Transgênicos:
oportunidades e desafios
João
Paulo Feijão Teixeira
"A
junção de genes é um meio de intervir
na Natureza e de interpretá-la, de mudar o mundo e
de compreendê-lo".
Nicholas Wade, O Experimento Final, 1977 |
Demanda
por alimentos
A
população mundial cresce, de acordo com algumas projeções,
a um ritmo de 90 milhões de pessoas/ano. Estima-se que em
2020, a população atinja oito bilhões de habitantes.
Nos países em desenvolvimento estarão aproximadamente
sete bilhões de pessoas.
Atualmente, 15% da população do mundo em desenvolvimento,
aproximadamente 800 milhões de pessoas, não têm
comida suficiente para suas necessidades, por causa da pobreza e
do desemprego. A falta de alimentos tem como conseqüência
a morte de quase seis milhões de crianças com menos
de cinco anos em países em desenvolvimento (UNICEF,
1998). Somam-se à falta de alimentos, as deficiências
em micronutrientes, iodo e ferro, e vitamina A . A produção
de alimentos, para acompanhar o aumento da demanda terá que
ser equacionada em um contexto de escassez de fatores de produção
(solo e água), sem agravar os efeitos ao meio ambiente decorrentes
do crescimento de áreas para agricultura. Mudanças
nos padrões do clima global e alterações no
uso da terra ampliarão os problemas regionais de produção.
Aumentar a produção, entretanto, é somente
uma parte da equação. O aumento da renda e efetiva
distribuição dos estoques de alimentos, especialmente
em áreas de grande desigualdade social, são tão
ou mais importantes. Alguns desses avanços virão de
tecnologias que nada tem a ver com a transformação
de plantas, porém outras virão das vantagens oferecidas
pelas tecnologias que criam organismos geneticamente modificados
(OGMs), os chamados transgênicos.
A biotecnologia
surge, potencialmente, como um importante fator que permite ganhos
de produtividade e aumento de oferta de alimentos, ao mesmo tempo
em que pode reduzir o ritmo de exploração de novas
áreas agricultáveis, gerando com isto externalidades
positivas para o meio ambiente e a sociedade como um todo.
Contudo,
se de um lado a nova tecnologia, a engenharia genética, pode
permitir o desenvolvimento de técnicas de menor impacto ambiental
e menor uso de defensivos com base química, impera, por outro
lado, grande desinformação a respeito dos possíveis
impactos da engenharia genética sobre os atributos de qualidade
do produto final para uso humano.
OGMs,
uma nova revolução biológica
A
potencialidade do uso de OGMs logo despertou apreensão. Novos
organismos, danos à saúde humana, ao meio ambiente?
Usos práticos indesejáveis? Malignos? Bem intencionados,
mas, socialmente perniciosos?
Na realidade o que se tem é algo comparável à
domesticação de plantas e animais, a outra revolução
biológica na história do homem. Desse primórdio
decorreram cerca de sete mil anos de civilização urbana.
Contudo o homem neolítico, como criador de animais e plantas
desde então, não criou novas espécies: ele
apenas selecionou e reforçou por cruzamentos as características
que desejava entre aquelas que já existiam no potencial genético
natural de uma espécie.
A domesticação das plantas para uso na agricultura
foi um processo longo com profundas conseqüências na
evolução de muitas espécies. Um dos resultados
mais valiosos foi a criação de uma diversidade de
plantas úteis aos seres humanos. As plantas silvestres que
deram origem às plantas cultivadas, estavam adaptadas a vida
na natureza e, tiveram que ser modificadas geneticamente, para se
adaptar ao cultivo pelo homem. Tais plantas apresentavam freqüentemente
toxinas e outros componentes adversos para a alimentação
humana e animal, que por seleção foram eliminadas.
Utilizando-se esse estoque de variabilidade genética, através
da seleção e cruzamentos, produziram-se muitas variedades
utilizadas em todo o mundo. Este trabalho, feito em grande parte
por instituições apoiadas pelo setor público,
resultou nas atuais safras de alto rendimento.
Graças ao desenvolvimento da genética, no século
XX, as plantas foram geneticamente modificadas com muito maior eficiência
e controle. Essas modificações foram efetuadas pelos
métodos hoje chamados de convencionais, que empregam essencialmente
a reprodução sexual e seleção. Através
do melhoramento convencional obteve-se aumentos significativos da
produção de alimentos para atender o aumento populacional.
