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SCO x IBM: o que está em jogo ?

Marcus Vinícius Brandão Soares

Em primeiro lugar, gostaria de explicar, sem esgotar o assunto, o primeiro ponto que está em jogo nesta discussão: modelos de negócio. As empresas da era industrial, da linha de montagem Taylorista-Fordista baseiam seu esquema na diluição dos custos de seus produtos em função da massificação dos mesmos e no fato de que o custo de fabricação do segundo produto continua sendo comparável ao custo de fabricação do primeiro, e por isso a necessidade de diluição e da fabricação em massa.

Exemplificando: para produzir o primeiro carro é necessária a utilização de operários, robôs, galpões, maquinário, pessoal administrativo etc. Para fabricar o segundo carro, toda essa miríade de elementos também é necessária. Ora, para poder pagar tudo isso é necessário fabricar carros em massa, de maneira que o preço de venda cubra os custos gerando receita suficiente para cobrir as despesas e ainda sobrar para pagar os acionistas. Isso se aplica muito bem para bens tangíveis como carros, aviões, máquinas, telefones.

Neste modelo, usando a hipótese ceteris paribus os lucros aumentam se:

a) aumenta-se a produção e vende-se mais;
b) mantém-se a produção e aumenta-se o preço de venda;
c) diminuem-se os custos de produção.

Isto tudo funciona muito bem se os produtos são tangíveis e diferenciáveis, ou seja, dois carros são dois produtos distintos, por mais que sejam aparentemente iguais. O modelo de negócio industrial tem por premissa o fato de que a troca é feita bem a bem e que é necessária a mobilização dos mesmos elementos para a fabricação do segundo bem.

Por outro lado, quando um software é fabricado, uma outra miríade de elementos é mobilizada: analistas, software, hardware, pessoal administrativo etc. Existe aí uma diferença que é fundamental: quando um software é liberado para o consumidor, o segundo exemplar do software (a cópia) a ser vendido sai a custo muito menor para o fabricante.

Exemplificando: custa R$ 10 mil fabricar um software, mas se forem vendidos 10 mil softwares "iguais", o custo de cada um é irrisório. Sim, por que o custo vai ser diluído no número de cópias, e como o custo de uma cópia se aproxima de zero (por que o custo do processo de cópia se aproxima de zero), o que acontece é uma espécie de situação paradisíaca: fabrica-se um original e vendem-se milhares de cópias. A partir de um determinado instante quase tudo é lucro.

Mas o que acontece quando o consumidor resolve ele mesmo fabricar o produto? A resposta para cada caso (industrial x intelectual) é diferente, mas facilmente visível ou sensível (ao menos no bolso).

No caso industrial, é extremamente difícil o consumidor fabricar algo, pois seus recursos são, em geral, muito limitados. Tome-se o exemplo do carro: dificilmente alguém mobiliza os elementos necessários para fabricar um e apenas um carro para si, pois o custo de fabricação é maior que o custo de compra do mesmo em uma fábrica. O prof. Ronald H. Coase explica isso muito bem no seu artigo "The Nature of the Firm", datado de 1937 .

No caso intelectual, se o consumidor mobilizar um computador, softwares adequados, livros e internet, por exemplo, ele próprio pode fazer um software que atenda às suas necessidades, não precisando mais do fabricante de maneira tão intensa, pois ele mesmo se torna um fabricante. Os custos de mobilização, neste caso, são diferentes e bem menores. Eis alguns exemplos:

a) Um computador médio (Pentium III, por exemplo) sai na faixa de R$ 1,5 mil reais;
b) Os livros podem ser encontrados em bibliotecas a custo zero ou em livrarias que cobram preços que giram por volta de R$ 60;
c) O acesso à internet pode ser feito em um provedor gratuito;
d) A conta telefônica pode girar em torno dos R$ 150 mensais por causa do uso da internet;
e) dependendo dos programas de computador podem ser livres ou gratuitos. Em ambos os casos o custo beira a zero.

Ou seja, para fabricar um programa de computador, o gasto médio gira em torno R$ 2,25 mil (computador + 10 livros + um mês de conta telefônica). Os valores foram exagerados para que o leitor possa perceber que podem ser mais baixos.

Há mais um detalhe: se o carro rodar durante 200 mil km, ele se desgasta e as peças têm que ser trocadas; já se o software rodar 200 mil horas ele não se desgasta. O máximo que poderá acontecer é o hardware se desgastar e ter que ser trocado, mas o software não.

Usando a teoria do prof. Coase novamente, se o consumidor usa softwares como meio para seu trabalho pode ser mais barato comprar a fabricação e a manutenção do software de um terceiro. Como o custo de fabricação é um só, resta cobrar o serviço de manutenção. Por isso é que o modelo de negócio muda.

