Barra de navegação do site

Página inicial Carta ao Leitor Reportagens Notícias Entrevistas Resenhas Radar da Ciência Links Opinião Observatório da Imprensa Busca Cadastro Reportagens

Na Alemanha, um estado dedicado à inovação

Enquanto os países do Terceiro Mundo buscam estratégias para melhorar seus índices de desenvolvimento no caótico mundo da economia globalizada, os países donos da riqueza, como os EUA, o Japão e alguns países europeus, exibem um cenário - difícil de ser alcançado pelos países pobres - no qual a ciência e a tecnologia ocupam uma posição central.

Para os especialistas, a alta capacidade de inovação tecnológica alemã é uma das principais razões que fazem do país uma das economias mais fortes do mundo. Na Alemanha, sobretudo no estado de Baden-Würtemberg - um hot spot de inovação tecnológica no mundo - a centenária atmosfera inventiva criada por inventores como Robert Bosch, Carl Benz e Gottlieb Daimler rende hoje bilhões de euros por ano. Baden-Würtemberg, que aplica 4% de seu PIB em pesquisa - 3,1% é o que aplica o Japão e 2,8% os EUA -, agrega hoje 24% das indústrias alemãs.

Para Dieter Spath, professor da Universidade de Stuttgart (Alemanha) e líder do Instituto IAT (Institut für Arbeitswissenchaft und Technogiemanagement), que pesquisa os mecanismos de inovação tecnológica e incentiva as relações entre universidade e empresa, boas idéias não são suficientes. "Para que o conhecimento científico seja transformado em valor econômico é preciso ter empresas fortes, que estimulem e invistam dinheiro na pesquisa científica e nos processos de inovação". Segundo ele, as interações multidisciplinares entre as pesquisas científicas são algo fundamental e têm sido muito estimuladas na Alemanha, "pois através delas encontra-se novas possibilidades de inovação".

Spath afirma que não é por acaso que Baden-Würtemberg é um hot spot de inovação tecnológica no mundo. Segundo ele, é importante considerar que os principais investidores em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) na Alemanha são as indústrias. Ele diz que é possível que, até 2010, o investimento alemão em P&D ultrapasse o investimento dos EUA.

Atualmente, a Alemanha investe US$ 35,9 bilhões por ano em P&D, sendo que 26% desse investimento é feito em Baden-Würtemberg, o estado que emprega maior número de pessoas em P&D. Empresas como a Mercedez Benz, a Porsche e a Audi estão localizadas lá, onde registram-se mais de 12 mil patentes por ano.

A indústria automobilística de Baden-Würtemberg

Baden-Würtemberg tem longa tradição na área automobilística. Em 2002, dos 58 milhões de carros e veículos comerciais produzidos no mundo, 19,5 milhões foram produzidos na Europa por indústrias como a Mercedez-Benz e a Porsche. A estrutura para a inovação tecnológica arquitetada pelo estado de Baden-Würtemberg faz com que a região ofereça muitas vantagens econômicas e que concentre o único cluster automobilístico europeu.

Uma das vantagens para esse tipo de indústria é a mão-de-obra altamente qualificada e a proximidade de empresas fornecedoras, que formam um sistema de rede de indústrias integradas na produção. Além desses aspectos, o investimento das indústrias em P&D é elevado e incentiva inovações economicamente vantajosas, como é o caso do Electronic Stability Program (ESP) ou o TELE AID que é um sistema que combina navegação por GPS com serviços de rede.

Em torno da indústria automobilística de Baden-Würtemberg, as universidades, centros de pesquisa e de educação superior desempenham um papel relevante e integrado ao cluster, e muitas universidades e colégios técnicos oferecem cursos especializados para o setor, como os cursos de engenharia automotiva nas cidades de Karlsruhe e Esslingen, design automotivo em Pforzheim, mecatrônica e engenharia automotiva em Esslingen, administração de indústrias automotivas em Nürtingen, entre outros.

Com tantas condições favoráveis, o desafio do estado de Baden-Würtemberg não é mais a inovação, mas o aprimoramento de seus mecanismos. Para isso, instituições especializadas atuam na interface indústria-universidade.

Copiar sistemas de inovação não é solução para o Terceiro Mundo

Spath, entretanto, reconhece que o bem sucedido modelo de Baden-Würtemberg não poderia ser facilmente aplicado em um país subdesenvolvido, onde a realidade política, cultural, econômica e social é muito diferente e a cultura empresarial tende a não aceitar riscos.

Apesar das diferenças, na opinião do pesquisador é possível melhorar os mecanismos de inovação em países como o Brasil investindo maciçamente em profissionais que atuem tanto nas universidades, quanto nas empresas "Esse tipo de profissional é muito importante em um mercado competitivo". Ele afirma ainda que muitas possibilidades tecnológicas são baratas e podem ser usadas pelos países do Terceiro Mundo. "Mas a questão é saber como utilizar", diz. Na opinião de Spath, os países em desenvolvimento têm que encontrar seu próprio caminho para desenvolver mecanismos eficientes, e esses mecanismos não precisam necessariamente integrar indústrias de alta tecnologia.

Baden-Würtemberg

População

10,7 milhões de habitantes

Gross Domestic Product (GDP)

307 bilhões de euros

Gastos em R&D

11,9 bilhões de euros (4% do GDP do estado)

Patentes registradas por ano

12822 (25% das patentes registradas na Alemanha no total)

Número de manufacturing plants

9026

Quota de exportação (produtos manufaturados)

43,1%

Centros de pesquisa que atuam em inovação

Cerca de 100 grandes institutos de pesquisa

Universidades, colégios técnicos e centros de educação superior

217000

(JS)

Versão para impressão

Anterior Proxima

Atualizado em 10/08/2004

http://www.comciencia.br
contato@comciencia.br

© 2004
SBPC/Labjor
Brasil