Um
bom exemplo dessa tecnologia foi a introdução de genes
"anão" no arroz e no trigo que junto com a aplicação
de fertilizantes, na Revolução Verde, aumentaram de
forma dramática o rendimento de safras de alimentos tradicionais.
Apesar dos sucessos do passado, a taxa de aumento das colheitas
tem decrescido. O aumento da colheita, que na década de 70
era de aproximadamente 3%, declinou na década de 90 para
aproximadamente 1% por ano, em especial nos países desenvolvidos.
Ainda persistem fortes perdas de colheitas devido a influências
bióticas (pragas e doenças) e abióticas (salinidade
e deficiência hídrica). A diversidade genética
de algumas plantas também decresceu e existem espécies
sem as correspondentes silvestres, fontes naturais de genes de resistência.
Diminuíram as opções disponíveis para
enfrentar problemas através das técnicas tradicionais
de cruzamento de espécies, apesar de que, sem dúvida,
essas técnicas continuarão a ser fundamentais no futuro.
Esse cenário diz por si da importância dos OGMs.
À semelhança do homem neolítico, entretanto,
os cientistas modernos tampouco podem planejar inteiramente novos
genes. O que a nova técnica de obtenção de
transgênicos possibilita, de fato, é a transferência
de genes de uma para outra espécie sem levar em conta as
barreiras reprodutivas que a natureza construiu entre elas para
isolar cada espécie. Portanto, teoricamente todo o pool genético
do planeta, o produto de três bilhões de anos de evolução,
está à nossa disposição.
As plantas transgênicas, com características importantes
como a resistência a pragas são necessárias
onde não existe resistência inerente em espécies
locais. Há pesquisa avançada no desenvolvimento de
resistência contra doenças causadas por vírus,
bactérias e fungos; modificações na arquitetura
da planta (altura) e desenvolvimento (florescimento rápido
ou tardio, ou produção das sementes); tolerância
a pressões abióticas (salinidade e seca); produção
de produtos químicos industriais (recursos renováveis
baseados em plantas); o uso de biomassa de plantas transgênicas
para combustível, dependência decrescente em inseticidas
químicos, correção de deficiências do
solo.
Cenário
mundial de OGMs
Sem
se preocupar com riscos e aceitação, mas apenas reportando
ao que de concreto existe e tem oficialmente sido comunicado às
agências de controle nos vários países, pode-se
dizer, que os OGMs produzidos até o momento não atendem,
efetivamente, a necessidade de aumentar a produção
de alimentos. Embora, essa seja uma necessidade indiscutível.
A grande maioria dos transgênicos disponíveis busca
elevar o lucro do produtor rural pela redução de custo
em pesticidas e fertilizantes ou criar usos comerciais novos para
as culturas tradicionais.
Mas por que não buscar a produção superior?
Atualmente, não há nenhuma razão comercial
ou política que a impeça, somente uma razão
técnica. A obtenção de plantas mais produtivas
é muito complexa, pois é governada pela expressão
de vários milhares de genes e não há tecnologia,
ainda, para atender a essa necessidade.
Publicação do The Economic Times, citando estudo
da Organização para Alimentos e Agrigultura (FAO,
sigla em inglês), deixa claro essa realidade. As solicitações
de registros e patentes de OGMs mostram que somente 13% dos cereais
e 23,4% das oleaginosas são para maior produção.
Enquanto, 30% de cereais e 49% das oleaginosas buscam manter a produção
pela resistência a pragas e doenças e menor variabilidade.
Atualmente qualquer aumento na produção de culturas
vem muito mais de plantas salvas de pragas e doenças do que
genuína superioridade de produção. A tecnologia
existente é eficiente somente quando trata de genética
mais simples.
Para criar novos usos, o que é, também, relativamente
fácil pelos poucos genes envolvidos, há patentes contemplando
30% de cereais e 15% de oleaginosas do total de OGMs. Exemplo é
a modificação de carboidratos que permite o uso de
qualquer planta como matéria prima para produção
de aditivo para combustíveis.