A pergunta que fica no ar é a seguinte: como as empresas que negociam programas de computador baseados em um modelo de negócio industrial (vendem o produto "final") sobrevivem quando o usuário vira programador (vende o serviço de manutenção) e o modelo de negócio muda? Podem ser listadas algumas saídas:

a) fechar as portas (mais drástica);
b) mudar a maneira de trabalhar (mudar de modelo de negócio);
c) agarrar-se à maneira antiga de trabalhar e tentar mantê-la a qualquer custo (usar de todos os meios, quaisquer que sejam, para manter o status quo, ou pelo menos ganhar tempo para pensar como migrar de maneira não traumática para as alternativas anteriores).

Esta terceira maneira está sendo a opção de alguns fabricantes que estão no mercado há algum tempo. É isto que será analisado a partir de agora.

O caso SCO x IBM
O caso SCO x IBM é a ponta de um iceberg que já vem se construindo há algum tempo e é um caso típico de tentativa de manutenção de status quo de uma empresa de mentalidade industrial face a um novo modelo de negócios baseado em serviços, com o qual não está acostumada e com o qual não parece estar disposta a aderir.

Um dado importante para a análise que vai ser feita é saber que, pouco tempo depois da ação judicial SCO x IBM se iniciar, a Microsoft comprou a licença do Unix da SCO, ou seja, é supostamente interessante para a Microsoft que a SCO imponha e mantenha o seu Unix e o seu mercado, que representa a imposição de seu modelo de negócio, modelo esse que é o mesmo da Microsoft.

A IBM, por sua vez, empregou nos seus quadros pesquisadores como Brian Behlendorf e Andrew Tridgell, conhecidos como criadores dos projetos Apache e Samba, respectivamente. O Apache é o servidor de HTTP mais utilizado na internet e o Samba é um servidor de arquivos que pode substituir o servidor Windows NT e assemelhados.

A idéia da IBM foi, novamente, baseada na obra do prof. Coase: como seu servidor de páginas da plataforma WebSphere não ficava pronto, ela resolveu contratar um pesquisador de fora (Behlendorf) e que já trabalhava com um pronto (o Apache), ou seja, é mais barato contratar alguém fora do que fazer dentro da firma quando os custos internos são maiores. O livro Rebel Code de Glyn Moody conta a história da contratação do líder do Apache com detalhes.

Mas a IBM é uma empresa e ela possuía outras intenções. E quais eram?

Ora, a IBM sempre esmerou seus negócios em duas palavras: marketing e manutenção. É sabido que as máquinas da IBM raramente param, e quando param a manutenção (pelo menos para os grandes clientes) é rápida e eficaz. O marketing dispensa comentários.

Mas com a computação cooperativa entrando nas corporações e o predomínio dos computadores de mesa que ela própria ajudou a criar, houve uma movimentação no mercado em direção ao downsizing. A IBM entendeu o recado do mercado e se movimentou para se ajustar. As contratações citadas são apenas exemplo de um movimento em direção a um outro modelo de negócio. E observe-se que o ajuste foi feito para manter as palavras base do core-business da IBM que são marketing e manutenção.

Explicando melhor: nos dias de hoje a imprensa está expondo cada vez mais os programas de computador livres, nos quais vários colaboradores trabalham para mantê-los, muitas vezes apenas pelo mérito de participar de projetos ditos livres. Na visão do programador cujo estímulo para trabalhar tem forte base no mérito - um hacker - qual a maior honra do que falar "diretamente" (via e-mail) com Brian Behlendorf? Ou com Andrew Tridgel? E de ter um programa aceito no projeto de hackers deste nível? Eric Raymond explica bem estas atitudes no seu livro The Cathedral and the Bazaar.

Sob esse ponto de vista, cada projeto (no caso, os citados Apache e Samba) passa a ter uma base de manutenção em nível mundial e a IBM entra para o time dos bem-vistos pelo pessoal que trabalha com open source (para as empresas) ou free softwares (para os hackers) pois patrocina o trabalho de líderes. A IBM ganha dos dois lados - mercado e meio acadêmico - e mantém as suas duas palavras básicas: marketing - "alguns hackers líderes de projeto estão aqui" - e manutenção - "temos a maior base de programadores do mundo".

E o que acontece com a SCO? Sem conseguir mudar o seu modelo de negócios e sem resposta para dar a seus acionistas resta-lhe atacar a IBM da maneira que lhe for possível. Aí vem a pergunta: como a SCO vai pagar advogados? Existem duas possibilidades básicas: a) os advogados concordam em fazer um contrato de risco e receber os honorários se a SCO ganhar a lide ou b) alguém injeta dinheiro na SCO para que a lide continue, ou seja, paga para ver.

