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             Projeto 
              de lei proíbe o uso de estrangeirismos 
            Um 
              projeto de lei, aprovado em março de 2001 na Câmara 
              dos Deputados, restringe o uso de palavras estrangeiras e obriga 
              o uso da língua portuguesa por brasileiros natos e naturalizados 
              e pelos estrangeiros residentes no Brasil há mais de um ano. 
              O projeto rege o ensino e a aprendizagem; o trabalho; as relações 
              jurídicas; a expressão oral, escrita audiovisual e 
              eletrônica oficial e nos eventos públicos nacionais; 
              os meios de comunicação de massa; e a publicidade 
              de bens, produtos e serviços. Trata-se do PL nº 1676, 
              proposto pelo deputado Aldo Rebelo, do PC do B de São Paulo. 
              Após a aprovação na Câmara, o projeto 
              seguiu para o Senado. Se for aprovado pelos senadores, terá 
              um ano para ser regulamentado. 
            
              
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                   Aldo 
                    Rebelo propõe a regulamentação dos estrangeirismos 
                    na língua portuguesa 
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            Para 
              promover, proteger e defender a língua portuguesa, o Art. 
              2° do Projeto de Lei determina que o Poder Público, com 
              a colaboração da sociedade, deve melhorar as condições 
              de ensino e de aprendizagem da língua portuguesa em todos 
              os graus, níveis e modalidades da educação 
              nacional. Além disso deve incentivar o estudo e a pesquisa 
              sobre os modos normativos e populares de expressão oral e 
              escrita dos brasileiros, realizar campanhas e jogos educativos sobre 
              o uso da língua portuguesa, incentivar o uso da língua 
              portuguesa dentro e fora do Brasil, fomentar a participação 
              do Brasil na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa 
              e atualizar as normas do Formulário Ortográfico da 
              Língua Portuguesa, para que sejam incluídos e aportuguesados 
              vocábulos de origem estrangeira. 
            O professor 
              de português Pasquale Cipro Neto, na coleção 
              didática Ao Pé da Letra, trata do uso de certos 
              estrangeirismos de forma bem humorada. Ele sugere, ironicamente, 
              que não há substituição para palavras 
              como pizza, por exemplo, que teria que ser substituída por 
              algo como "disco de massa com queijo e molho de tomate". 
            No 
              texto de apresentação do projeto aos seus pares no 
              Congresso, intitulado "Culta, Bela e Ultrajada: um projeto 
              em defesa da língua portuguesa", Aldo Rabelo afirma 
              que a proposta "trata com generosidade as exceções, 
              e ainda abre à regulamentação a possibilidade 
              de novas situações excepcionais". Neste mesmo 
              documento, o deputado mostra a sua intenção de "conscientizar 
              a nação de que é preciso agir em prol da língua 
              pátria, mas sem xenofobia ou intolerância de nenhuma 
              espécie. É preciso agir com espírito de abertura 
              e criatividade para enfrentar - com conhecimento, sensibilidade 
              e altivez - a inevitável, e claro indesejável, interpenetração 
              cultural que marca o nosso tempo globalizante." 
            Mesmo 
              generosa com as exceções, a proposta tem claúsula 
              de sansão administrativa, em caso de descumprimento de qualquer 
              uma de suas provisões, além de incentivar a reversão 
              espontânea para o português de palavras e expressões 
              estrangeiras correntemente usadas através da adoção 
              de sanções premiais. 
            O Projeto 
              de Lei define como prática abusiva os casos em que a palavra 
              ou expressão em língua estrangeira utilizada, tiver 
              equivalente em língua portuguesa. Além disso, o projeto 
              define como prática enganosa se a palavra ou expressão 
              em língua estrangeira puder induzir qualquer pessoa a erro 
              ou ilusão de qualquer espécie; e prática danosa 
              ao patrimônio cultural se a palavra ou expressão em 
              língua estrangeira puder descaracterizar qualquer elemento 
              da cultura brasileira. 
            Após 
              a publicação da lei, as palavras ou expressões 
              em língua estrangeira postas em uso no território 
              nacional ou em repartição brasileira no exterior terão 
              que ser substituídas por palavras ou expressões equivalente 
              em língua portuguesa. O prazo é de 90 dias, a contar 
              da data de registro da ocorrência. 
            Um 
              dos pontos polêmicos do projeto é o uso constante de 
              termos estrangeiros na literatura científica e técnica. 
              Segundo Rebelo, estes neologismos da nomenclatura técnica 
              e científica "devem ser aportuguesados para adquirir 
              a feição e a sonoridade de um verso de Camões". 
               
            Apesar 
              da Constituição dizer que a língua portuguesa 
              é o idioma oficial brasileiro, a presença de estrangeirismos 
              é marcante. A Academia Brasileira de Letras é responsável 
              por fazer o vocabulário ortográfico da língua 
              portuguesa, e tem função importante no aportuguesamento 
              das palavras estrangeiras. Nos termos do Projeto de Lei apresentado, 
              continuará desempenhando seu tradicional papel de centro 
              maior de cultivo da língua portuguesa no Brasil. 
             A 
              opinião do Presidente da Academia Brasileira de Letras dada 
              em entrevista ao Jornal do Brasil, é compartilhada por muitas 
              pessoas. Segundo Padilha, o projeto tem méritos por pretender 
              preservar a língua portuguesa da invasão estrangeira. 
              Contudo, ele não acredita na viabilidade, pois uma lei não 
              seria suficiente para conter o uso de determinadas expressões 
              ou palavras. Segundo ele, trata-se de uma questão de bom 
              senso não abusar de estrangeirismos. 
            
            
            
               
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