Voltadas ao aumento de potencial de comercialização
estão 12% dos OGMs de cereais e 5% de oleaginosas. Obtidas
pela melhoria da qualidade nutricional, por exemplo, alterando a
estrutura do amido ou agregando teores mais elevados de vitamina
A ao arroz.
A FAO tem se preocupado com esse quadro e seus desdobramentos nos
países em desenvolvimento. Em especial, porque estes estão
submetidos à dependência das poucas empresas globais,
detentoras dos genes patenteados.
Produtos
OGMs disponíveis para cultivo
Os principais
produtos biotecnológicos disponíveis para comercialização,
embora possam não estar sendo comercializados, são de
15 espécies vegetais com 75 OGMs. As espécies com maior
número de OGMs são o milho (18), colza (18), tomate
(7), algodão e soja ( 5 cada).
Nos EUA, já em 1999, a área plantada com transgênicos
excedia 40% do milho, 50% do algodão e 45% da soja cultivada,
e pelo menos 60% dos alimentos nos supermercados americanos continham
organismos geneticamente modificados.
Banco de dados sobre OGMs da OECD - Organisation For Economic Cooperation
And Development - permitem obter informações por
organismo e por instituição detentora da inovação.
Essas 15 espécies foram geneticamente modificadas para incorporar
características, tais como: a) tolerância a vários
herbicidas (44 OGMs); b) resistência a insetos coleópteros
e lepidópteros (9 OGMs); c) resistência a doenças,
em especial viroses (6 OGMs) ; e d) qualidade do produto, envolvendo
amadurecimento, composição do óleo, cor de flor,
tempo de vaso para flores (12 OGMs).
Os detentores dos direitos de propriedade intelectual desses OGMs
são 20 empresas e uma universidade, com 4 delas detendo os
direitos sobre 71% dos OGMs. Dados que revelam o alto grau de concentração
nessa área.
Além desses materiais já comercializados, muitos outros
se encontram em fase final de experimentação a campo
e em alguns casos em processo de disponibilização para
uso comercial.
Dados da OECD, dos quais podem participar informações
de alguns países em desenvolvimento, mostram o ranking com
23 países em um total de 10313 entradas de solicitação
de experimentos de campo de organismos geneticamente modificados,
e posicionam a situação mundial dos estudos e usos de
plantas transgênicas.
O Banco de dados da OECD permite verificar o número de OGMs
por país, o número de submissões por ano e as
12 espécies que compreendem mais do que 1% do total de solicitações
de autorizações e as outras 29 espécies com submissões
entre 0,1 e 1%.
No
período de 1992 a 1998 deu-se explosivo aumento do número
de submissões de OGMs para registro, especialmente em países
desenvolvidos, caindo abruptamente a partir de então. Essa
constatação é conseqüência, sob
o meu ponto de vista, da aplicação de todo o estoque
de genes conhecidos para obtenção de características
desejáveis em plantas, além da intensificação
da resistência ao uso de transgênicos, em algumas partes
do mundo, que pôs em risco altos investimentos já efetuados.
Dados da UNIDO - United Nations Industrial Development Organization
- mostram OGMs em fase de experimentação de campo
ou disponíveis para comercialização e cultivo
nos países em desenvolvimento ( Tabela 1).
