O
combustível automotivo no Brasil
Qualidade e preço. Por que tanta confusão?
Luiz
Pontes
O que
acontece com o segmento de combustíveis no Brasil? Por que
este custo tão alto para a gasolina? Por que tanta adulteração
dos combustíveis, prejudicando a saúde dos frentistas,
o bolso e o carro do consumidor e diminuindo a arrecadação
do Estado? Quanto ganham os adulteradores? Estas perguntas podem
ser esclarecidas a partir do levantamento do que aconteceu no mercado
de combustíveis nos últimos anos.
Desde
a década de 90 o governo brasileiro vem promovendo a abertura
de segmentos industriais à competição externa,
retirando o Estado, enquanto agente produtor de bens e serviços
de alguns setores e revendo monopólios em áreas controladas
durante longo período por empresas estatais. O que está
ocorrendo é uma alteração de prioridades. Os
recursos financeiros do Estado, há muito escassos, vinham,
antes da década de 90, sendo dirigidos prioritariamente para
investimentos em infra-estrutura, um papel que pode ser majoritariamente
desempenhado pelo setor privado. Por outro lado, as chamadas áreas
sociais, como educação e saúde tinha suas prioridades
diminuídas. Os recursos obtidos com as concessões
e privatizações têm sido empregados no saneamento
das finanças públicas e as necessidades adicionais
de investimento lideradas pelo capital privado, de forma a permitir
ao governo realizar investimentos em áreas de maior alcance
social ou onde a presença do Estado seja essencial.
Embora
o setor de distribuição e comercialização
de derivados fosse o único a não estar englobado pela
legislação monopolista, a regulamentação
do Estado através inicialmente através do CNP - Conselho
Nacional do Petróleo mais tarde substituído pelo DNC-
Departamento Nacional de Petróleo e a forte dependência
de um único fornecedor, fizeram com que não se pudesse
falar em livre mercado, mas sim em um oligopólio fechado
de empresas distribuidoras, dentre elas multinacionais de grande
peso fortemente atreladas ao controle estatal. O DNC permitiu então
a abertura de novos postos revendedores e distribuidoras que surgiram
às centenas muitas delas, embora cadastradas, eram empresas
fantasmas realizando negócios ilícitos que desarrumaram
totalmente o mercado, promovendo ações na justiça
contra o pagamento de impostos e misturando outras substâncias
à gasolina com o intuito de aumentar lucros pelo não
pagamento dos impostos. Os postos de gasolina não eram mais
obrigados a comprar o combustível da distribuidora que representavam
facilitando a fraude.
Após
a criação da ANP - Agência Nacional de Petróleo
("Lei do Petróleo" de agosto de 1997 regulamentada
em decreto de janeiro de 1998) o governo toma ações
para coibir os abusos. Paulatinamente portarias da ANP vão
liberando o mercado com a permissão de produção
de combustíveis pelas petroquímicas, sua importação
direta e liberação dos preços nas refinarias.
A regulação torna mais exigente o cadastramento de
distribuidoras (o número delas reduziu-se de mais de 400
na abertura do mercado para 240 em novembro de 2002), torna obrigatória
a compra de combustível na distribuidora que o posto revendedor
representa, há um controle dos solventes hidrocarbonetos
comercializados.
O mercado
de combustíveis movimenta aproximadamente R$ 70 bilhões
de reais ano gerando uma receita de impostos de aproximadamente
R$ 35 bilhões. Em muitos estados da Federação,
a arrecadação de ICMS sobre combustíveis é
uma das principais fontes de recursos da secretarias de fazenda.
Mais de 28.000 postos revendedores empregam centenas de milhares
de pessoas nos atendimentos de abastecimento de combustíveis,
serviços de borracharia, troca de óleo e lojas de
conveniência sendo ainda células urbanizadoras em regiões
ao longo de estradas estaduais e federais, agregando desenvolvimento
econômico e social a diversas pequenas cidades do interior
do país.
O
monitoramento da qualidade dos combustíveis no Brasil
A especificação da gasolina tem impacto direto no
mercado pois sua produção obrigatoriamente deve atender
as exigências de qualidade que visam proporcionar um bom funcionamento
aos motores, a saúde dos que a manipulam, a preservação
do meio ambiente e evitar práticas de adulteração
e sonegação fiscal.
