Editorial:

As cidades e os muros
Carlos Vogt

Reportagens:
Prós e contras da revitalização urbana
Enfim o Estatuto da Cidade
Programa Habitat procura desenvolver a qualidade de vida nas cidades
Ocupações revelam déficit habitacional
Fórum Social propõe uma outra cidade possível
Novas metrópoles, velhos problemas
Conflitos entre centro e periferia
Qualidade das águas é cada vez pior
Lixo é problema ambiental com agravantes sociais
Transporte em São Paulo: conflitos e soluções
Poluição sonora piora ambiente urbano
Preservação ambiental: destino alternativo para o litoral sul de São Paulo?
Cidade tenta unir tecnologia com inclusão social
Educação para uma nova cidade
Brasília contrastes de uma cidade planejada
Vilas significaram distância entre patrões e operários
Artigos:
Dimensões da tragédia urbana
Ermínia Maricato

Aprovação do Estatuto da Cidade
Geraldo Moura

O passado nas cidades do futuro
Cristina Meneguello
"As cidades nos países subdesenvolvidos" em um mundo globalizado
Tatiana Schor
Cidades e seus fragmentos
Rogério Lima
Cidade, língua, escolae a violência dos sentidos
Cláudia Pfeiffer
A cidade como objeto de estudo
Maria Josefina Gabriel Sant'Anna
Poema:
Manual do novo peregrino
Carlos Vogt
 
Bibliografia
Créditos

 

 

Poluição sonora piora o ambiente urbano

Todo ruído que causa incômodo pode ser considerado poluição sonora. A noção do que é barulho pode variar de pessoa para pessoa, mas o organismo tem limites físicos para suportá-lo. Barulho em excesso pode provocar surdez e desencadear outras doenças, como pressão alta, disfunções do aparelho digestivo e insônia. Distúrbios psicológicos também podem ter origem no excesso de ruído.

As cidades brasileiras têm o respaldo de leis federais para impedir a poluição sonora mas preferem o progresso à saúde de seus habitantes. O progresso implica no aumento da produção do ruído: os principais vilões da poluição sonora em cidades são o tráfego e a construção civil. O aumento do número de carros e de construções está ligado ao crescimento das populações urbanas, que precisam de transporte e habitação. A instalação de comércio e indústria em áreas antes estritamente residenciais aumenta a incidência do problema.

"Na cidade de São Paulo há vários exemplos, como a desvalorização dos imóveis da área em que o Minhocão foi construído e, mais recentemente, o aumento do ruído em prédios comerciais que adotaram geradores de energia para fugir do racionamento", explica o técnico Nivaldo dos Santos, do Laboratório de Acústica do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, IPT. Santos lembra que a cidade foi pioneira na criação de leis de regulamentação da poluição sonora: em 1976 a prefeitura municipal contratou os serviços do instituto para realizar medições do ruído em diversos pontos espalhados pela cidade.

A informação foi usada para elaborar a primeira lei de regulamentação da poluição sonora. A norma perdeu sua utilidade com a mudança do zoneamento da cidade e, hoje, a fiscalização está a cargo do Programa de Silêncio Urbano (Psiu) , que se preocupa apenas com casas noturnas. "Em ruas e avenidas os produtores de ruído são móveis: caminhões, carros, por isso não há como autuá-los", diz Santos. No caso de comércios e indústrias a população pode acionar a fiscalização da prefeitura, que pede ao IPT a medição do ruído produzido e a correção acústica do projeto, sob ameaça de multas.

Residências

Como fazer para proteger sua casa do barulho das ruas? Para os especialistas, a melhor proteção é a prevenção. Engenheiros conseguem calcular o nível de ruído ainda na planta e escolher o material mais adequado para o isolamento acústico ideal. No caso de prédios comerciais e industriais é necessário apresentar um projeto acústico para que a obra seja aprovada. O mesmo não é exigido na construção de prédios residenciais. Ainda não existe no Brasil um parâmetro oficial para controle dos níveis de isolamento nas residência. As leis sobre a emissão de ruídos, que se baseiam nas normas da ABNT, não são aplicáveis aos níveis de isolamento residencial. Assim o consumidor tem mais dificuldades de exigir que seu imóvel seja bem isolado acusticamente e o proteja do barulho que reina do lado de fora.

Na cidade de Curitiba a poluição sonora é controlada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que atende reclamações de moradores e fiscaliza os locais críticos na cidade. Um estudo feito pelo professor Paulo Henrique Trombetta Zannin, do Laboratório de Acústica Ambiental do Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná, comparou os níveis de ruído na cidade em 2000 e 1992 e constatou que ele diminuiu 9.4%, graças a fiscalização do trânsito. Com a instalação de radares e redução do limite de velocidade nas áreas centrais e residenciais o barulho caiu para menos de 65 decibéis. "Nos países de terceiro mundo não há uma política de prevenção da poluição sonora. Mesmo em uma cidade como Curitiba, considerada um exemplo de urbanização", explica Zannin. A pesquisa de seu grupo avaliou um aspecto pouco explorado por estudiosos: a opinião da população. Sua equipe entrevistou a população e descobriu que os habitantes da cidade sentem que o barulho causa dores de cabeça, insônia e irritação, entre outros sintomas. Apesar do número de locais que ultrapassam os limites de ruído permitidos ter caído de 93.4% para 80.6% em 2000, comparado com 1992, as pessoas acreditam que o nível de ruído no local onde vivem aumentou nos últimos cinco anos e citam como causas o barulho dos vizinhos e o tráfego.

O Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos Estados Unidos recomenda para as áreas residenciais as seguintes medidas
Até 49dB
Claramente aceitável
O ruído de uma sala de estar chega a 40 dB
de 50dB a 62dB
Normalmente aceitável
Um grupo de amigos conversando em tom normal chega a 55dB
de 63dB a 76dB
Normalmente inaceitável
O ruído de um escritório chega a quase 64dB
acima de 76dB
Claramente inaceitável
Um caminhão pesado trafegando chega a 74dB, o tráfego de uma avenida de grande movimento pode chegar aos 85dB

(AB)

 

 

 

Atualizado em 10/03/2002

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