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             Da 
              ECO-92 à RIO+10 
             
              A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
              a ECO 92, resultou em uma série de convenções, acordos e protocolos. 
              Alguns dos quais não foram efetivados pelos países signatários, 
              como o Protocolo de Kyoto - destinado a redução da emissão de gases- 
              e outros ratificados como o da Convenção sobre Diversidade Biológica 
              (CDB). Dos 175 países que assinaram a CDB, em 1992, no Rio de Janeiro, 
              168 confirmaram a disposição de respeitá-la, incluindo o Brasil. 
             
              A CDB parte do pressuposto de que a biodiversidade deve ser uma 
              preocupação comum da humanidade. A convenção estabelece objetivos 
              a serem atingidos pelas partes, devendo cada país determinar como 
              implantá-la para proteger e usar a sua biodiversidade. O alcance 
              da CDB vai além da conservação e utilização sustentável da diversidade 
              biológica. Ela objetiva, também, a repartição justa e eqüitativa 
              dos benefícios gerados pelo seu uso. 
             
              Na opinião do coordenador geral de meio ambiente do Ministério da 
              Ciência e Tecnologia, Luis Carlos Joels, o terceiro pilar é o grande 
              desafio. "Gerar conhecimento para a utilização sustentável e a conservação 
              é algo que se vem trabalhando há algum tempo, embora não de maneira 
              ideal, mas a distribuição dos benefícios ainda é uma novidade entre 
              nós", afirmou.  
            Nesses 
              quase 10 anos várias ações têm sido desenvolvidas para se atender 
              a CDB e conhecer melhor a biodiversidade, entre elas o fortalecimento 
              de institutos de pesquisas. O período pode parecer longo, mas ainda 
              não foi suficiente para conhecer toda diversidade brasileira. Não 
              é para menos, o Brasil é o considerado o país da "megadiversidade", 
              por concentrar 20% das espécies conhecidas no mundo. 
             
              O caminho para aumentar o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira 
              tem sido a elaboração de inventários. A partir desses resultados 
              será possível atingir os objetivos do CDB. Será uma cadeia natural: 
              com maior conhecimento da biodiversidade se terá mais condições 
              de planejar o seu uso sustentável. O grande problema no Brasil ainda 
              é a falta de pessoal capacitado, o que exige maior investimento 
              em recursos humanos. 
             
              A CDB, em seu sexto artigo, recomenda às partes a criação de programas 
              nacionais para o uso sustentável da diversidade biológica. E isso 
              o Brasil tem feito paulatinamente após a ECO 92. Os ministérios 
              do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia criaram diversos programas 
              e projetos, tais como Programa Nacional de Conservação da Diversidade 
              Biológica, o Projeto de Conservação da Biodiversidade e Projeto 
              de Estratégia Nacional de Biodiversidade. Para a coordenadora de 
              Biodiversidade do Instituto Sócio-Ambiental (www.socioambiental.org.br), 
              Nurit Bensusan, os relatórios e os programas são uma conseqüência 
              positiva da Convenção. 
              "Dificilmente teríamos todos esses resultados. Por outro lado, ainda 
              é necessário o engajamento de toda a sociedade", disse. Os dez primeiros 
              anos, segundo ela, foram importantes para a elaboração de uma série 
              de regras e agora o momento é de implementação da Convenção. 
             
              Um dos principais documentos da ECO 92, assinado por 176 países, 
              representando o consenso internacional para iniciar a implantação 
              do desenvolvimento sustentável, foi a Agenda 21. Alguns países como 
              China, Inglaterra, Estados Unidos, Bolívia e Holanda já terminaram 
              de elaborar suas agendas. Outros como a Índia e México estão em 
              processo de elaboração. O Brasil criou a Comissão de Políticas de 
              Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 Nacional que selecionou 
              seis áreas temáticas que refletem a problemática sócio-ambiental 
              do país: Infra-estrutura e Integração Regional; Cidades Sustentáveis; 
              Agricultura Sustentável; Gestão de Recursos Naturais; Redução das 
              Desigualdades Sociais; C & T e Desenvolvimento Sustentável. 
             
              Protocolo de Kyoto  
              Na ECO 92, 181 governos participaram da Convenção sobre Mudanças 
              Climáticas. Concluíram ser necessária a redução da emissão de gases 
              poluentes na atmosfera que contribuem para aumentar o efeito estufa. 
              Como na época os limites não foram estabelecidos foi marcada uma 
              nova reunião, em 1997, em Kyoto (Japão). O resultado foi o protocolo 
              assinado por 84 países, que atualmente conta com 31 ratificações. 
              No protocolo de Kyoto foi estabelecido o compromisso dos países 
              desenvolvidos de reduzir em 5% suas emissões até o período de 2008-2010, 
              tomando por base o ano de 1990. 
             
              O Brasil está aguardando a conclusão da regulamentação do Protocolo 
              de Kyoto para fazer a sua ratificação. O documento da regulamentação 
              deverá ser apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças 
              Climáticas, a ser realizada entre 16 a 26 de julho de 2002, em Bonn 
              (Alemanha). "Se é que vai sair algum acordo em Bonn", comentou o 
              coordenador da convenção no MCT, José Miguez. 
             