A Superintendência
de Qualidade da ANP vem desenvolvendo um trabalho exemplar de monitoramento
da qualidade de combustíveis no país. A partir de
1999 a Agência contratou universidades e institutos de pesquisa
em vários estados para acompanhamento da melhoria da qualidade
dos combustíveis derivados de petróleo, do gás
natural e do álcool combustível. A avaliação
ocorre através das especificações regulamentadas,
refletindo a qualidade mínima necessária ao bom desempenho
do produto. Hoje mais de 90% dos postos de combustíveis do
país são monitorados. As diretrizes da Política
da Qualidade de Produtos da ANP são: proteger os interesses
do consumidor, garantindo derivados de petróleo, gás
natural e álcool combustível adequados ao uso; proteger
os interesse da sociedade, tendo em mente a qualidade de vida e
as questões ambientais na especificação da
qualidade dos produtos; estimular o desenvolvimento, por intermédio
de especificações que induzam à evolução
tecnológica; promover a livre concorrência por intermédio
das especificações dos produtos, evitando reservas
de mercado e conferir credibilidade à qualidade dos produtos
consumidos no país.
Os
gráficos abaixo demonstram a evolução da qualidade
do diesel, álcool e gasolina no Brasil. Dados do monitoramento
de qualidade e de preço de combustíveis podem ser
encontrados no site www.anp.gov.br.
Os dados de qualidade são disponibilizados mensalmente e
são apresentados de uma forma global do país, dos
estados e de algumas cidades em particular. O levantamento de preços
é feitos nas principais cidades e são disponibilizados
semanalmente.
Veja
os gráficos:
_ Evolução das Não-Conformidades no Brasil
(ver)
_ Índices de Não-Conformidades por Estados (ver)
Verifica-se uma contínua melhoria da qualidade da gasolina
e do diesel desde o início do programa. Em 2000, 12,5 da
gasolina e 6,7% do diesel consumido no Brasil estava não
conforme, isto é, não atendia aos padrões mínimos
de qualidade estabelecidos pela ANP. Estes números caíram
para algo em torno de 7,5% de não conformidade para a gasolina
e 6% para o diesel em 2002.
O controle,
pela ANP, da comercialização de solventes no país
e a utilização de marcadores químicos nestes
solventes têm inibido de forma muito eficiente a adulteração
na gasolina. Os maiores problemas que ainda persistem referem-se
a adulterações com a adição de compostos
hidrocarbonetos pesados e a adição excessiva de álcool.
A fiscalização da ANP em parceria com outros órgãos
federais e estaduais de defesa do consumidor tem inibido essa prática.
A tabela apresenta
o número de autuações e interdições
realizadas pela ANP.
O diesel
apresenta menos problemas e o principal problema de não conformidade
neste combustível é de caráter ambiental. O
diesel vendido nas grandes cidades deve necessariamente conter menos
enxofre para diminuir a poluição urbana, enquanto
nas áreas rurais e em pequenas cidades essa liberdade é
menor. Outro problema é de questão industrial pois
algumas regiões apresentam o combustível com turbidez
elevada e fora de especificação. A ANP vem buscando
uma ação para identificar com corante o diesel com
maior teor de enxofre o que certamente diminuirá bastante
a não conformidade neste combustível.
O álcool
é um problema a parte. Os índices de não conformidade
no álcool vêm crescendo apesar do monitoramento. Isto
ocorre devido ao fato de que milhões de litros de álcool
estejam sendo comercializados de forma clandestina. Alguns produtores,
distribuidores e revendedores vêm burlando a lei vendendo
o combustível de forma ilegal sonegando impostos (estima-se
uma perda de arrecadação de R$ 1 bilhão ano,
no segmento do álcool) e adulterando o combustível
com água não adequada para a utilização
do combustível hidratado que provoca perda de potência,
maior consumo e corrosão nos automóveis movidos a
álcool hidratado. O Ministério da Agricultura, a ANP,
as secretarias de fazenda dos estados, os órgão ambientais
e de defesa do consumidor devem se unir para combater essas fraudes
e punir os adulteradores e sonegadores.
A sonegação
fiscal pode ser diminuída, no que tange aos postos revendedores,
com a instalação de dispositivos de controle de vazão
das bombas associado à contabilidade fiscal. Controlando-se
o volume de combustível que passa pela bomba com o volume
adquirido pelo postos através das notas fiscais das distribuidoras
podemos fechar o balanço de massa e coibir aditivações
adulteradoras.
