Arqueologia
na caatinga: arqueologia de Canudos, em Canudos ou para Canudos?
Paulo
Eduardo Zanettini
Qual seria a efetiva contribuição de um arqueólogo
para Canudos?
Esta
era a minha indagação enquanto jovem pesquisador que
se preparava para deixar São Paulo em 1986 para residir em
Cocorobó, a fim de integrar uma grande equipe da Universidade
do Estado da Bahia (Uneb), envolvida com a estruturação
de um projeto participativo voltado ao desenvolvimento do semi-árido
baiano, tendo como recorte geográfico a micro-região
de Canudos.
De
início, meu questionamento apresentava um contorno aparentemente
claro e definido, de cunho essencialmente acadêmico, visto
que eu atuaria na implantação de um parque histórico,
dedicando-me ao estudo de sítios e vestígios relacionados
ao conflito bélico, que apresentavam-se dispersos pelo chão
pedregoso em uma área de 18Km² selecionada para tal
por meio de um decreto do governo da Bahia.
Perguntava-me
se, de fato, a arqueologia poderia contribuir com fatos novos para
a dilatação do conhecimento em torno desse marcante
capítulo da história brasileira, me vendo diante de
uma vasta produção acadêmica e milhares de estudos,
monografias e interpretações a respeito da "epopéia
canudense"?
O convívio
com o universo canudense através da literatura, de seus porta-vozes
locais e as intermináveis prospecções pelas
veredas cheias de xique-xiques, favelas e macambiras da região
soavam dissonantes.
Um
primeiro impacto se deu ante a releitura in loco de Os
sertões, obra máxima de Euclides. O correspondente
militar passara alguns dias em Canudos e colhera elementos no calor
dos combates que o impulsionaram a construir uma obra marcante e
de grande impacto. Sabemos que sem Euclides da Cunha, Canudos poderia
ter caído no completo esquecimento como outros tantos movimentos
sociais similares e contemporâneos à epopéia
conselheirista.
Todavia,
essa obra literária por sua densidade, intensidade e qualidade
acabou ganhando o foro de fonte histórica, tornando-se para
muitos a verdade histórica.
Ocorre
que Os sertões, ao mesmo tempo em que revelava Canudos
para os brasileiros do litoral, acabava por lançar um imenso
manto sobre inúmeros aspectos desse episódio e da
história da comunidade que fincou pé na fazenda Canudos,
às margens do Vaza Barris.
Euclides
argamassou Canudos no consciente e inconsciente coletivo como um
episódio de caráter eminentemente bélico, uma
guerra fratricida. Falar de Canudos, passou a significar automaticamente
a guerra.
A vastíssima
produção e reflexão sobre o episódio,
produzida pelas mais diversas vertentes de pensamento, bebeu na
fonte euclidiana, situação que passou a se modificar
a partir de meados dos anos 1980, salvo algumas exceções:
José Calazans corria na contra-mão, por exemplo.
Como
apontou o historiador Marco Villa, cuja obra considero um marco
nesse campo, especialistas modelaram e explicaram Canudos como movimento
de caráter socialista e ou messiânico. Algumas obras
têm grande consistência. Todavia, outras abusam de esquemas
maximalistas.
Percebíamos
que a Arqueologia nos impelia, no caso de Canudos, rumo ao contato
direto com os seguidores de Antonio Conselheiro, de uma forma muito
interessante, permitindo penetrar no universo daqueles que não
tiveram o direito e a possibilidade de escrever sua própria
história.
Os
objetos, portanto, vistos como uma espécie de resíduo
básico das relações sociais, como suportes
destas, analisados dentro de uma perspectiva relacional, deveriam
ser capazes de falar sobre diversos aspectos e instâncias
das relações humanas, e, quiçá, fornecer
elementos para reescrevermos a própria história de
Canudos.
O espaço
é curto e tomaremos alguns exemplos.
Andando
pelo parque é possível ver no chão cartuchos,
pentes e projéteis relacionados aos combates, trincheiras,
sepulturas, restos de edificações e eles mostram algumas
coisas interessantes.
Euclides
e a produção subseqüente cimentaram ad nauseum
a idéia de que Antonio Conselheiro escolheu aquele local
por se tratar de uma fazenda antiga abandonada às margens
do rio Vaza Barris, a famosa fazenda Velha arruinada, transformada
durante os conflitos em posição militar.
Escavando
ao redor das ruínas da casa sede da fazenda recolhemos uma
enormidade de fragmentos de louças inglesas, francesas e
holandesas, características da produção européia
dos séculos XVIII e XIX que nos mostravam de imediato que
a tal edificação foi ocupada durante essa época.
O lixo deixado por seus ocupantes não mente e indicava que
ela foi intensamente ocupada ou, pelo menos, intensamente equipada
para receber visitantes com o que havia de melhor em abundância
nas cidades do litoral como Salvador no decorrer do século
XIX. O que se podia encontrar na época em casas de famílias
de certa posse no Recife ou em Salvador também existia lá.