              As desavenças provocadas pelos Estados Unidos ainda não foram superadas. 
              Oficialmente, os EUA só definirão sua posição na reunião do próximo 
              ano, mas as declarações do presidente George Bush levam a crer que 
              o país não ratificará sua participação na convenção. Bush já declarou 
              que não aceitará limitações na emissão de carbono, por não ser contaminante 
              para poluição local. Antes mesmo do Protocolo de Kyoto, o Senado 
              americano aprovou por unanimidade uma resolução que provocou o início 
              do impasse, e que estabelece que os países em desenvolvimento (China, 
              Índia, Brasil, Coréia do Sul e México) sejam submetidos às mesmas 
              limitações que os Estados Unidos. 
             
              Alguns itens do Protocolo de Kyoto já se tornaram consenso após 
              a flexibilidade das nações. A constituição de um Fundo de Desenvolvimento 
              Limpo - em que a contribuição dos países desenvolvidos seria usada 
              nos países de Terceiro Mundo como forma de cumprir as obrigações 
              de redução nas emissões (proposta inicial do Brasil) - se transformou 
              no artigo 12, que ainda depende de regulamentação de mecanismos 
              de controle. 
             
              RIO+10: 
              A Reunião Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável  
              Governos de todo mundo, agências das Nações Unidas, instituições 
              financeiras e outros atores estarão reunidos de 2-11 de setembro 
              de 2002 em Johannesburg, África do Sul, com o objetivo de avaliar 
              mudanças ocorridas nos dez anos passados desde a reunião do Rio 
              de Janeiro, quando se reconheceu internacionalmente que a proteção 
              do meio ambiente e o manejo dos recursos naturais precisam ser integrados 
              com assuntos socioeconômicos como pobreza e subdesenvolvimento. 
             
              Uma significativa conseqüência da ECO 92 foi a criação da Comissão 
              Sobre Desenvolvimento Sustentável, em dezembro de 1992, para assegurar 
              efetivo acompanhamento da ECO 92 e monitorar a implementação dos 
              acordos aprovados. Foi ela que preparou o documento Programa para 
              Facilitar a Implementação da Agenda 21 , aprovado em encontro mundial 
              ocorrido em junho de 1997 (Rio+5). Por designação da Assembléia 
              Geral da ONU, em dezembro de 2000, a comissão tornou-se o ponto 
              central da organização da Rio+10. 
             
              O Fórum de Ministros 
              do Meio Ambiente da América Latina e Caribe  organizado dentro 
              do Programa das Nações Unidas 
              para o Meio Ambiente (PNUMA), estará reunido em outubro de 2001 
              no Rio de Janeiro, quando o Brasil assume a presidência do Fórum 
              e a sua Secretaria Executiva, sucedendo a Barbados. Na reunião "serão 
              discutidas políticas de meio ambiente e selecionados os temas prioritários 
              para serem levados ao Rio+10", segundo o pesquisador do Ibama, João 
              Câmara. O Brasil apresentará no fórum os temas: Biodiversidade, 
              Florestas, Recursos Hídricos e Mudanças Climáticas. 
             
              Paralelamente, o Brasil através do Ibama como centro colaborador 
              está empenhado em preparar documentos referentes ao Global 
              Environment Outlook (GEO) que busca estabelecer Relatório das 
              Perspectivas sobre o Meio Ambiente Mundial. Dois relatórios GEO 
              referentes à América Latina e Caribe, foram publicados em 1997 e 
              1999, estando em fase de elaboração o GEO 3, denominado GEO 2000. 
             
              "O relatório brasileiro dentro desse programa - o GEO 
              Brasil - enfocando entre outros temas a biodiversidade, deverá 
              estar concluído em abril de 2002, usando pela primeira vez metodologia 
              mundial para seu preparo e também será a contribuição do Brasil 
              para a Rio+10", afirmou o Coordenador Geral do GEO Brasil, João 
              Câmara, do Ibama. 
            Neste 
              programa GEO, faz-se a análise da situação do meio ambiente desde 
              a reunião de Estocolmo, 1972 até Rio+10 e projeta-se um cenário 
              futuro para o ano de 2032". 
             
              Na Reunião Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, Johannesburg 
              2002, objetiva-se responder principalmente às questões: o que tem 
              sido executado desde 1992?; o que os países participantes tem feito 
              para implementar a Agenda 21?; se foram adotadas as estratégias 
              do Desenvolvimento Nacional Sustentado, e ratificadas as convenções 
              que objetivavam prevenir a perda da biodiversidade ou assegurar 
              os direitos das mulheres como concordaram em 1992?; que correções 
              são necessárias para se atingir os objetivos?; onde os esforços 
              deverão ser concentrados? 
             
              A reunião Rio+10 não abrirá a Agenda 21 para revisão, mas procurará 
              consenso sobre a avaliação das condições correntes, e sobre as prioridades 
              para ação em novas áreas ou assuntos. Decisões que objetivarão fortalecer 
              o compromisso de todas as partes.  
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