TABELA
1- Espécies, países e principais características
incorporadas em organismos geneticamente modificados, em fase
experimentação de campo, nos países em
desenvolvimento. UNIDO, 2002. |
CULTURA |
PAÍSES |
CARACTERÍSTICA |
Abóbora |
Egito
|
Resistência
a Vírus |
Alfafa |
Bulgaria,
África do Sul |
Tolerância
a herbicida, Gene Marcador |
Algodão |
Argentina,
Tailândia, África do Sul, México, Índia, Bolívia, Brasil |
Resistência
a insetos , tolerância a diversos herbicidas |
Arroz |
Argentina,
Brasil, India |
Resistência
a Insetos, Tolerância a herbicida |
Batata |
México,
Ucrânia, Egito, Bolívia, África do Sul, Rússia, Índia, Brasil,
Argentina |
Resistência
a Vírus, tolerância a herbicidas, resistência a insetos, ação
inseticida, proteína mais rica em lisina, anti-freezing |
Beterraba |
Ucrânia,
Rússia |
Tolerância
a herbicida |
Cana-de-açúcar |
Egito,
Brasil, África do Sul |
Resistência
a vírus, resistência a insetos e tolerância a herbicidas |
Canola |
África
do Sul, Ucrânia |
Tolerância
a herbicidas |
Colza |
Índia
|
Resistência
a insetos, resistência a seca |
Couve-flor |
Índia
|
Resistência
a insetos, adaptação local |
Eucalipto |
África
do Sul, Brasil |
Tolerância
a herbicida |
Feijão |
Brasil
|
Resistência
a vírus, tolerância a herbicida |
Fumo |
Bulgária,
Brasil, Índia |
Resistência
a Vírus, Resistência a bactéria, resistência a insetos |
Girassol |
Argentina
|
Tolerância
a herbicida |
Mamão |
Brasil
|
Resistência
a vírus |
Melão |
Egito
|
Resistência
a vírus |
Milho |
Argentina,
África do Sul, Brasil, Egito, Ucrânia, Rússia, Filipinas |
Resistência
a insetos, tolerância a herbicidas |
Morango |
África
do Sul |
Tolerância
a herbicida, resistência a fungos |
Mostarda |
Índia
|
Adaptação
a condições locais |
Pepino |
Egito
|
Resistência
a vírus |
Pimenta |
Índia
|
Resistência
a insetos |
Repolho |
Índia
|
Resistência
a insetos |
Soja |
África
do Sul, Rússia, Bolívia, Brasil, Argentina |
Resistência
a insetos, tolerância a herbicidas |
Tomate |
Tailândia,
México, Índia, Egito |
Resistência
a insetos, Resistência a vírus, alteração do processo de amadurecimento
|
Trigo |
Egito,
Argentina |
Resistência
a fungos, resistência a stress abiótico, tolerância a herbicidas
|
Verifica-se
que nesses países repete-se o mesmo padrão de OGMs
encontrado em países desenvolvidos, predominando resistência
a insetos e a doenças viróticas e tolerância
a herbicidas. Porém, é interessante notar a preocupação
da Índia com o controle de fatores abióticos, como
adaptação às condições locais
e resistência a seca.
Esses dados não trazem informações sobre a
China. Porém, segundo levantamento publicado na revista Science
Magazine, a China já abriu uma vantagem de US$ 72
milhões anuais nessa área de pesquisa considerada
estratégica.
São US$ 112 milhões aplicados em biotecnologia por
ano. No Brasil, de acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), o investimento público anual nesse
campo é da ordem de US$ 40 milhões.
Com
esses dados fica evidente a distância que a separa a China
do Brasil e da Índia. Apesar de responder por mais da metade
dos gastos nos países em desenvolvimento, a China representa
menos de 5% do investido nos países desenvolvidos, algo entre
US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões.
O número de pesquisadores chineses em biotecnologia é
de 1.988 e somam-se 31 plantas transgênicas aprovadas para
plantio comercial.
O artigo na revista Science Magazine apresenta uma visão
positiva da introdução de organismos geneticamente
modificados (OGMs) na China, sobretudo do algodão resistente
a insetos. A tecnologia, segundo essa fonte, está beneficiando
diretamente milhões de pequenos agricultores e que US$ 334
milhões foram economizados com ela em 1999, mais do que suficientes
para custear todo o investimento em pesquisa. A China promete aumentar
em 400% o orçamento de pesquisa no setor até 2005.
Documento
da FAO reconhece que as facilidades da biotecnologia estão
sendo estabelecidas na maioria dos países em desenvolvimento.
Entretanto, o nível de pesquisa, desenvolvimento e uso da
biotecnologia para agricultura, florestas e pesca nos países
em desenvolvimento, em geral, está longe do nível
dos paises industrializados. Dentre os países em desenvolvimento
o status varia consideravelmente. Uns poucos, como o Brasil, México,
Índia, China e a República da Coréia têm
procurado ganhar plena capacidade científica e tecnológica,
especialmente na biotecnologia agrícola. Outros, como a Indonésia,
Malásia, Filipinas e Tailândia e poucos países
da América Latina, têm construído capacidade
para aplicar biotécnicas e desenvolver biotecnologias úteis
para suas agricultura e indústrias. A participação
do setor privado na conquista de capacidade biotecnológica
não é significativa na maioria desses países.
