O
sistema de C&T é
gerido por diversas instituições
O sistema
de C&T, no Brasil, é gerido pelo Ministério de
Ciência e Tecnologia (MCT).
Com um orçamento anual da ordem de R$ 2 bilhões, o
MCT possui em sua estrutura 20 instituições de grande
porte no desenvolvimento de pesquisas. No que diz respeito à
gerência de recursos e formulação de políticas
de C&T, o MCT é auxiliado pelo CNPq,
pela Finep
e pelo Ibict.
O CNPq
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)
tem como objetivo fomentar o desenvolvimento científico e
tecnológico do País e contribuir na formulação
das políticas nacionais de ciência e tecnologia. Para
implementar esse desenvolvimento o CNPq atua basicamente na concessão
de bolsas de estudo das mais variadas modalidades, tendo um orçamento
anual de R$ 570 milhões.
A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) principal agência
do Governo Federal para o financiamento ao desenvolvimento da Ciência
e Tecnologia no País, possui experiência bastante grande
no seu campo de atuação. Apóia todas as etapas
do processo inovador: da pesquisa básica à comercialização
pioneira de produtos e processos. Seu foco de atuação
é o apoio ao desenvolvimento tecnológico e à
inovação no País. O orçamento da Finep
é de R$ 202 milhões.
O Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
(Ibict), tem como missão promover o desenvolvimento do setor
de informação, mediante proposição de
políticas, execução de pesquisas e difusão
de inovações capazes de contribuir para o avanço
da ciência e competitividade da tecnologia brasileira.
O Instituto,
atualmente, acompanha e internaliza as novas tecnologias de informação
e comunicação, estimulando o empreendedorismo e a
inovação.
A
CAPES no desenvolvimento de C&T
A
Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes)
entidade pública vinculada ao Ministério da Educação
(MEC) é outra instituição do governo federal
que, juntamente com o CNPq, trabalha com a concessão de bolsas
de estudo em nível de pós-graduação.
Possui um importante papel na política de C&T brasileira,
fornecendo dados fundamentais para que o MEC possa formular políticas
de pós-graduação, coordenando e estimulando
a formação de recursos altamente qualificados a docência
de nível superior. A Capes destaca-se como a única
agência de fomento à pós-graduação,
no Brasil, a manter um sistema de avaliação de cursos,
cujos resultados são amplamente reconhecidos e utilizados
por várias instituições brasileiras.
Os
dados apresentados pelas instituições mostram a Capes
como responsável pelo auxílio a aproximadamente 10,3
mil bolsistas no país, enquanto que o CNPq auxilia 40 mil
bolsistas no país.
No que diz respeito a bolsas no exterior, a Capes auxilia 1.482
bolsistas, enquanto que o CNPq auxilia 620 bolsistas. O orçamento
anual da Capes é de R$ 462 milhões.
O
Brasil e o cenário de C&T
Mesmo apresentando dados considerados apenas razoáveis, no
que diz respeito ao número de bolsas concedidas pelas agências
de fomento, pode-se afirmar que o Brasil possui uma base científica
respeitável e um sistema de formação de recursos
humanos sem par na América Latina. Em 1998, o Brasil ocupava
a 21ª posição na produção de artigos
científicos e técnicos publicados (dados do Science
Citation Index, de 1999), e o sistema de formação
de recursos humanos apresenta resultados expressivos, com 52.864
pesquisadores em atividade, dos quais 30.667 são pós-graduados
em nível de doutorado.
Esses sinais apontam para o aprimoramento do setor de C&T no
país nos últimos anos e acenam para a possibilidade
de se elaborar um novo modelo de planejamento e gestão de
ações nessa área. As iniciativas do MCT e de
agências de fomento à pesquisa, demonstram estar se
focando principalmente no processo de inovação tecnológica.
Mas a questão que Ruy de Araújo Caldas, diretor do
curso de pós-graduação em Biotecnologia Genômica
da Universidade Católica de Brasília, coloca é
se "o Brasil é capaz de desenvolver tecnologias que
possibilitem o crescimento econômico nacional, em bases competitivas".
Além disso, ele questiona se isso permitiria, ao país,
"promover um salto qualitativo na economia, por meio de tecnologias
na fronteira do conhecimento", geradas, em sua maior parte,
internamente. Caldas se pergunta qual será a forma para se
chegar a uma situação na qual ciência e tecnologia
passem a ser tratadas de forma estratégica, como geradoras
de desenvolvimento econômico e também social.
Paulo
César G. Egler, assessor da Secretaria Executiva do MCT e
professor das disciplinas do Centro de Desenvolvimento Sustentável,
da Universidade de Brasília (UnB), procura, antes de mais
nada, a exata definição do termo estratégico.
Integrando dois dos conceitos possíveis, Egler chegou à
definição de que "um determinado assunto, setor
ou tema será considerado estratégico se possuir uma
política, com programas e planos, que seja planejada e gerenciada
de forma eficiente".
A partir
dessa definição, o assessor do MCT acredita que se
possa fazer uma avaliação do segmento de C&T no
Brasil. Ele avalia a política, e constata que a última
ação efetiva no sentido de se desenhar uma política
nacional de C&T no país aconteceu no início da
Nova República, entre 1985 e 1986. Renato Archer, o ministro
naquela ocasião, procurou integrar o segmento de ciência
e tecnologia dentro do esforço que o governo federal vinha
desenvolvendo, com o objetivo de definir uma política nacional.
O Plano
Nacional de Desenvolvimento da Nova República procurava resgatar
experiências desenvolvidas anteriormente no Brasil, algumas
com expressivos sucessos. No entanto, o plano resultou em poucas
ações práticas. Três motivos teriam sido
decisivos para esse insucesso. Segundo Egler, o primeiro foi o descrédito
que passou a ser associado a qualquer movimento no sentido de se
planejar atividades governamentais no Brasil. O segundo motivo foi
a completa inutilidade que passou a representar a atividade de planejamento
no país, diante das astronômicas taxas inflacionárias
que a economia brasileira experimentou na década de 80 e
nos primeiros anos da década de 90. E o terceiro motivo teria
sido a "onda da nova direita" que se instalou no mundo
todo, e cujos preceitos principais foram (e ainda são) as
virtudes da privatização e da redução
do papel do Estado. Nesse contexto, a atividade de planejamento
era entendida como reforçando o papel intervencionista do
Estado, e, portanto, uma atividade que não tinha mais lugar
na onda liberalizante que se impunha.
O resultado
foi a total falta de interesse dos dirigentes governamentais em
realizar uma política que viesse a estabelecer os rumos e
as prioridades para o segmento de C&T para o país.
Outro
aspecto apontado por Egler como tendo a sua prática inadequada
nos últimos 15 anos se refere à gestão do sistema.
Vários motivos têm produzido essa inadequação,
conforme indica o assessor. Um deles é a interrupção
do processo de contratação de pessoal para os órgãos
públicos. Outro são as amarras orçamentárias
e administrativas impostas às instituições
e, ainda, a ausência de um sistema de formação
e capacitação para esse pessoal.
Para
Engler, para o funcionamento do sistema de C&T hoje no Brasil,
é preciso buscar eficiência, efetividade e eficácia,
o que só pode ser alcançado mediante uma política
e com a definição e a criação de estruturas
mais ágeis e mais flexíveis em termos orçamentários
e de quadro pessoal.
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