Internet
de alta velocidade, convênio Fapesp-Terremark
Através
de um convênio firmado em fevereiro de 2002 com a Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),
a empresa Terremark Worldwide, com experiência internacional
em comunicações, irá assumir o gerenciamento
do Ponto de Troca de Tráfego (PTT) da Fundação,
em São Paulo. O PTT funciona como um elo de ligação
entre os Estados Unidos e a América Latina, que se faz por
um cabo submarino de fibra óptica. Esse cabo será
uma nova rota de transmissão de dados (já existem
outros no mundo), conectando as comunidades acadêmicas do
Brasil e dos Estados Unidos. O projeto está avaliado em aproximadamente
200 milhões de dólares, sendo o convênio válido
por 20 anos.
Há
algum tempo o Brasil beneficia-se das inovações tecnológicas
que possibilitam a rapidez da troca de informações
através da Internet. A rede ANSP, por exemplo, foi colocada
em funcionamento em 1989 e é um marco da conexão entre
o Brasil e o exterior. Internamente, ela liga as redes acadêmicas
universitárias e dos institutos e centros de pesquisa científica
e tecnológica de São Paulo. Essa rede, mantida e gerenciada
pela Fapesp, conecta à Internet todas as instituições
vinculadas ao Sistema de Ciência e Tecnologia do Estado de
São Paulo (um tipo de cadastro das instituições
de pesquisa).
Quase
uma década depois da criação da ANSP, em 1998,
surgiu o PTT da Rede ANSP. Ele também é conhecido
pela sigla Network Access Point (NAP) e tem o objetivo de acelerar
a troca de tráfegos (de informações) entre
provedores de conteúdo e backbones (provedores de acesso,
que disponibilizam a infra-estrutura da telecomunicação,
que é a malha de fibra óptica). O PTT é um
ponto de convergência, ao qual podem ser conectados um conjunto
de computadores que reconhecem as rotas (caminhos) que devem ser
seguidas pela informação para fazer trocas de tráfego.
Por exemplo, se alguma pessoa ou instituição está
interessada em saber a respeito das pesquisas desenvolvidas pela
comunidade acadêmica brasileira ou americana, e tiver os requisitos
necessários (como sua própria conexão permanente
com a Internet), basta conectar-se ao PTT da Fapesp.
Advanced
ANSP
Com
a Internet 2 surgiu uma nova versão para a Rede ANSP, a Advanced
ANSP. Seu objetivo também é interligar as informações
geradas pelas comunidades acadêmica e científica. No
entanto, ela é mais ágil e abrangente na transmissão
de dados. Através dela é possível lançar
programas práticos de teleducação (aulas à
distância) e, na área de medicina, há a possibilidade
de fazer diagnósticos à distância, acessando
exames do pacientes, complexos ou não (veja reportagem
sobre telemedicina nesta edição). De acordo com o
coordenador da Advanced ANSP e professor da Escola Politécnica
da USP, Hartmut Richard Glaser, essa rede está totalmente
implantada e pode ser considerada um projeto de sucesso. "Um
único projeto foi capaz de impulsionar pesquisas em todas
as áreas do conhecimento", diz.
São
infinitas as facilidades quando existe a possibilidade de transportar,
via Internet, um grande volume de informações entre
institutos de pesquisa. Uma delas é diminuir a distância
entre os centros de pesquisa através da troca rápida
e imediata de dados. A mais importante talvez seja a socialização
do conhecimento acadêmico com a disseminação
das pesquisas, seus resultados e aplicações práticas.
Podem-se criar novas maneiras de pensar a educação,
com informações disponibilizadas em áudio e
vídeo de alta resolução. Também podem
ser estruturadas bibliotecas digitais de alta fidelidade documental,
avançados recursos multimídia e, até mesmo,
controles remotos de microscópios eletrônicos em centros
tecnológicos distantes.
