Reportagens






Editorial:
O petróleo é nosso
Carlos Vogt
Reportagens:
Petróleo: fonte renovável de guerras
Países da Opep vivem constantes instabilidades
Quebra do monopólio divide interesses
Participação do petróleo na matriz energética brasileira
História do Petróleo no Brasil
Pesquisa petrolífera do Brasil na fronteira do conhecimento
Royalties de petróleo: sustentabilidade ou barganha política?
O petróleo e a agressão ao meio ambiente
Setor de petróleo recebe apoio de grandes programas
Mercado competitivo requer profissional mais capacitado
Bacia sedimentar do Amazonas é a terceira em produção de petróleo
As mil e uma utilidades de um líquido negro que vale ouro
Artigos:
Mudança institucional e política industrial no setor petróleo
André Tosi Furtado
A base legal do novo setor de petróleo no Brasil
Natália A. M. Fernandes Vianna
Abertura e política de preços no setor de petróleo
Adriano Pires e Leonardo Campos Filho
Petróleo: por que os preços sobem (e descem)?
Adilson de Oliveira
O combustível automotivo no Brasil
Luiz Pontes
O fim do petróleo e outros mitos
Newton Müller Pereira
Conhecer as incertezas: o desafio da indústria do petróleo
Saul B. Suslick
A indústria petroquímica brasileira
Saul Gonçalves d'Ávila
CT-Petro: novo instrumento de política no setor petrolífero nacional
Adriana Gomes de Freitas
Poema:
Hercúleo
Carlos Vogt
|
Créditos
 
Pesquisa petrolífera do Brasil na fronteira do conhecimento

O Brasil é líder mundial em tecnologia offshore. Vários são os elementos que, unidos, conseguiram colocar em destaque a pesquisa em petróleo no Brasil. Um deles é o Plano Nacional de Ciência e Tecnologia de Petróleo e Gás Natural (CT-Petro), criado em 1997, que veio estimular a cadeia produtiva do setor, através dos recursos provenientes de seus royalties. O núcleo de pesquisas na área é formado pelo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo A. Miguez de Mello (Cenpes) na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Centro de Estudos em Petróleo (Cepetro) na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Esse núcleo acaba de proporcionar à Petrobras, pela segunda vez, o Prêmio da "Offshore Tecnology Conference" (OTC), por sua excelência na exploração e produção de petróleo em águas profundas.

Plataformas
Durante as últimas eleições brasileiras, uma das questões levantadas foi sobre a atual capacidade brasileira para a produção de plataformas de petróleo. A produção nacional destas poderia significar a geração de empregos no Brasil, ao invés estimulá-los no exterior pela contratação de empresas estrangeiras. No dia 28 de agosto foi realizado na Coppe/UFRJ encontro técnico sobre a Construção de Plataformas Offshore no Brasil. Inicialmente a Petrobras expôs sua demanda para os próximos anos, após o que representantes de estaleiros e empresas de engenharia puderam discutir a viabilidade de construção das plataformas semi-submersíveis P-51 e P-52 no país.

No evento, foi lembrado que, nos anos 80, o Brasil já esteve entre os maiores produtores de navios, ostentando o segundo lugar no ranking mundial. No entanto, por decisões políticas e econômicas, o governo federal decidiu privilegiar a importação, alegando falta de capacidade técnica do Brasil. Isso, somado à falta de controle nos gastos das empresas privadas e à ineficiência administrativa dos estaleiros nacionais, levou à falência os construtores nacionais e impediu o necessário salto tecnológico que daria maior competitividade à construção naval brasileira.

No entanto, de acordo com os engenheiros da Coppe Luiz Pinguelli Rosa e Segen Estefen, hoje o Brasil possui "capacitação nacional para que cascos e conveses possam ser aqui construídos". Com esse quadro em mente, eles alertam que não devemos correr o risco de perder a oportunidade de inserir nossa indústria no competitivo mercado de fabricação de plataformas flutuantes para a indústria do petróleo. Competência técnica e científica já estão demonstradas. Cabe apenas gerar os incentivos para que o setor nacional não seja excluído antes de tentar.