Desses documentos, na verdade o lixo da casa, podemos tirar algumas
conclusões. Conselheiro não escolheu a esmo esse local.
Não se tratava de fato de um lugar ermo e desabitado, dados
que pesquisas realizadas mais recentemente vêm comprovando.
Para a arqueologia, algumas respostas podem ser imediatas, bastando
interrogar o próprio sítio arqueológico.
No
interior do parque, defronte a Canudos, identificamos os alicerces
de outras casas de fazenda pertencente à gente importante
como a família Macambira, os irmãos Vilanova. Ao seu
redor, os caraterísticos cacos de louça européias,
indicavam que esses grupos dominantes na hierarquia canudense mantinham
hábitos distintos aos da hoste conselheirista que vivia abaixo
na "Tróia de taipa e palha". Eram pessoas diferenciadas
que ocupavam uma posição física distinta. Não
residiam no interior da cidadela. E se escreveu tanto a respeito
da igualdade em Canudos...
Por
outro lado, no mesmo chão onde encontramos materiais bélicos
da guerra, temos uma enormidade de vestígios que nos remetem
a outros momentos de ocupação dessa região.
Não há canto do parque onde não se possa observar
lascas e utensílios de pedra produzidos há milhares
de anos, mostrando que Canudos constituía um local extremamente
interessante para a ocupação humana em tempos pretéritos.
E da arqueologia podemos migrar para a palentologia e observar no
parque restos de gigantescas coníferas fossilizadas de algumas
centenas de milhões de anos que nos ajudam a vislumbrar um
"sertão que foi mar", ou que contou com um clima
muito mais ameno.
Com
esses achados, vislumbrávamos a possibilidade de dilatar
as opções e temas que o parque poderia oferecer aos
seus usuários, além de um memorial por excelência
dedicado aos combatentes da Guerra de Canudos.
A marca
da guerra é tão forte que, até bem pouco tempo
atrás, falava-se muito pouco sobre o que aconteceu depois
dela. Praticamente seis meses após o término do conflito
começou a formar-se uma nova comunidade de sobreviventes
às margens do rio Umburanas.
Durante
a retomada das pesquisas em 1997, obtivemos do falecido João
de Régis, um salvo conduto que assegurava o retorno a Canudos
de sua família. O local, nas margens do rio Umburanas, um
dos limites do parque, identificado pela arqueologia, era, conforme
apuramos, exatamente o local onde se instalaram os sobreviventes
que retornaram a Canudos.
Eu
nunca tinha me dado conta dessa vontade canudense de permanecer
em Canudos. Comecei a perceber que se tornava necessário
retomar outros aspectos dessa saga sertaneja, e retomar num espectro
maior de tempo as outras guerras vivenciadas pelos povos que ocuparam
Canudos. Houve uma guerra implacável no período colonial
em todo o sertão, que é muito pouco abordada e que
só agora começa a rediscutida, que conduziu ao massacre
dos indígenas, levando à extinção de
inúmeras tribos e grupos que habitavam a região. Vale
aqui lembrar que as terras de Canudos pertenceram à família
do maior bandeirante baiano, que veio a tornar-se o maior detentor
de terras em toda a história da América, a família
Garcia d'Avila, inclusive da fazenda Canudos.
Examinando
a cartografia antiga percebemos que os caminhos convergiam para
a cidadela de Canudos, indicando que antes mesmo do Conselheiro
se instalar, esse local ocupava uma posição estratégica
no contexto regional. Canudos era localizada num entroncamento.
E aí vai uma outra pergunta. Conselheiro andou com sua gente
por 25, 27 anos, do litoral até o interior de Pernambuco,
construiu cemitérios, arrumou açudes, ergueu igrejas.
Por que escolheu Canudos? Por que ele optou por aquela posição?
Navegamos
na década de 1980 também sobre aspectos da geo-estratégia
jagunça, ou seja, do jeito canudense de guerrear. Usando
os vestígios da área do parque, e reconstituindo a
lógica das trincheiras jagunças, pudemos reconstituir
aspectos relacionados ao porquê das dificuldades dos avanços
e recuos das tropas legais.
Canudos
contava com uma organização militar, tinha um grupo
de bons guerreadores, contava com uma tropa de elite, a Guarda Católica,
que se preparou, e que, à medida que o conflito tornou-se
inevitável, trabalhou e gerou estratégias de defesa
que podem ser vistas parque adentro.
Existe
uma coisa fundamental em conflitos que é o conhecimento que
se tem do terreno, que é fundamental, para qualquer uma das
facções em qualquer tipo de combate. Os canudenses
conheciam em profundidade a região o que lhes dava enormes
vantagens. Percebe-se, analisando as trincheiras, que, com um mínimo
de esforço, eram montados pontos de artilharia e observação.