A
estrutura de preços antes da abertura do mercado
Os derivados de petróleo apresentam uma estrutura de preços
e tributos muito especial. Existia uma estrutura vigente até
31 de dezembro de 2001, que foi então modificada. Essa mudança
tornou viável a importação direta de derivados
por outros agentes que não a Petrobras. A estrutura antiga
explica alguns fatos curiosos como o sucesso da entrada dos pequenos
distribuidores em meados dos anos 1990 e a existência das
refinarias privadas tão fora de escala (Manguinhos e Ipiranga).
A estrutura atual busca corrigir algumas distorções
existentes na antiga.
Estrutura
de preços até dezembro de 2001
Preço de Faturamento - É o preço pelo qual
o produtor faturava os derivados ao distribuidor. Esse preço
é composto pela soma dos PIS, Cofins, Preço de Realização
e PPE Parcela de Preço Específico. Nele não
está incluso o ICMS. Era determinado por portaria interministerial
dos Ministérios da Fazenda e Minas e Energia.
Preço de Realização - É o valor que
o produtor recebia pelo produto vendido ao distribuidor. Acompanhava
a cotação do dólar e do preço dos derivados
no mercado internacional, mas especificamente no golfo do México.
O preço de realização seguia a seguinte formula:
PRn
= PRn-1*(C1/C2)*(CM1/CM2)
PRn - Preço de realização no mês n.
PRn-1 - Preço de realização no mês n-1.
C1 - Média das cotações do dólar nos
meses n-1 e n-2.
C2 - Média das cotações do dólar nos
meses n-2 e n-3.
CM1 - Média da cotações do produto nos meses
n-1 e n-2 no Golfo do México.
CM2 - Média das cotações do produto nos meses
n-2 e n-3 no Golfo do México.
PPE
- Sigla da Parcela de Preço Específica. Era a diferença
entre o preço de faturamento e de realização
depois de extraído do primeiro o valor nominal do PIS e da
Cofins. Foi criada para proporcionar uma conta petróleo entre
a Petrobras e o Tesouro Nacional visando subsidiar outros derivados
considerados essenciais à população brasileira
como o gás liquefeito de petróleo que é considerado
integrante da cesta básica. Esses produtos têm preço
de faturamento menor que o de realização. Didaticamente
falando, a gasolina era vendida com preço superior ao real
para que outros derivados pudessem ser vendidos a preços
inferiores aos reais. Cada vez que um carro era abastecido parte
do dinheiro pago permitia que o gás de cozinha fosse vendido
mais barato.
Substituição
Tributária - Alguns produtos, dentre eles a gasolina e o
diesel são comercializados sobre essa estrutura de tributação,
que consiste em cobrar na ponta da cadeia os impostos incidentes
em todas as etapas. Todos os impostos são cobrados na venda
do combustível do produtor para o distribuidor. As vendas
do distribuidor para o posto revendedor e deste para o cliente final
são isentas de impostos pois já foram cobrados antecipadamente
por substituição tributária.
Margem
Bruta do Distribuidor - Trata-se da diferença entre o preço
de compra do produto na refinaria e sua venda para o posto
Margem Bruta do Revendedor - Trata-se da diferença entre
o preço de compra do produto no distribuidor para o cliente
final. Varia a depender da região.
ICMS
Próprio - Parcela do ICMS referente a primeira etapa da cadeia,
ou seja, a venda do produtor para o distribuidor. Existe somente
quando o produtor e o distribuidor estão no mesmo estado
da federação. As operações interestaduais
são isentas do ICMS próprio.
ICMS
Substituto - Parcela referente aos outros elos da cadeia. Existe
tanto nas vendas intraestaduais como nas interestaduais.
MVA
- Margem de Valor Agregado - Trata-se do percentual a ser aplicado
para cálculo do ICMS substituto. As margens de valor agregado
são maiores para as operações interestaduais
quando comparada com as estaduais (internas). Cada estado da federação
tem suas próprias MVAs.
