento
poderia ser obtida com o uso de uma única DAE. Além
disso, vários destes estudos mostraram que era possível
um bom controle das crises em aproximadamente 70-80% dos pacientes.
A instituição
da monoterapia permitiu a comparação da eficácia
e da toxicidade das DAE no tratamento inicial de carbamazepina,
valproato, fenitoína, fenobarbital e primidona.
Politerapia
Racional
A estratégia terapêutica foi modificada nos anos 80
por três elementos. Primeiro, a introdução da
classificação das crises e das síndromes epilépticas
pela Liga Internacional de Epilepsia (ILAE). Segundo, o melhor conhecimento
da epidemiologia, história natural e prognóstico das
epilepsias. Terceiro, os avanços na neurobiologia e farmacologia,
com melhor entendimento dos mecanismos básicos da epileptogênese
e dos mecanismos de ação das drogas antiepilépticas.
Teoricamente,
estes conhecimentos permitiriam politerapia racional. Assim a combinação
ótima seria conseguida com DAE de "diferentes mecanismos
de ação, com relativamente menos efeitos colaterais,
com índices terapêuticos maiores, e nenhuma ou pequena
interação de drogas" (Ferrendelli, 1995). Entretanto,
"os avanços terapêuticos das novas drogas parecem
limitados e é difícil identificar um aumento da eficácia
entre estes compostos, embora possam ser melhor tolerados do que
as DAE mais antigas" (Pedley, 1993).
Atualmente,
a maioria dos pacientes com epilepsia de difícil controle
faz uso de politerapia, particularmente com drogas novas. Não
temos, porém, base científica para o uso a longo prazo
da politerapia (Satischandra & Trimble, 2001).
As
três fases pelas quais passou o tratamento medicamentoso ilustram,
a nosso ver, a influência de um certo modismo na prescrição
médica, refletindo provavelmente influências de diversas
origens, além do conhecimento da epilepsia e das drogas.
Desenho
Racional de Droga Antiepiléptica
Nos últimos anos a estratégia de lançamento
de novas DAE baseou-se em três aspectos:
· Seleção ao acaso de DAE e escolha
baseada na sua eficácia;
· Desenho racional de droga modificando a estrutura
química de um composto clinicamente eficaz;
· Desenvolvimento de DAE baseado no mecanismo de ação.
A maioria
das DAE convencionais foi encontrada por acaso, com exceção
da fenitoína acima mencionada.
Vários
compostos foram desenvolvidos visando aumentar o efeito inibidor
do GABA. A gabapentina foi sintetizada pela Parke Davis, através
da inserção de um anel ciclohexano na molécula
do GABA para facilitar a entrada no sistema nervoso central. Inicialmente,
o composto não era para epilepsia e sim contra espasticidade.
Subseqüentemente, as propriedades antiepilépticas ficaram
evidentes, mas, ironicamente, no momento sua principal indicação
é no tratamento de dor.
Investigadores
da Merrell Recherche, em Estrasburgo, França, especificamente
tentaram inibir a GABA transaminase. Assim desenvolveram a vigabatrina
ou gama vinil GABA.
A tiagabina foi desenvolvida pela Novo Nordisk, na Dinamarca, com
a finalidade de aumentar a inibição mediada pelo GABA.
Há muito é conhecido que ácido nipicótico
bloqueia a recaptação do GABA depois da sua liberação
na fenda sináptica. Este conceito de bloquear a recaptação
tem sido utilizado para outros compostos como antidepressivos e
antihipertensivos. A combinação do ácido nipicótico
com uma solução lipídica produziu um composto
capaz de entrar no sistema nervoso central. Estudos em animais e
no homem confirmaram os efeitos antiepilépticos e a elevação
dos níveis de GABA.
Qualquer
que seja o processo de desenvolvimento da DAE ela deve demonstrar
algum grau de eficácia em modelos animais antes de se tornar
uma candidata a ensaios clínicos.
Drogas
Antiepilépticas e Modelos de Testes Experimentais
A maioria das drogas tem sido desenvolvida usando modelos animais.
Há vários modelos animais para se testar a possível
eficácia de uma droga antiepiléptica no homem. Porém,
os modelos atualmente disponíveis, ainda que melhores que
os do passado, ainda apresentam falha na predição
de sua aplicabilidade na prática clínica.
Tratamento
Medicamentoso da Epilepsia
Indicações para o Tratamento
A maioria dos pacientes com crises epilépticas recorrentes
necessita tratamento medicamentoso. As exceções ficam
por conta das crises provocadas e episódios separados por
anos.
A questão
de tratar ou não crise única é controversa
e complexa. Pacientes que têm uma crise não provocada
correm risco de recorrência que varia de 31 a 71%, dependendo
dos fatores de risco (Hauser et al., 1990; Shinnar et
al., 1990). Pacientes com síndromes específicas,
como epilepsia mioclônica juvenil e lesões cerebrais
evidenciáveis por exames de imagem, provavelmente devem ser
tratados.
A discussão
com o paciente ou o responsável sobre o início do
tratamento deve ser feita mostrando os riscos e benefícios
do tratamento medicamentoso (Guerreiro et al., 1998).
A seleção da DAE depende de múltiplos aspectos.
Não há droga de escolha definida para qualquer crise
ou epilepsia. Os critérios de seleção baseiam-se
em eficácia, perfil de efeitos adversos, propriedades farmacocinéticas,
formulações disponíveis (diferentes apresentações
comerciais) e custo. A questão da eficiência é
obviamente determinante na escolha da DAE. Os efeitos adversos são
geralmente divididos naqueles de tolerabilidade e segurança.
O último aspecto é de fundamental importância,
quando envolve risco médico sério, e as vezes risco
de vida. Ainda que segurança seja a grande preocupação,
a tolerabilidade é o problema mais comum. Virtualmente todas
as DAE podem produzir efeitos colaterais indesejados e até
incapacitantes. Geralmente são corrigíveis por redução
da dose. Aspectos farmacocinéticos definem o número
de tomadas e interações com outras drogas.
Formulações
disponíveis, tais como apresentações comerciais
sob a forma líquida, cápsula, comprimidos sulcados
ou de liberação lenta podem definir a escolha da medicação.
Finalmente, a questão do custo e disponibilidade da medicação
ao paciente são elementos que devem orientar a prescrição
médica. A diferença no custo de DAE convencionais
para as novas DAE torna o uso destas, muitas vezes, proibitivo,
a menos que estas sejam fornecidas por órgãos especiais,
tais como farmácias para medicações de alta
complexidade do serviço público.
O
Futuro Próximo
O tratamento medicamentoso das epilepsias deixa até 80% dos
pacientes livres de crises. Apesar das limitações
de eficácia das novas DAE atualmente disponíveis,
ainda há potencial de melhora para o futuro com o desenvolvimento
de novos fármacos anticonvulsivantes, drogas que interfiram
na epileptogênese ou que modifiquem as doenças, diminuindo
o risco ou impedindo o aparecimento de epilepsia.
Assim,
na nossa opinião, as perspectivas de melhores resultados,
para o futuro, são para novos tratamentos medicamentosos
ou para novas técnicas que ainda estão se desenvolvendo,
como estimulação elétrica de alvos específicos
no sistema nervoso central, como núcleos talâmicos
ou estruturas mesias dos lobos temporais.
Além
disso, num futuro próximo esperamos que as DAE atualmente
utilizadas sejam disponíveis em formulações
adequadas para o uso em uma ou duas tomadas ao dia, além
do preparado para administração parenteral (Bourgeois,
2000).
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