Aplicações
militares estão sendo incentivadas no EUA
As
possibilidades de se fazer uso da nanotecnologia para fins militares
são imensas. Milhões de dólares são
investidos anualmente nessa área e alguns protótipos
que já se encontram em funcionamento demonstram todo o potencial
dessas aplicações.
A
maioria das nações desenvolvidas possui centros de
pesquisa pura e aplicada dedicados a nanofabricação
- processo de miniaturização mecânica, criado
a cerca de 12 anos atrás, nos Estados Unidos - que certamente
irão além das inovações provocadas pelas
revoluções industriais da mecânica e da informática
juntas, ocorridas em séculos anteriores. E isso em um período
muito mais curto de tempo.
Independentemente da melhoria e sofisticação na fabricação
de armas convencionais, os nanomecanismos seriam utilizados, por
exemplo, para a construção de micro-robôs voadores,
dificilmente detectáveis, controlados eletronicamente, que
estariam aptos a realizar tarefas em lugares inacessíveis.
Uma
pesquisa em andamento patrocinada pela Agência de Projetos
de Pesquisa Avançada, do Departamento de Defesa dos EUA (DARPA),
e pela Organização de Ciência e Tecnologia do
Departamento de Defesa da Austrália, pretende construir pequenos
veículos aéreos de apenas 15 centímetros de
comprimento ou menor do que isso. No campo de batalha, esses aparelhinhos
voadores fariam às vezes de velozes batedores, executando
missões de reconhecimento à distância. Para
tanto, os estudos objetivam descobrir como funciona o mecanismo
óptico das abelhas e adaptá-lo para a microeletrônica
com o uso da nanotecnologia.
As
abelhas usam pistas visuais para medir distâncias de até
centenas de metros que separam sua colméia de uma fonte de
alimento. Esse "odômetro óptico", descoberto
há seis anos, está sendo cuidadosamente investigado
pelos cientistas para produzir tecnologia militar de reconhecimento
aéreo. "A abelha tem a capacidade de usar imagens em
movimento, como árvores e flores, para monitorar seu vôo
e assim calcular distâncias", explica um dos autores
da pesquisa, o professor da Universidade Nacional da Austrália,
Mandyam Srinivasan. "A percepção delas é
semelhante à que temos quando vemos passar zunindo pela janela
do carro uma seqüência de postes de uma rua, o que aumenta
nossa sensação de velocidade e da distância
percorrida", diz o cientista. "Estamos interessados em
criar pequenos veículos voadores autônomos de reconhecimento
militar, que incorporem alguns princípios dessa visão
de inseto", conta Srinivasan em um artigo científico
assinado por ele na revista Science.
Enquanto
a nanotecnologia ainda não disponibiliza essas pequenas máquinas,
ela vai sendo utilizada para mudar as propriedades de plásticos,
óleos e tecidos a fim de proporcionar resistência ao
calor e ter maior flexibilidade.
Segundo
informações da CNN, o exército do Estados Unidos
está desenvolvendo uma nova versão de uniforme de
combate utilizando a nanotecnologia. O Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT), recebeu uma verba de US$ 50 milhões
para desenvolver a próxima geração de trajes
de combate para as forças armadas americanas.
Este uniforme "inteligente" que foi desenvolvido no Instituto
de Nanotecnologias para Soldados do MIT, fundado exclusivamente
para criar aparatos de proteção militar, seria feito
com fibras em cujo interior há um fluído que pode
se tornar sólido como uma tala de gesso toda vez que o tecido
é perfurado por um projétil, permitindo ainda o engessamento
imediato de uma perna ou de um braço fraturados em combate.
Estaria equipado com um sistema de sensores aplicados ao tecido
da roupa, que além de bloquear toxinas e realizar o controle
dos sinais vitais, permitem que os soldados fiquem camuflados. O
traje, que visa colocar o combatente como se fosse parte do ambiente,
é resultante de processos químicos que reproduzem
as nuances de cores ao seu redor, como se fosse um autêntico
camaleão. Estão também em estudos, coturnos
com propulsão, que permitiriam aos soldados saltar a grandes
distâncias (veja outras explicações sobre o
traje no artigo Nanodispositivos semicondutores e materiais estruturados,
de Eronides da Silva Jr.)
Outra
tecnologia gerada pelo desenvolvimento da nanotecnologia, são
as telas de TVs coloridas dobráveis, tão finas quanto
papel. Estas tornaram-se possíveis graças a um componente
de plástico brilhante, aprimorado pelo laboratório
britânico Cambridge Display Technology (CDT). As telas são
baseadas na tecnologia Light Emitting Polymer (LEP), formada por
elementos ativos de uma classe de materiais chamada de polímeros
conjugados. O material é semi-isolante e emissor de luz.
"Tornamos possível imprimir televisões. As telas
podem ser copiadas em um fino plástico semelhante a um papel"
- disse o diretor executivo do CDT, David Fyfe, à emissora
de TV Globo News. A tecnologia está sendo usada em aplicações
militares, como mapas flexíveis de alta definição
que são levados para os campos de batalha para reproduzir
imagens enviadas por satélite.
Mais
avançada ainda, é a invenção da empresa
americana Microvision, que criou um sistema óptico que projeta
imagens diretamente sobre a retina. Denominada de Retinal Scanning
Display (RSD), a tecnologia permite ver imagens sem o uso de telas.
"A tecnologia RSD abre as portas para um mundo visual vasto
e novo. Um mundo onde a luz transporta a informação
e permite uma nova relação entre o homem e a máquina",
afirmou Richard Rutkowsky, gerente-geral da empresa.
O
dispositivo consiste de uma fonte luminosa, scanners e um sistema
óptico. Emissões de raio laser de baixa intensidade
(inofensivas para os olhos) geram os pontos luminosos, que os scanners
combinam em linhas horizontais e verticais para formar uma imagem,
a qual é "pintada" diretamente sobre a retina -
a mais interna das camadas que formam o globo ocular. O usuário
visualiza a imagem, sobreposta em seu campo de visão, como
se estivesse suspensa no ar a um metro de seus olhos.
A
Microvision, inclusive, já assinou um contrato com a Boeing
para desenvolver uma "cabine virtual" para a próxima
geração de helicópteros da força aérea
americana. O RSD projetaria os dados do vôo, medidas externas
e objetivos da missão na retina do piloto, eliminando os
instrumentos, visores e indicadores do painel de bordo.
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