Ora, segundo o prof. Milton Friedman, Nobel de Economia de 1976, "não existe almoço grátis" , ou seja, os advogados vão querer receber, ainda mais vendo quem está do outro lado: a IBM, que não é pequena em termos financeiros. Resta a pergunta: quem estaria injetando dinheiro na SCO?

Para poder tentar responder esta pergunta é necessário observar outras perguntas:

a) Quem, no mundo do software, certamente está deixando de ganhar dinheiro com a proliferação descontrolada do software livre/open source?
b) Quem, no mundo do software, já foi acusado de prática de dumping no que diz respeito ao custo de softwares, pelo menos no mundo dos microcomputadores?
c) Quem tem a maior base instalada em termos de sistemas operacionais de microcomputadores, pelo menos no mundo ocidental?
d) Quem soltou o primeiro manifesto de que se tem notícia sobre por que softwares devem ser comprados e não dados?
e) Quem recentemente colocou o software livre/aberto, em particular o Linux, com a sua segunda maior ameaça em termos de mercado?
f) Quem faz lobby, inclusive junto a governos, no sentido da "liberdade" de escolha, usando como argumento a "neutralidade" técnica ?

Enfim, quem tem interesse de que o status quo se mantenha? A resposta parece clara: a Microsoft. E o que a Microsoft tem a ver com a SCO e com a IBM? É o que será comentado a seguir.

Observando o caso SCO x IBM como um jogo
Tendo por base o Manual de Economia da Equipe de Professores da USP, pode-se encarar o caso SCO x IBM como um jogo não-cooperativo, seqüencial (como todo processo judicial) e com informação completa (as informações para o andamento do processo está nos autos, que são plenamente acessíveis aos jogadores), sendo que os jogadores ostensivos são SCO e a IBM. A figura abaixo representa possíveis estratégias dos jogadores:


Figura 1 - Jogadores e suas Estratégias

Segue-se uma descrição de cada um dos playoffs apresentados:

Situação 1 - a SCO ataca IBM que ataca SCO

Supondo que o processo SCO x IBM continue por um bom tempo, ou seja, que haja holofotes grandes sobre estas duas empresas, isso acaba virando algo maniqueísta (típico da cultura anglo-saxã) - a má SCO contra a boa IBM. Esta polarização, no que diz respeito a discursos, é comentada por John Law na introdução do seu livro Aircraft Stories.

Mantendo-se a situação por um bom tempo, a SCO passa a ser o foco das atenções e dos ódios/rancores desviando este foco, que estava sobre a Microsoft. A Microsoft ganha, pois deixa de ser vista como o "lado negro da força", passando o cargo à SCO.

Tal situação ainda faz com que a IBM tenha que avaliar cada passo que vai dar por causa de conseqüências judiciais futuras. Este tempo gasto pela IBM gera custos, o que pode levá-la a um questionamento sobre se vale e até onde vale continuar a investir em software livre.

Situação 2 - a SCO ganha (IBM perde)

Supondo vitória judicial da SCO a Microsoft ganha, pois estava ao seu lado o tempo todo, pelo menos no que diz respeito aos tribunais. O que vai ficar nos autos do processo e anais da história é o fato de que uma pequena companhia (a SCO) conseguiu vencer a grande companhia (a IBM). Algo como David e Golias, sendo a Justiça a funda;

Situação 3 - a SCO perde (IBM ganha)

Supondo vitória judicial da IBM, a sentença abre precedente para outras, segundo o Direito Anglo-Saxão, que julga caso com base em casos concretos. Acontecerá uma situação de conforto e de estabilidade no mercado no que diz respeito ao uso do Linux, até por que não haverá interesse da IBM em processar quem quer que seja pela razões já descritas no presente texto.

Apesar da vitória judicial a IBM terá perdido tempo e dinheiro. A Microsoft terá ganho tempo para começa testar o Linux e ver o que vai fazer no que diz respeito a ele, isto sem estar sob o foco dos holofotes

Situação 4 - a SCO desiste do processo

Supondo desistência da SCO o processo se extingue por falta de interesse da parte autora. Muito dinheiro da IBM já terá sido usado em custas judicias e restará a ela tentar reaver o dinheiro iniciando um outro jogo (que aliás já começou).

Restará para outras empresas do mercado perguntar: "isso pode acontecer comigo? Eu não sou do tamanho da IBM. E aí?" E aí entra a Microsoft, que ganha usando o velho efeito FUD (Fear - medo, Uncertantinty - incerteza e Doubt - dúvida) para convencer os consumidores de que "a Microsoft esteve fora disso o tempo todo. Nós nada temos a ver com isso. Compre nosso produtos e você não terá problemas. Alie-se a nós."

