Comunidade
isolada terá energia gerada por tecnologia de ponta
Levar energia elétrica, produzida com tecnologia
de ponta, para uma comunidade no meio da Amazônia. Este é o objetivo
do Projeto Celcomb – Produção de Energia Alternativa a partir
de Células a Combustível e Gás Natural no Estado de Amazonas,
que prevê o abastecimento da comunidade isolada de Arixi, localizada no
município de Anamã, no Amazonas. A energia será gerada
a partir da implantação de um sistema Reformador de Gás
Natural / Purificador de Hidrogênio / Célula a Combustível
.
O desenvolvimento dessa tecnologia tem sido objeto de um grande esforço
envolvendo os principais centros de pesquisa nacionais. Esse sistema produz
o hidrogênio a partir do processo de reforma do gás natural e,
através de uma reação química na célula a
combustível, gera energia elétrica. A célula a combustível
é um equipamento que converte hidrogênio e oxigênio (do ar)
em energia elétrica, água e calor.
O projeto, a ser implementado em dois anos, envolve inicialmente a análise
sócio-econômica e ambiental da região em que vive a comunidade,
assim como estudos técnicos do sistema reformador de gás natural,
seguidos da construção do equipamento e aquisição
de uma célula a combustível de 5 kW. Após sua instalação,
uma equipe técnica formada pelos próprios habitantes da comunidade
receberá instruções para operação e manutenção
do equipamento. Posteriormente, haverá o acompanhamento do sistema.
A comunidade de Arixi
A escolha da comunidade de Arixi para o desenvolvimento do projeto se deu pelo
fácil acesso ao gás natural, matéria-prima a ser utilizada,
já que Anamã está localizada entre Manaus e o município
de Coari, por onde passa o gasoduto proveniente da reserva de Urucu. Atualmente,
segundo a prefeita de Anamã, Esmeralda Moura, os 600 habitantes de Arixi
contam com o fornecimento de energia elétrica apenas no período
das 18h às 22h30, através de um gerador diesel. Além do
alto consumo do combustível (14 litros por hora) os moradores enfrentam
dificuldades para sua obtenção devido ao acesso a Anamã
ser feito unicamente por barcos e canoas voadeiras, o que também dificulta
a manutenção do sistema, que sofre constantes interrupções.
Financiado pelo Ministério de Minas e Energia e pelo Fundo Setorial
CT-Energ, o projeto surgiu através de uma parceria entre o Núcleo
Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), o Núcleo de
Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam), o Laboratório de Hidrogênio
do Instituto de Física (LH2), todos pertencentes à Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), com o Departamento de Eletricidade da Universidade
Federal do Amazonas.
De acordo com Lucia da Costa Ferreira, coordenadora do Nepam, a comunidade
participa diretamente das decisões sobre o uso da energia alternativa.
Os principais benefícios são a diminuição da dependência
do óleo diesel, que possui um custo elevado, de difícil transporte
e altamente poluente. Além disso, os investimentos em equipamentos coletivos
fortalecem a organização social e comunitária e propiciam
a significativa melhoria na qualidade de vida, produtividade e renda, sem aumentar
a demanda por recursos naturais.
“Este projeto irá evidenciar a possibilidade de conciliar as necessidades
energéticas de uma comunidade isolada, a partir da utilização
do gás natural existente, com a tecnologia do futuro que são as
células a combustível. Desta forma, é possível melhorar
a realidade sócio-econômica da população e atender
a necessidade de redução dos impactos ambientais com a produção
de energia elétrica”, destaca o coordenador do projeto, Carlos
Alberto Figueiredo, professor da Universidade Federal do Amazonas.
Com a experiência no Amazonas, espera-se obter uma nova alternativa para
o suprimento de energia elétrica em localidades isoladas. Segundo o Ennio
Peres da Silva, chefe do Laboratório de Hidrogênio e coordenador
do Nipe, “a possibilidade do uso de recursos energéticos locais
e também de fontes renováveis, como o etanol, que pode ser utilizado
no lugar do gás natural, significa uma nova alternativa tecnológica
a ser considerada no atendimento das comunidades isoladas do Sistema Elétrico
Brasileiro”.
(CPB,
FGV e FM)
|