Estado da arte em pesquisas
O Tanque de Provas Numérico (TPN), recém-inaugurado pela Escola Politécnica da USP, contou com a união e participação de várias instituições de pesquisa como a Coppe, PUC-Rio, IPT e Cenpes/Petrobras. Com ele será possível a realização de simulações matemáticas de estruturas flutuantes de produção de petróleo e gás. O tanque, idealizado para a indústria naval, coloca o Brasil entre os países que lideram as pesquisas simuladas na construção de plataformas petrolíferas, pois vai trabalhar em conjunto com LabOceano da Coppe.

O TPN é um sistema que vai permitir tanto a simulação de projetos de plataformas tradicionais, quanto a instalação e manutenção de estruturas flutuantes, considerando quase todos os fenômenos físicos ambientais do oceano, vento, onda e corrente, inclusive acima de 2000m de profundidade. São 60 computadores que, juntos, geram uma média de 21 bilhões de operações por segundo. As informações são transmitidas para a sala de projeções, que mostra as imagens em 3D e estéreo, dando a sensação exata de se estar trabalhando dentro da plataforma.

Divulgação
Vista em 3D stereo da plataforma - projeto TPN

O TPN será um importante aliado dos Tanques de Provas Físicos, afirma o professor Kazuo Nishimoto, do Departamento de Engenharia Naval da Escola Politécnica da USP e coordenador do projeto. Os tanques de provas físicos são compartimentos com água onde os modelos de estruturas flutuantes em escala reduzida são testados, sob a ação de agentes ambientais, como vento, ondas e correntes oceânicas. Mas, não oferecem as condições ideais previstas como as que são oferecidas na simulação de profundidades obtidas com o TPN, devido aos recursos de visualização em três dimensões oferecidos pelos modelos computacionais.


Pesquisas no CENPES
O Cenpes é o centro de pesquisas da Petrobras, criado oficialmente em 1966. A partir de 1992, passou a receber 1% do faturamento bruto da empresa para desenvolvimento de pesquisa. Entre os muitos projetos, o Programa Tecnológico Empresarial de Desenvolvimento em Exploração de Águas Ultraprofundas (Procap), já está indo para sua terceira fase - Procap-3000 - na qual pretende-se atingir até 3.000 metros de profundidade. O Procap-2000, criado em 1993, chegou a alcançar 1.867 metros de profundidade em Roncador, na bacia de Campos, de onde são extraídos 70% da produção nacional de petróleo. O Procap inicial, de 1988, foi posto em prática nos campos gigantes de Marlin e Albacora, a profundidades típicas de 1.000 metros.

Outra tecnologia que vem sendo aperfeiçoada desde 1992, através do Programa Estratégico de Recuperação Avançada de Petróleo da Petrobras (Provap), visa aumentar o índice de recuperação do óleo que fica perdido dentro das jazidas - cerca de 30%. Isso ocorre porque o petróleo nacional é composto de óleo pesado, com maior viscosidade, excesso de nafta e gasolina. Um petróleo leve, como o árabe, é mais fino e produz maior quantidade de diesel. Ainda nesse projeto, são estudadas as melhorias da eficiência na injeção de água e a aplicação de técnicas avançadas de caracterização de reservatórios e monitoração sísmica das reservas.

A preocupação em transformar óleos pesados em derivados de alta tecnologia foi um desafio para os pesquisadores, uma vez que as refinarias existentes no país foram compradas quando quase todo o óleo cru era importado do Oriente Médio, onde o óleo é leve. Essa é a pesquisa que vem sendo feita no Programa de Desenvolvimento de Tecnologia Estratégicas de Refino (Proter). Há cinco anos o Proter tem investido na adaptação do parque de refino para trabalhar com cargas pesadas, reduzir a necessidade de paradas para manutenção e ampliar o número de unidades de conversão, aumentando a oferta de diesel e gás de cozinha.