Muitas vezes duas pedrinhas colocadas numa goela de rio seco eram
suficientes para criar uma excelente posição de tiro,
bastando aguardar de tocaia a chegada das tropas que muitas vezes
eram conduzidas para determinados locais. Houve uma ciência
da guerra jagunça, houve uma estrutura, que precisa ser melhor
entendida.
Infelizmente,
a investigação iniciada no final do anos 80 foi bruscamente
paralisada e passaram-se praticamente dez anos até retornarmos
à Canudos, agora para implantar em definitivo o seu parque
estadual e memorial.
Com
a aproximação do centenário da guerra, a nova
direção do CEEC/Uneb nos convocou para realizar uma
avaliação da área e desenvolver um projeto
em caráter emergencial, visto que as comemorações
certamente atrairiam gente de todos os cantos com riscos evidentes
aos bens culturais identificados na década de 1980. Nossa
primeira constatação foi de que a ausência de
proteção conduziu, em uma década, à
redução ou desaparição por completo
de vestígios que outrora brotavam do chão. Encontramos
gente de Canudos comercializando souvenires da guerra.
Uma
nova questão se colocava: como criar estratégias que
contribuíssem para modificar essa situação
e dessem ao parque mecanismos de auto-sustentabilidade? Este era
o grande desafio, ou seja, resgatar o patrimônio e tornar
esses bens culturais algo benéfico para a comunidade sertaneja.
E para tal, a Uneb organizou várias frentes de trabalho,
envolvendo educação, seminários, a implantação
de um memorial em consórcio com a montagem do parque.
A pesquisa
arqueológica deveria fornecer também insumos para
o desenvolvimento de roteiros de visitação, definição
de locais que pudessem ser abertos à visitação,
a revitalização de algumas estruturas, e assim por
diante.
Um
dos locais estudados, o Vale da Morte, que fica no interior do parque,
é onde há um maior número de sepultamentos.
As descrições que contamos desse hospital de campanha
são aterradoras. E os vestígios também. Vimos,
em algumas sepulturas, a presença de ossos de animais junto
com ossos humanos, ou seja, cavalos enterrados com gente. Contamos
com cadáveres praticamente insepultos ou recobertos por uma
pequena camada de terra. Também não escapou da ação
de curiosos e saqueadores. Não só homens, mas também
animais vêm contribuindo para a degradação do
sítio. Bodes no tempo da seca acabam utilizando os sepultamentos
como fontes de cálcio.
Assim,
um estudo foi realizado para avaliar a situação dessa
área e das condições de preservação
desse campo santo e mausoléu ao ar livre para estudos futuros.
Estão ali centenas de combatentes. Eles são um pedaço
da história que não pode ser esquecida. A guerra de
Canudos teve dois lados e essas marcas da passagem humana devem
ser preservadas. Os esqueletos funcionam, para os estudiosos, como
verdadeiros diários que registram informações
importantes. Cada marca presente nos ossos nos mostra doenças,
deficiências, esforços repetitivos, enfim, nos conduz
até mesmo a comportamentos sociais.
Dado
o grau de conservação, para realizar o seu estudo
e não a mera exumação de esqueletos concluiu-se
que deverá ser montado um laboratório in loco.
Porém, esse é um procedimento caro, que tem que ser
levado em conta no planejamento e cronograma de ações
no parque.
O material
ósseo retirado do Vale da Morte veio a São Paulo para
ser estudado na USP e os resultados das análises permitiram
montar uma pequena exposição com réplicas e
reconstituições hoje integrantes do acervo do Memorial,
em Canudos.
Um
dos esqueletos de combatentes estudado tinha algumas características
interessantes. Pelos botões e insígnias do fardamento,
ele integrava a banda militar. Pelas feições, ficamos
sabendo que ele era de origem africana ou afro-brasileira, portador
de um tipo de mutilação dentária ritual. Sofreu
em vida e teve o braço quebrado, quiçá devido
aos trabalhos como escravo. Não quebrou o braço na
guerra, provavelmente nunca ocupou uma posição na
artilharia.
Como
é possível ver, apenas um esqueleto de um soldado
nos remete à outra questão pouco aprofundada e magistralmente
pontuada por José Calazans que talhou Canudos como o "último
dos quilombos". Basta olhar as fotos de Flávio de Barros
para nos darmos conta da presença negra no episódio
de Canudos, em ambos os lados envolvidos.
Reinserçao
da igreja nova de Canudos (modelagem
a partir dos dados arqueológicos)
crédito: Flávio de Barros (1897)
Por
outro lado, é fácil, por razões humanistas,
tomarmos o partido em favor de Canudos mediante todos os horrores
praticados pelo exército. Porém no Vale da Morte penetramos
no terrível cotidiano dos milhares de praças, brasileiros
que foram enviados para o campo de batalha. Deles também
restaram poucos registros escritos. Muito se fala de generais, majores,
coronéis, mas, dos soldados...
