Bacia sedimentar do Amazonas é a terceira
em produção de petróleo
Cerca de uma dezena de bacias sedimentares estão situadas
na Amazônia Legal Brasileira, perfazendo quase 2/3 dessa área
territorial. Três delas - bacias do Solimões, Amazonas
e Paranaíba - são as mais importantes, não
só pelo tamanho (juntas ocupam aproximadamente 1,5 milhão
de Km²), mas principalmente pelo seu potencial. A bacia do
Solimões é a terceira bacia sedimentar em produção
de óleo no Brasil, com uma reserva de 132 milhões
de barris de petróleo. No entanto, a principal vocação
da Amazônia é o gás natural. O estado do Amazonas
tem a segunda maior reserva brasileira de gás natural do
país, com um total de 44,5 bilhões de metros cúbicos.
Nas outras duas bacias também têm sido encontradas
acumulações de gás.
As primeiras descobertas de petróleo na Amazônia ocorreram
em 1954, quando a Petrobras encontrou quantidades não comerciais
nas cidades de Nova Olinda, Autás Mirim e Maués, no
estado do Amazonas. Nos primórdios da Petrobras, as pesquisas
foram direcionadas para a bacia do Amazonas, em detrimento da bacia
do Solimões. Só em 1976 foi feito o primeiro levantamento
de sísmica de reflexão na bacia do Solimões.
A partir de 1978, ano da descoberta da província gaseífera
do Juruá, a pesquisa de petróleo na bacia do Solimões
foi intensificada.
Em outubro de 1986, o sonho de prospecção petrolífera
na Amazônia tornou-se realidade com a descoberta da província
do Urucu, a 600 km de Manaus. Dois anos depois, o óleo já
estava sendo escoado por balsas, através do rio Solimões,
até a Refinaria Isaac Sabbá (UN-Reman), na capital
do estado. Em 1998 teve início a operação do
poliduto, com 285 Km de extensão, entre Urucu e Coari, cidade
mais próxima da base petrolífera.
Divulgação |
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Vista
aérea da Refinaria Isaac Sabá
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A produção de petróleo no Amazonas, em outubro
de 2002, de acordo com a Unidade de Negócios da Bacia do
Solimões (UN-BSOL), foi de 58.074 barris de óleo por
dia, o que representa 3,8% da produção do país
(1.524.953 barris/dia) no mesmo período. O petróleo
de Urucu é considerado o de melhor qualidade no país
e dele são produzidos, principalmente, derivados mais nobres
(de alto valor agregado) como diesel e nafta.
A região Amazônica já é auto-suficiente
em petróleo e parte de sua produção é
exportada para outras refinarias da Petrobras, localizadas em diferentes
regiões do país.
Cerca de 92% da capacidade da UN-Reman é ocupada pelo petróleo
de Urucu. O gerente de Otimização de Processos da
Reman, José Augusto Carrinho Antônio, explica que esse
petróleo tem características especiais, pois é
extremamente leve e por isso não produz asfalto, sendo necessário,
portanto, importar petróleo mais pesado da Venezuela. Os
8% restantes da capacidade da refinaria são ocupados pelo
petróleo importado, de nome Leona, com o único objetivo
de produzir o asfalto necessário para o abastecimento do
mercado regional.
Divulgação |
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Unidade
de Processamento de gás natural (UPGN) vista à
noite
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Segundo Carrinho, atualmente estão sendo realizados estudos
para a substituição desse petróleo importado
por um produto similar produzido na bacia de Campos, no Rio de Janeiro.
Caso os estudos apontem para a viabilidade da substituição,
a UN-Reman passará a refinar unicamente petróleo de
origem nacional. Sua capacidade de refino é de 49 mil barris
de petróleo por dia, o equivalente a cerca de 2,5% da capacidade
de refino instalada no Brasil.
Mantidos os níveis de produção atuais, o gerente
de Ativo de Produção da UN-BSOL, Mauro Mendes, estima
que se possa explorar o petróleo na região, no mínimo,
por mais oito anos. "Há que se considerar, entretanto,
a real possibilidade de incorporação de novas reservas
(leia também artigo de Newton Pereira),
fruto dos investimentos que a Petrobras continua fazendo na região",
destaca.
Dificuldades para a pesquisa
A exploração de petróleo na Amazônia,
como também a atividade de produção, é
mais difícil que em outras áreas terrestres do Brasil.
O professor João Carlos Ribeiro da Cruz, do departamento
de Geofísica da Universidade Federal do Pará (UFPA),
afirma que as dificuldades operacionais estão relacionadas
à localização das bacias, especialmente as
do Solimões e Amazonas. Elas estão situadas em áreas
remotas e florestadas, de difícil acesso, com muitas reservas
indígenas e florestais, o que causa restrições
operacionais e legais.
Em termos geológicos, essas bacias, classificadas como intracratônicas
ou paleozóicas, são muito antigas. Suas idades são
variadas, estendendo-se desde o período Ordoviciano, que
integra a era Paleozóica, com 490 milhões de anos.
Por serem antigas, essas bacias contêm rochas muito duras,
o que aumenta o tempo e o custo de perfuração de poços.
O estudo geofísico é prejudicado pela alta velocidade
das ondas nessas rochas antigas e pela presença de rochas
vulcânicas intercaladas nelas, o que reduz a qualidade sísmica
e cria falsas estruturas geológicas. Sob o ponto de vista
geofísico, o mapeamento das rochas-reservatório nas
seções sísmicas é difícil devido
a má qualidade da resposta sísmica a complexidade
geológica da área.
Por causa do soterramento de material orgânico, as bacias
sedimentares são associadas à presença de combustíveis
fósseis, principalmente petróleo e gás natural.