Situação
no Brasil
No
Brasil a CTNBIO - Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
- responsável pelo ordenamento na área de biotecnologia,
tem recebido solicitações e já se posicionou
favoravelmente à liberação de OGMs de 10 espécies
vegetais, não comercializadas, ainda, por força de
medidas judiciais que questionam a segurança desses produtos
para alimentação humana. As espécies, suas
características, número de OGMs e área experimental
autorizada são apresentadas na Tabela 2.
TABELA
2 - Liberações de plantas transgênicas
programadas pela CTNBio, 2002
|
CULTIVO
|
CARACTERÍSTICA
INTRODUZIDA (resitência e/ou tolerância)
|
ÁREA
EXPERIMENTAL (ha)
|
No.
DE LIBERAÇÕES
|
Algodão
|
Insetos,
herbicida
|
93,89
|
36
|
Arroz
|
herbicida
|
9,8
|
2
|
Batata
|
vírus
|
0,024
|
2
|
Cana-de-açúcar
|
herbicidas,
insetos, virus
|
5,151
|
17
|
Eucalipto
|
herbicida
|
1,163
|
2
|
Feijão
|
herbicida,
vírus
|
0,272
|
2
|
Fumo
|
vírus
|
0,3
|
2
|
Mamão
|
vírus
|
0,36
|
2
|
Milho
|
insetos,
herbicidas
|
717,4
|
780
|
Soja
|
insetos,herbicidas
|
150,7
|
57
|
Total:
|
|
979,06
|
901
|
Fonte:
CTNBio
|
Os
OGMs com liberações
programadas pela CTNBio são propriedade de empresas multinacionais
na sua maioria, pela posse dos direitos de propriedade intelectual
do OGM ou do gene utilizado para transformação, mostrando
perspectiva parodoxal dessa tecnologia para países do terceiro
mundo ou em desenvolvimento. A Tabela 3 mostra essa realidade.
Tabela
3 - Detentores do direito de propriedade intelectual de transgênicos
submetidos e liberados pela CTNBio
|
CULTIVO |
DETENTORES |
Algodão |
Monsanto
do Brasil Ltda
Novartis Seeds Ltda |
Arroz |
Aventis
Crop Science Brasil Ltda |
Batata |
EMBRAPA |
Cana-de-Açúcar |
Aventis
Crop Science Brasil Ltda
BASF SA
COOPERSUCAR |
Eucalipto |
Monsanto
do Brasil Ltda
Universidade Federal de Viçosa |
Feijão |
EMBRAPA |
Fumo |
Profigen
do Brasil Ltda |
Mamão |
EMBRAPA |
Milho |
Aventis
Crop Science Brasil Ltda
Braskalb Agropecuária Brasileira Ltda
Dinamilho Carol Produtos Agrícolas Ltda
Monsanto do Brasil Ltda
Novartis Seeds Ltda
Pioneer Sementes Ltda
Rhone Poulenc AgroBrasil Ltda
Sementes Agroceres AS
Sementes Monsanto Ltda |
Soja |
Aventis
Crop Science Brasil Ltda
BASF AS
Coop. Central Agropecuária de Desenv.Tecnológico
e Econômico Ltda
EMBRAPA
IAPAR
Monsanto do Brasil Ltda
Sementes Monsanto Ltda |
Deve-se
reconhecer, entretanto, que apesar de depender de genes patenteados
por empresas estrangeiras, algumas instituições brasileiras
submeteram OGMs para registro, como são os casos da Embrapa,
IAPAR, e UFV.
Examinando esses dados e os da Tabela 4 e Tabela 5, verifica-se
que as espécies que serão liberadas no Brasil são
as mesmas espécies responsáveis por 94,3% das que
permitirão ao país alcançar a marca de 100
milhões de toneladas de grãos em 2002.