Escavando
o arraial de Belo Monte
No decorrer de 1997, o açude de Cocorobó chegou à
sua capacidade mínima e pudemos realizar rapidamente uma
intervenção arqueológica no arraial de Antonio
Conselheiro.
Escavações
na Igreja velha da Canundos
conselheirista
Crédito: Zanettini Arqueologia (acervo)
Durante
20 dias, tivemos a oportunidade rara de escavar sob o lodo a chamada
Praça das Igrejas, que nos ofereceu uma visão concreta
desse espaço e das construções outrora existentes,
no coração da Canudos conselheirista. Aliás,
Belo Monte era a única cidade no sertão baiano que
possuía duas igrejas faceadas, entremeadas por um cruzeiro
palanque, marca registrada do Bom Jesus Conselheiro. E que, como
pontuou Marco Villa, nos dão provas a respeito dos processos
próprios da organização dessa comunidade em
fins do século XIX.
Hoje
é possível navegar pela Internet pela Praça
das Igrejas através do nosso site Arqueologia
Brasileira, patrocinado pelo Instituto Cultural Itaú.
Igreja
de Santo Antonio ressurge com o
ressecamento do açude em 1997.
Canudos reconstruída (século XX)
Falando
um pouco das edificações, temos, por exemplo, a Igreja
Nova em fase de construção quando a guerra estourou.
Nos relatos deixados, essa igreja ganha proporções
de uma grande catedral. Militares a compararam à Sé
de Salvador em dimensão. As paredes da igreja inflaram em
metros e ela tornou-se a fortaleza inexpugnável dos jagunços.
Na
verdade, a arqueologia evidenciou os alicerces de uma pequena igreja
com exatos 306 metros quadrados, uma "capela" para os
tempos de hoje.
As
escavações na Igreja de Santo Antonio e cruzeiro,
documentados durante a pesquisa nos colocavam contato com o Antonio
Conselheiro arquiteto, engenheiro, projetista, executador laborioso,
e com uma comunidade organizada, com olarias, pedreiras, artífices
trabalhando em jornadas, e assim por diante. Víamo-nos diante,
mais uma vez, de um Antonio Conselheiro mobilizador de gente, mobilizador
de canteiros, ou seja, de uma comunidade organizada, que buscava
dar sentido e forma a suas ações.
Os
trabalhos avançaram também no cadastro de estruturas
da Canudos reconstruída após a guerra, e esse foi
um trabalho muito interessante trazendo os moradores de Canudos
para o sítio e recolhendo depoimentos e histórias
da cidade, e de seu funcionamento, que foi desmontada com a implantação
do açude.
Por
que esse lugar? Essa questão já nos incomodava em
1986. Sempre ouvimos a mesma conversa: foi construído um
açude para apagar a memória de Canudos. Sem dúvida.
Mas, olhando os estudos geológicos, os estudos geofísicos
e os fatos históricos, percebe-se que essa era a área
de maior probabilidade de existir água em toda a bacia hidrográfica
do rio Vaza-Barris. Não é à toa que plantaram
ali o açude Cocorobó. Não é à
toa que Conselheiro, depois de andar 20 e tantos anos, se posicionou
junto a essa zona de cacimbas naturais. Para mexer um pouquinho
com a questão política, essa área também
correspondia a uma fronteira geopolítica entre as duas grandes
famílias que dominavam a política baiana, os Gonçalves
e os Viana.
Naturalmente
nos distanciávamos de uma arqueologia da morte para fazer
uma arqueologia da vida em Canudos.
Porém,
a água voltou subitamente e para rever novamente Canudos
serão necessárias algumas décadas e secas cíclicas.
Olhamos
para essa paisagem e temos que refletir também sobre o franco
processo de desertificação que ela vem conhecendo.
Há um açude enorme que serviu para nada durante dezenas
de anos. Canudos mudou? As guerras de Canudos continuam? Quais as
reações, quais as formas? Uma terra que, se bem irrigada,
dá cachos de banana de dois metros e meio. Quando mal irrigada,
saliniza terrenos de forma irremediável.
Está
chegando a hora de retornar a Canudos. Porém, agora para
implantar um projeto de longo termo e que possa, de fato, contribuir
dentro de uma perspectiva mais ampla para que os recursos culturais
até o presente identificados possam ser incorporados às
estratégias de sobrevivência da comunidade canudense.
texto
adaptado de palestra proferida na Associação Arte
e Vida, Recife, 2003
Paulo
Zanettini é arqueólogo e diretor da Zanettini Arqueologia.
Foi consultor do Governo do Estado da Bahia para o Projetos Canudos.
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