Reportagens






Editorial:
O petróleo é nosso
Carlos Vogt
Reportagens:
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Pesquisa petrolífera do Brasil na fronteira do conhecimento
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O petróleo e a agressão ao meio ambiente
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Bacia sedimentar do Amazonas é a terceira em produção de petróleo
As mil e uma utilidades de um líquido negro que vale ouro
Artigos:
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A base legal do novo setor de petróleo no Brasil
Natália A. M. Fernandes Vianna
Abertura e política de preços no setor de petróleo
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Petróleo: por que os preços sobem (e descem)?
Adilson de Oliveira
O combustível automotivo no Brasil
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O fim do petróleo e outros mitos
Newton Müller Pereira
Conhecer as incertezas: o desafio da indústria do petróleo
Saul B. Suslick
A indústria petroquímica brasileira
Saul Gonçalves d'Ávila
CT-Petro: novo instrumento de política no setor petrolífero nacional
Adriana Gomes de Freitas
Poema:
Hercúleo
Carlos Vogt
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O petróleo e a agressão ao meio ambiente


A utilização do petróleo traz grandes riscos para o meio ambiente desde o processo de extração, transporte, refino, até o consumo, com a produção de gases que poluem a atmosfera. Os piores danos acontecem durante o transporte de combustível, com vazamentos em grande escala de oleodutos e navios petroleiros.

No Brasil, os piores acidentes aconteceram em oleodutos da Petrobras, na Baía de Guanabara e no Paraná. Para enfrentar os riscos ambientais a Petrobras criou o Programa Pégaso e várias universidades brasileiras desenvolvem pesquisas para criar formas eficientes para a limpeza de áreas degradadas.

O mais recente vazamento de petróleo com graves conseqüências ambientais aconteceu no final de novembro, com o afundamento de um petroleiro na costa da Espanha que transportava 77 mil toneladas de óleo combustível. O acidente pode se tornar uma das maiores catástrofes ambientais da história causadas por vazamento de óleo. O navio Prestige, das Bahamas, afundou no dia 19 de novembro a 250 quilômetros da região da Galícia. O vazamento de óleo já atingiu as praias e as encostas da Espanha. Segundo as organizações ambientais, entre 10 a 15 mil pássaros foram afetados.

Em termos de catástrofe ambiental, um dos maiores acidentes aconteceu com o petroleiro Exxon-Valdez em 1989, quando o vazamento destruiu parte da fauna da costa do Alasca.

Para o Greenpeace, o uso de combustíveis fósseis não renováveis sempre oferecerá riscos para a natureza, como afirma John Butcher, da Campanha de Substâncias Tóxicas do Greenpeace brasileiro. "O problema é muito maior, a questão para evitar acidentes não se resume à manutenção e fiscalização. Sempre haverá um risco contínuo com esses tanques enormes. O problema é a matriz energética e o Greenpeace defende a substituição e a eliminação gradual dos combustíveis fósseis por fontes renováveis alternativas como a energia eólica, solar e a energia das marés", diz Butcher.

Para minimizar os efeitos dos acidentes e vazamentos, existem várias iniciativas governamentais no Brasil. A principal delas é a Recupetro (Rede Cooperativa em Recuperação de Áreas Contaminadas por Atividades Petrolíferas). Com a coordenação do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Recupetro reúne 13 Redes Cooperativas de Pesquisa do Setor de Petróleo e Gás Natural nas Regiões Norte e Nordeste financiadas pelo CT-Petro (veja texto), CNPq e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Ao todo, são 226 pesquisadores e cerca de 2,2 mil participantes indiretos, a maioria atuando em universidades federais. A Recupetro começou a se formar após o edital da Finep, em julho de 2001, convocando grupos para a formação da rede. Os trabalhos de pesquisa começaram em setembro.