Indústria
das liminares
A substituição tributária é algo passível
de contestação de legalidade baseado no argumento
de que todo imposto tem que ter um fato gerador, ou seja tem que
existir a operação para cobrar o imposto, sem ela
não há o que tributar. Se um distribuidor comprar
gasolina no produtor sob o regime de substituição
tributária e não conseguir vender o produto para um
posto revendedor, esse distribuidor teria pago imposto sobre as
duas etapas seguintes sem que elas tivessem existido. Logo seria
um imposto indevido.
Muitas
vezes baseados no argumento acima alguns distribuidores conseguiram
na justiça liminares e sentenças para não pagar
o PIS e Cofins sobre o regime de substituição tributária.
A
estrutura de preços a partir de janeiro de 2002
As importações de gasolina e óleo diesel não
poderiam ser liberadas sem a reestruturação da estrutura
de tributos incidentes sobre a comercialização. Embora
já existissem outros agentes produtores no mercado, centrais
petroquímicas e refinarias privadas, sem a abertura às
importações diretas não podíamos falar
em livre mercado.
A questão
da PPE - Parcela de Preço Específica - embora não
fosse um imposto formal não havia problema de sua cobrança
junto a Petrobrás ou as Centrais Petroquímicas que
faziam o pagamento sem maiores problemas. Logo, o governo não
tinha nenhum problema para com o seu recolhimento. Na medida em
que novos agentes passaram a entrar no mercado tornou-se necessária
a regulamentação minuciosa de um novo imposto para
evitar o perigo de sonegação fiscal.
Para
criar o novo imposto que viria a substituir a PPE e o PIS e Cofins,
o Presidente da República sancionou a Lei número 10.336
em 19 de dezembro de 2001 que instituiu a Cide - Contribuição
de Intervenção no Domínio Econômico incidente
sobre a importação e a comercialização
de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados,
e álcool etílico combustível.
O produto
da arrecadação da Cide é destinado, na forma
da lei orçamentária, ao pagamento de subsídios
a preços ou transporte de álcool combustível,
de gás natural e seus derivados e de derivados de petróleo;
ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria
do petróleo e do gás e financiamento de programas
de infra-estrutura de transportes.
São
contribuintes da Cide o produtor, o formulador e o importador, pessoa
física ou jurídica, dos combustíveis líquidos.
A Cide
tinha, na importação e na comercialização
no mercado interno, as seguintes alíquotas específicas:
I -
gasolinas, R$ 501,10 por m³;
II - diesel, R$ 157,80 por m³;
III - querosene de aviação, R$ 32,00 por m³;
IV - outros querosenes, R$ 25,90 por m³;
V - óleos combustíveis (fuel oil), R$ 11,40 por t;
VI - gás liqüefeito de petróleo, inclusive o
derivado de gás natural e de nafta, R$ 136,70 por t;
VII - álcool etílico combustível, R$ 29,20
por m³.
Estas
alíquotas estão definidas na própria lei 10.336
de 19/12/2001, que também determina que eventuais reajustes
no valor a ser cobrado pela cide são determinadas via decreto
do poder executivo.
A Cide
incide sobre correntes importadas para formulação
dos produtos no mesmo valor do produto fim para a gasolina e para
o diesel. No caso de correntes que possam ser adicionadas à
formulação dos dois produtos deve incidir o valor
da gasolina.
Nas
correntes passíveis de uso para gasolina e que tenham outra
destinação (mercado de solventes por exemplo) não
deverão ter incidência da Cide, porém são
marcadas quimicamente conforme regulamentação da Portaria
ANP nº274 de 01 de novembro de 2001. As correntes com essa
característica que tiverem seu destino incerto ou duvidoso
deverão ser tratadas como se para combustíveis fossem
destinadas, ou seja, com incidência da Cide.
Nos
impostos estaduais, ICMS próprio e ICMS substituto, não
houve alteração, apenas definiu-se que suas alíquotas
também se aplicariam a produtos diretamente importados.
Gasolina
- quando começou
Em 1870, a gasolina já entrava na competição
que se estabelecia entre carvão, querosene e óleos
vegetais e animais como combustíveis para produzir luz artificial.
Em 1876, foi celebrado no Brasil um contrato entre o Ministério
da Agricultura e uma empresa que vendia combustível de refinaria
para a iluminação de onze distritos da corte, em substituição
ao serviço anterior, que era à base de óleos
vegetais e animais. Dois anos depois era requerida patente para
um aparelho de fazer gás por meio do ar e da gasolina. Como
se pode notar, era um período em que esses produtos eram
de fato uma novidade. Mesmo nos EUA, pouco se sabia sobre a origem
do petróleo e praticamente nada se sabia sobre a composição
química dos derivados e dos processos para sua obtenção.