"Como estão situadas distantes dos grandes centros consumidores,
são pouco atrativas aos investidores devido às dificuldades
de transportar gás por longas distâncias. Precisam,
portanto, de uma regulação específica, com
redução de taxações, para compensar
os riscos exploratórios e os custos operacionais elevados,
e atrair novos investimentos", diz o geólogo.
A exploração de petróleo na Amazônia,
segundo Cruz, não está limitada por falta de pesquisa.
A Petrobras, como ressalta, vem desenvolvendo internamente projetos
sobre as bacias do Solimões e Amazonas, envolvendo modelagem
termomecânica, sistemas petrolíferos, diagênese
(transformação pela qual sedimentos incoerentes se
tornam sedimentos consolidados) de reservatórios e imageamento
das rochas magmáticas. A UFPA, em parceria com a Petrobras
e, em alguns casos, com outras companhias de petróleo, também
vem desenvolvendo estudos nesse sentido, visando aumentar o conhecimento
sobre essas antigas e vastas áreas sedimentares. "O
problema não é falta de pesquisa. A exploração
está limitada pela falta de atratividade e de incentivos.
É preciso elaborar estudos de viabilidade econômica
para projetos que visem definir o real potencial da Amazônia
e a melhor maneira de viabilizar o aproveitamento do gás
amazônico, buscando-se alternativas de transporte e mercados
potenciais", ressalta o pesquisador.
Preocupação ambiental e social
No ano de 2000 foi instalado o Centro de Defesa Ambiental da Amazônia
(CDA-AM), uma central de logística preparada para responder
de forma rápida e eficaz a qualquer emergência nos
rios amazônicos, atuando na contenção e redução
de riscos ambientais no caso de vazamentos de petróleo. Até
2005, a UN-Reman pretende investir mais de R$ 50 milhões
em projetos para aumento da segurança operacional e gestão
ambiental, incluindo patrocínios institucionais para a preservação
de animais silvestres. A exemplo do que já é feito
no projeto do Sauim de Coleira, primata que vive nas matas próximas
a Manaus e que corre o risco de extinção. Essas atividades
estão sendo desenvolvidas no âmbito do programa nacional
implantado pela Petrobras, denominado Programa de Excelência
em Gestão Ambiental e Segurança Operacional (leia
matéria sobre a relação
da produção do petróleo e os impactos no meio
ambiente).
A UN-Reman também vem desenvolvendo ações
para minimizar os impactos ao meio ambiente na sua área de
localização, em Manaus. A refinaria conta com um sistema
de tratamento de efluentes líquidos que garante a qualidade
da água devolvida ao rio Negro. O mesmo cuidado é
mantido em relação aos resíduos sólidos
oriundos do processo de refino. Para isso foi implantado um sistema
de coleta seletiva de lixo e um centro de tratamento de resíduos.
Após tratados, os resíduos são dispostos de
forma seletiva para evitar riscos ao meio ambiente.
A Petrobras, por meio da UN-BSOL, foi a primeira empresa de petróleo
do mundo a ser certificada simultaneamente nas gestões ambiental,
com a ISO 14001, e de saúde e segurança no trabalho,
com a BS 8800. Na opinião do gerente de Ativo de Produção
da UN-BSOL, isso comprova sua excelência nessas duas áreas
e o compromisso de contribuir para o desenvolvimento sustentável
da região.
Atualmente, a UN-BSOL é certificada pelas normas ISO 9002
(que trata da qualidade de produtos e serviços), ISO 14001
e OHSAS 18001, em substituição à BS 8800. A
UN-Reman foi a primeira refinaria da Petrobras a obter as certificações
nessas três normas que formam um único sistema de gestão.
A preocupação da UN-BSOL com o meio ambiente também
pode ser constatada em outras ações da companhia no
trabalho de recuperação da vegetação
nas áreas de exploração de petróleo
em Urucu, realização de campanhas internas e junto
às comunidades para a conscientização da questão
ambiental e a reciclagem de resíduos orgânicos, sucata
e papel. O dinheiro arrecadado com a venda dos materiais reciclados
é revertido para atividades filantrópicas da empresa.
As ações ambientais da Petrobras na Amazônia
são acompanhadas, por meio de convênios, por entidades
de pesquisa e preservação do meio ambiente e órgãos
governamentais da região, tais como Instituto de Proteção
Ambiental da Amazônia (Ipaam), Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa), Universidade Federal do Amazonas (UFAM),
Universidade Tecnológica do Amazonas (Utam) e prefeituras
municipais.
A UN-Reman também desenvolve projetos sociais, educativos,
culturais e de treinamento profissional junto às comunidades
próximas às suas instalações. Entre
as atividades, o gerente de Otimização de Processos
da Refinaria destaca o Programa de Criança, que atende
cerca de 150 meninos e meninas moradores de bairros carentes de
Manaus. As crianças participam de práticas esportivas,
incentivo ao canto com a formação do coral "Plantando
o Futuro" e reforço à merenda escolar.
A preocupação com a responsabilidade social destaca-se
nas atividades de capacitação profissional realizadas
em parceira com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(Senai), em que são oferecidos cursos profissionalizantes
à população de Manaus. Em parceria com a Associação
dos Deficientes Físicos do Amazonas (Adefa), a UN-Reman vem
contratando portadores de deficiência física. Atualmente,
14 portadores de deficiência física prestam serviços
na Refinaria. O programa Pequeno Trabalhador abre espaço
para que jovens de 16 a 18 anos de idade tenham oportunidade de
realizar um aprendizado prático em tarefas administrativas
e com isso possam posteriormente competir no mercado de trabalho.
(LC)
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