TABELA
4 - PRODUÇÃO BRASILEIRA DE GRÃOS
|
Produto
|
2000/2001
|
2001/2002
|
|
Mil toneladas
|
Caroço de Algodão
|
1525,2
|
1280,0
|
Amendoim
|
196,7
|
195,0
|
Arroz
|
10386,0
|
11495,5
|
Aveia
|
321,9
|
330,7
|
Centeio
|
9,8
|
8,6
|
Cevada
|
307,7
|
283,0
|
Feijão
|
2591,4
|
3256,0
|
Girassol
|
74,4
|
74,4
|
Mamona
|
86,4
|
79,9
|
Milho
|
41536,2
|
37909,6
|
Soja
|
37218,3
|
41539,5
|
Sorgo
|
856,9
|
895,7
|
Trigo
|
1658,4
|
3194,2
|
Total
|
96769,3
|
100542,6
|
Fonte: CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento)
|
TABELA
5 - BRASIL: BALANÇO DE OFERTA E DEMANDA DE GRÃOS
(MIL TONELADAS)
|
Produto |
Safra
|
Estoque
inicial |
Produção
|
Importação
|
Consumo
|
Exportação
|
Estoque
final |
Algodão Em pluma |
2000/01 |
168,2
|
938,8
|
81,3
|
860,0
|
147,3
|
181,0
|
2001/02 |
181,0
|
786,5
|
133,0
|
860,0
|
86,7
|
154,5
|
Arroz em casca |
2000/01 |
2003,5 |
10386,0 |
975,5 |
11700,0 |
32,5 |
1632,5 |
2001/02 |
1632,5
|
11495,5 |
910,0 |
11700,0 |
200,0 |
2138,0 |
Feijão |
2000/01 |
420,5
|
2587,1 |
128,9 |
2800,0 |
2,0 |
334,5 |
2001/02 |
334,5 |
3256,0 |
100,0 |
2900,0 |
2,0 |
788,5 |
Milho |
2000/01 |
1322,0 |
41536,0 |
625,0 |
36235,5 |
5629,0 |
1618,7
|
2001/02 |
1618,7 |
37906,6 |
600,0
|
36960,2
|
2000,0
|
1165,1
|
Soja em grãos |
2000/01 |
2562,0 |
37218,3 |
700,0
|
23630,0
|
15675,0
|
1175,3
|
2001/02 |
1175,3 |
41539,5 |
450,0
|
25000,0
|
18000,0
|
164,8
|
Trigo |
2000/01 |
931,7 |
1658,4 |
7609,9
|
10070,0
|
-
|
130,0
|
2001/02 |
130,0 |
3194,2 |
7500,0
|
10100,0
|
-
|
724,2
|
Fonte:
CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento |
Três
espécies, somente, perfazem 96% dos OGMs que são algodão,
3%, milho, 86,5% e soja, 6%. Portanto, 86,5 % das OGMs referem-se
a uma única espécie, milho, que por sua vez é
responsável por 38% da produção brasileira
de grãos, mostrando a repercussão da adoção
de transgênicos no futuro sobre esse importante índice
do agronegócio brasileiro.
Deve-se acrescer a essa análise que, no Brasil, o grande
empresário agrícola é o produtor alvo das empresas
de biotecnologia para adoção de organismos geneticamente
modificados.
Quando
se focaliza a biotecnologia no Brasil, percebe-se a necessidade
de se fortalecer a política pública de C&T, de
definir mecanismos de prioridade em pesquisa, de investimentos em
capital material e intelectual e da escolha de quando e se a biotecnologia
é apropriada para solucionar problemas que se quer enfrentar.
A necessidade de fortalecer o suporte a áreas e produtos
órfãos e áreas que são de alto valor
socioeconômico.
Como reflexão final, cabe destacar que a maneira de provocar
mudanças nessa dependência tecnológica que se
estabelece, só pode ser com o esforço próprio
de laboratórios públicos brasileiros. Aproveitar esse
momento de transição no estabelecimento de novo paradigma
de desenvolvimento é resgatar o país da dependência
permanente.
João
Paulo Feijão Teixeira, pesquisador científico do Instituto
Agronômico e aluno do Curso de Especialização
em Jornalismo Científico Labjor/Unicamp.
Para saber
mais
1. Los
organismos modificados genéticamente, los consumidores, la
inocuidad de los alimentos y el medio ambiente (2001) - FAO
2. Biotecnología
,1999
3. OECD-
Produtos biotecnológicos
4. CTNBio
- Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
5. Biotechnology
in Food and Agriculture
6. Estado
mundial de la infancia. Nutrición, 1998
7. Estado
mundial de la infancia. Liderazco, 2002
8. CONAB
- Companhia Nacional de Abastecimento - Safra Agrícola
|