Até
1910, a gasolina era obtida pela destilação do petróleo
bruto, processo que fornecia baixa octanagem. Nessa época
começam a se desenvolver os processos de cracking, capazes
de produzir gasolinas com maiores índices de octanas e maior
economia de óleo cru. Esse desenvolvimento técnico
foi estimulado pela expansão da frota mundial de automóveis.
Assim. somente por volta da metade da década de 1910 o querosene
para iluminação foi ultrapassado pela gasolina nas
vendas das companhias de petróleo.
Natureza
e composição da gasolina
As gasolinas automotivas são combustíveis utilizados
nos motores de combustão interna com ignição
por centelha. São constituídas por hidrocarbonetos
derivados de petróleo e podem conter aditivos selecionados
que conferem importantes características específicas
ao produto originado nas refinarias e centrais petroquímicas
nacionais. As propriedades das gasolinas comerciais são influenciadas
pelos processos de refinação utilizados e também
pela natureza dos petróleos que as originam.
A gasolina
automotiva não é uma substância de composição
simples, é formada por uma mistura complexa de hidrocarbonetos
que pode variar desde que atenda uma especificação
determinada. Essa especificação pode variar de um
país para o outro. Logo, quando se fala em gasolina deve-se
ter em mente uma mistura e não uma única substância
como o álcool por exemplo que consiste basicamente de etanol
com pequena porcentagem de água.
A faixa
de destilação da gasolina tem sofrido modificação
com a evolução da indústria petrolífera
e dos motores de combustão interna. No Brasil, tipicamente,
ela varia de 35 a 220°C. Os hidrocarbonetos componentes da gasolina
são membros das séries parafínica, olefínica,
naftênica e aromática, e suas proporções
relativas dependem dos petróleos e processos de produção
utilizados. Atualmente, as gasolinas que saem das refinarias dotadas
de vários processos de refinação, são
constituídas de misturas criteriosamente balanceadas desses
hidrocarbonetos, visando atender aos requisitos de desempenho nos
motores.
Uma
gasolina para consumo é constituída pela mistura de
dois, três ou mais componentes obtidos nesses diferentes processos
de refinação, podendo ainda receber a adição
de outros compostos como o tolueno ou xilenos, álcoois como
o metanol ou etanol anidros, além de outros aditivos especiais
com finalidades específicas, entre os quais podemos citar
antioxidantes, antidetonantes, detergentes, anticongelantes, desativadores
de metal, corantes, etc.
A partir
da década de 1970 foram intensificados os esforços,
em todo o mundo, para diminuir a poluição causada
pelos gases de escape dos veículos. As entidades governamentais
de proteção ao meio ambiente estabeleceram limites
para a emissão dos principais poluentes: o CO (monóxido
de carbono), os HC (hidrocarbonetos não queimados) e os NOx
(óxidos de nitrogênio). Esses limites, cada vez mais
severos, obrigaram os fabricantes de veículos a aprimorarem
os projetos de seus motores e a lançarem mão de dispositivos
especiais, os conversores catalíticos, para reduzir os poluentes.
Como conseqüência houve também a eliminação
de derivados de chumbo da gasolina uma vez que esse metal envenena
os catalisadores utilizados além de ser ele próprio
um poluente que causa sérios danos a saúde humana.
A composição da gasolina sofreu novas alterações,
já que era preciso manter a octanagem elevada sem usar CTE
ou CTM (chumbotetraetila e chumbotetrametila). Novos aditivos surgiram
como o MTBE (metilerciariobutil éter), o ETBE (etilterciariobutil
éter), o TBA (álcool butílico terciário),
o MMT (metilciclopentadienilmanganês tricarbonila) etc. Também
o teor de aromáticos e de olefinas aumentou. No Brasil, foi
desenvolvida uma tecnologia própria com a adição
do etanol anidro à gasolina. O etanol elimina a necessidade
do uso do chumbo, disponibiliza moléculas de oxigênio
que melhoram a queima do hicrocarbonetos e mantém a octanagem
do combustível composto.
Luiz
Pontes é professor da Universidade de Salvador (Unifacs)
|