O objetivo é contribuir com avanços tecnológicos para auxiliar nos impactos ambientais causados pela atividade da indústria petrolífera. Além disso, a rede se propõe a realizar a formação e capacitação de recursos humanos especializados para gerenciar os problemas do meio ambiente causados pelas atividades de exploração, produção, refino e transporte de petróleo e seus derivados nas regiões do país onde acontecem estas atividades.

A rede formada nas regiões Norte e Nordeste é oportuna, porque essas são regiões grandes produtoras de petróleo e onde ocorrem desastres ecológicos com certa freqüência. O coordenador da rede é o professor Antônio Fernando Queiroz da UFBA. "Na Bahia, há vários derramamentos de óleo nas regiões de produção de petróleo, como em São Francisco do Conde", afirma Queiroz. Ele diz que cada um dos grupos desenvolve trabalhos específicos, como por exemplo, pesquisas com microorganismos para a limpeza de óleo despejado na natureza.

Um dos grupos que fazem parte da Recupetro é a Universidade Federal do Ceará (UFC), através do Padetec (Parque de Desenvolvimento Tecnológico). O pesquisador Afrânio Craveiro, do Padetec, coordena os estudos sobre polímeros naturais, de quintina e quintosana, para a remoção de óleo do mar. O projeto ainda está na fase laboratorial e consiste em produzir fibras de carapaça de crustáceo para a absorção do petróleo despejado no meio ambiente.

Quanto às possibilidades desse método ser usado em grandes acidentes como o da Espanha, Afrânio Craveiro diz que, "sem dúvida, este é um caso aplicável, mas no momento ainda não temos a produção de matéria prima, estamos em uma fase piloto, que depois poderá ser produzida em escala industrial".

A próxima etapa do projeto é produzir microorganismos para digerir o óleo absorvido pelas fibras. Ele fica imobilizado nas fibras e não se espalha no meio ambiente. Essa outra parte da pesquisa está sendo desenvolvida na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com a coordenação da pesquisadora Maria do Carmo de Barros Pimentel.

Petrobras
No Brasil, os dois últimos graves acidentes em oleodutos da Petrobras aconteceram no ano de 2000 e causaram grandes vazamentos na Baía da Guanabara e na Paraná. Naquele mesmo ano, a Petrobras criou o Programa de Excelência em Gestão Ambiental e Segurança Ocupacional (Pégaso). O programa é formado por dez grupos de gerência, 80 especialistas de todos os escalões da empresa. Segundo a Petrobras, o Pégaso já investiu R$ 2,3 bilhão e a previsão é um total de investimento no valor de R$ 3,2 bilhões até 2003.

O programa engloba cerca de três mil projetos em todos as unidades da empresa. As atividades acontecem desde a revisão de sistemas, construção e ampliação de instalações, até a automação de todos os dutos da companhia. Também foram criados nove Centros de Defesa Ambiental (CDA) nas principais áreas de atuação, em vários estados do país, para o aprimoramento dos sistemas de redução de resíduos e emissão de poluentes na atmosfera.

Os CDAs ficam em alerta 24 horas, com equipamentos de segurança, barcos, balsas recolhedoras de óleo, dispersantes químicos, agentes biorremediadores e grandes extensões de barreiras de contenção e absorção. A Petrobras mantém à disposição um helicóptero com sensores infravermelhos para a detecção de hidrocarbonetos na água e uma embarcação, na Baía de Guanabara, especializada em controle de vazamentos, com capacidade para recolher até 200 mil litros de óleo por hora.

Para evitar a repetição dos últimos acidentes ambientais nos oleodutos, esse programa inclui a revisão, substituição de peças e automação. Segundo a Petrobras, cerca de 70% dos dutos da empresa já estão com supervisão automatizada e a meta é chegar a 100% até o final de 2002. O trabalho de monitoramentos dos oleodutos envolve também a avaliação das condições geotécnicas das faixas de terra por onde passam os dutos, que podem ser afetados por condições climáticas como chuva, erosão e marés.

(GP)

 
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Atualizado em 10/12/2002
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