O Programa Tecnológico para a Ampliação de Fronteiras Exploratórias (Profex), desde 1995 vem buscando tecnologias de processamento, filtragem e aquisição sísmica. O projeto já apresenta resultados na identificação da ação de bactérias causadoras do aumento da viscosidade do petróleo, sendo de importância fundamental na exploração em águas profundas e ultra-profundas.

Em parceria com a IBM, o Cenpes está desenvolvendo um software capaz de simular a evolução de bacias sedimentares durante os processos de geração, migração e acumulação de petróleo.

Segundo a Assessoria de Comunicação do Cenpes, acaba de ser implantada a Gerência Geral de Desenvolvimento Sustentável, que envolve os setores de pesquisa e desenvolvimento para as áreas de Gás e Energia; Biotecnologia e Tratamento Ambiental; Monitoramento Ambiental; e Química. Dentro dessa nova gerência, estão os projetos de pesquisa voltados para fontes de energia renováveis e energia alternativa, tais como célula combustível, energia eólica, otimização do gás natural, biodiesel e outros. A estratégia da Petrobras, a ser atingida até 2010, é tornar-se uma empresa de energia.

Pesquisas na Coppe
A Coppe/UFRJ é o maior centro de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina. Foi a principal parceira da Petrobras no desenvolvimento de tecnologias para a exploração de petróleo no mar, cujos resultados levaram o país à liderança na área offshore. No início deste ano, Coppe e Petrobras comemoraram o marco de mil projetos concluídos em parceria. O Programa CT-Petro trouxe grande incentivo aos grupos de pesquisa da instituição que atuam em áreas voltadas para o setor de óleo e gás.

Em 1994, foi criado o Grupo Interdisciplinar em Tecnologia Submarina, que possibilitou a união de especialistas no Laboratório de Tecnologia Submarina, através da Rede Cooperativa de Pesquisa em Tecnologia Submarina (Recope). A Rede vem trabalhando em projetos de robótica, soldagem, hidro-acústica, umbilicais submarinos, tubos flexíveis, separador de fundo e infra-estrutura.

O Laboratório de Tecnologia Oceânica (LabOceano) está em operação desde setembro último. O laboratório conta com um tanque oceânico, projetado para realização de experimentos, ensaios de modelos de estruturas e equipamentos usados na produção de gás e petróleo offshore. O LabOceano apresenta condições que permitem simulações das condições encontradas no fundo do mar. Com 15 metros de profundidade e um poço central com mais 10 metros adicionais, sendo o tanque mais profundo no mundo, permitirá o desenvolvimento de inovações com maior eficiência e menor risco de erros, consolidando a liderança do Brasil na área.

Cepetro
Com o apoio da Petrobras, foram criados na Unicamp, em 1987, o Centro de Estudos em Petróleo (Cepetro), o Departamento de Engenharia de Petróleo e o Curso de Mestrado em Engenharia de Petróleo, todos na Faculdade de Engenharia Mecânica. Além de participar de projetos, o Cepetro contribui de forma decisiva na formação de mão-de-obra qualificada para o mercado do petróleo. O Cepetro desenvolve suas pesquisas em Economia dos Recursos Minerais, Engenharia de Poços, Geofísica Computacional, Modelagem Geológica de Reservatórios de Águas Profundas, Perfuração e Completação de Poços de Petróleo, Produção de Óleo e Gás, Reservatórios, Termodinâmica de Processos de Separação e Mistura.

(LO)

Links
Petrobras - http://www.petrobras.com.br
CENPES - http://www2.petrobras.com.br/portal/tecnologia.htm
COPPE - http://www.coppe.ufrj.br/
CEPETRO - http://www.cepetro.unicamp.br/
LabOceano - http://www.laboceano.coppe.ufrj.br/site/apresentacao/index.shtm

 
Anterior Próxima
Atualizado em 10/12/2002
http://www.comciencia.br
contato@comciencia.br

© 2002
SBPC/Labjor
Brasil