Um
exemplo é o que acontece no Programa Especial de Formação
de Professores (PEC), o qual disponibiliza computadores para o uso
da Intranet e da Internet e equipamentos especiais para videoconferência
e teleconferência. Um convênio entre a USP, a Unesp
e a PUC, com orientação da Secretaria do Estado da
Educação, propicia a professores da rede pública
de ensino um curso de educação a distância.
A idéia é cumprir a Lei de Diretrizes e Bases que
determina que, até 2006, todos os professores do ensino fundamental
devem estar formados em cursos de nível superior. Em diversos
pontos do Estado de São Paulo foram instalados Centros de
Capacitação, nos quais os professores do ensino fundamental
assistem aulas ministradas por professores universitários
que estão, muitas vezes, a centenas de quilômetros,
numa das universidades que fazem parte do convênio.
Internet
2
Na
prática, o funcionamento da Internet 2 no Estado de São
Paulo começou com a inauguração da Advanced
ANSP, a qual interligou duas das redes de alta velocidade que já
estavam em operação. A principal rede em funcionamento
é a RMAV-SP (Rede Metropolitana de Alta Velocidade de São
Paulo). Ela é a mais ampla e abrangente, interligando USP,
PUC-SP, Hospital das Clínicas, Instituto do Coração,
Unifesp e Fapesp. Também fazem parte da RMVA da capital,
as empresas privadas de telecomunicações Globocabo
e Telefonica, as quais fornecem a infra-estrutura da rede que compreende
a implantação das fibras ópticas responsáveis
por carregar as informações por vias largas.
A
RMVA-SP foi, então, interligada (pouco depois de 1997, quando
começou a funcionar a Internet 2 nos EUA e a Fapesp inaugurou
a Advanced ANSP) à Rede Metropolitana de Alta Velocidade
de Campinas (ReMet), o que permitiu a comunicação
com Unicamp, Embrapa e Prefeitura Municipal de Campinas. Para isso,
é utilizada a estrutura de cabeamento óptico da tevê
por assinatura NET-Campinas.
Essas
mudanças fizeram parte de um esboço dos objetivos
da nova ANSP, chamada "Advanced ANSP". A primeira intenção
já foi cumprida: interligar inúmeras instituições
de ensino e pesquisa de 11 municípios paulistas. Hoje, diz
Glaser, a Advanced ANSP interliga mais de 20 cidades e cerca de
80 instituições de pesquisa, incluindo USP de Piracicaba,
Unesp de Rio Claro, UFSCAR, Unesp de Araraquara, USP de Ribeirão
Preto, Unesp de Bauru e São José do Rio Preto e INPE
de São José dos Campos e Cachoeirinha Paulista. Também
fazem parte da Advanced ANSP as cidades de Araras, Botucatu, Cordeirópolis,
Araçatuba, Assis, Presidente Prudente, dentre outras.Todas
as instituições podem trocar informações
a velocidades que variam de 34 a 155 Megabits por segundo. Para
entender a dimensão da evolução tecnológica,
basta fazer uma comparação. A Internet 1 tem velocidades
disponíveis de, no máximo, 2 Megabits por segundo.
Essas
conexões foram viabilizadas por meio de um acordo entre Fapesp
e as empresas Telefonica e Nortel Networks, uma empresa de informática
especializada em produtos para redes digitais. O Laboratório
de Arquitetura de Redes de Computadores (LARC) da Escola Politécnica
da USP é o outro apoio para a implantação da
RMVA-SP. O laboratório é responsável por desenvolver
aplicativos nas áreas de teleducação, gerência
e segurança de rede. "O Brasil, em termos de tecnologia
de Internet, está indo muito bem e é um país
com liderança na América Latina", opina Glaser.
No entanto, ele ressalva: "o grande problema é que esses
projetos são muito caros e todos precisam ser cautelosos
com os investimentos. Não adianta começar alguma inovação
sem que se consiga levá-la até o fim". De acordo
com ele, já foram gastos aproximadamente 10 milhões
de dólares por ano desde 1989, totalizando 130 milhões
de dólares.
(SN)
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