Situação 5 - a SCO aceita acordo (a IBM aceita acordo)

Supondo que haja um acordo judicial, isso vai gerar um situação de instabilidade no mercado, que vai, pelo menos durante algum tempo, desconfiar do uso do Linux justamente por causa do início do caso SCO x IBM, pois um acordo se dá apenas entre as partes; não vale para todo o mercado.

A pergunta da situação anterior mostra-se válida novamente (e a resposta também).

Situação 6 - a IBM compra a SCO

O processo morre pela morte da parte autora (a SCO deixa de existir como empresa e a IBM herda o processo, passando a nova autora. Como o autor não pode continuar um processo contra si mesmo o processo morre).

Encerram-se as controvérsias e acendem-se os holofotes da vitória sobre a IBM, que posa como defensora do Linux e da liberdade levando, inclusive, os direitos do licenciamento que foram concedidos pela SCO à Microsoft. Neste caso a Microsoft perde.

Quem ganha e quem perde ?

As cinco primeiras situações são soluções judiciais para o problema. A única situação em que a Justiça se retira é a última. Como já foi comentado, não há processo sem autor.

Nas cinco primeiras situações encontram-se boas razões pelas quais a Microsoft não fala, não escreve, não toma atitudes, enfim, não se mete. Não é interessante para ela se meter, pois ela ganha, nem que seja tempo, qualquer que seja a decisão judicial. A sexta situação é aquela em que a Microsoft pode perder: no caso da compra SCO pela IBM. Mas será que interessa à SCO ser comprada? E, caso positivo, por quê?

Por que é interessante para a SCO ser comprada pela IBM

Algumas razões pelas quais é interessante para a SCO ser comprada são as seguintes: seu expertise é em POSIX (UNIX e assemelhados), seus executivos não mais correriam o risco de haver, como no caso do Brasil, perante um tribunal, a despersonalização da pessoa jurídica (sai a SCO e entram em cena os administradores da SCO), de terem os problemas que aconteceram aos administradores da Enron, por exemplo (contas bancárias confiscadas; suicídio de um diretor da companhia; ameaça de cadeia por parte do governo americano).

Seguindo esta linha de pensamento, o interesse da SCO é ser comprada por alguém que resolva seus problemas financeiros e jurídicos. Esse tipo de atitude já aconteceu com outras empresas. Um exemplo é o da compra da Netscape pela AOL e da morte do processo movido contra a Microsoft por causa do embutimento do browser Internet Explorer no sistema operacional.

Por isso é interessante para a SCO ser comprada pela IBM: isso resolve os problemas financeiros (responsabilidade perante os acionistas) e jurídicos (o processo é declarado extinto) citados anteriormente.

Começa um "novo" jogo

O "novo" jogo chama-se Red-Hat x SCO, pois a primeira também resolveu tomar duas atitudes: a) entrar com processo contra a SCO e b) constituir um fundo para que outras empresas que trabalhem com Linux não corram riscos de uma ameaça do mesmo tipo.

Observando esta atitude da Red-Hat e os problemas que os processos judiciais estão provocando em termos de vendas de serviços baseados em Linux, pode-se pensar de uma maneira simplista: "a Red-Hat moveu processo contra a SCO por que está perdendo dinheiro com a má propaganda sobre cobrança de licenças e com o efeito FUD".

Mas há outra possibilidade, esta menos aventada: a Red-Hat quer eliminar a SCO por asfixia e fazer o processo morrer, o que corresponde à situação 4. A asfixia se deve ao seguinte fato: até onde a SCO (supostamente apoiada financeiramente pela Microsoft) agüenta pagar custas judiciais para manter o processo andando? Independente da pergunta, pode-se observar que a Microsoft ainda ganha o jogo.

Neste caso, como no caso da IBM, a Red-Hat só ganha se comprar a SCO, pela mesmas razões apontadas para a compra da SCO pela IBM.

Conclusão
Mudanças quase sempre encontram resistências. Principalmente quando as mudanças mexem com estruturas aparentemente sólidas, que foram construídas ao longo de muito tempo e que acabaram se tornando modos de agir bem conhecidos. Correr riscos é algo que não atrai muito quem está numa situação de conforto, principalmente quando o risco é da perda na "naturalidade" que existe na situação.

O modelo de negócio industrial, que tem em um de seus pilares o bem tangível e concreto, a cada dia mostra-se mais exaurido face a um "modelo informacional" (se é que existe um), que já mostra um de seus pilares: o intangível, o abstrato. Um dos bens que representa este novo "modelo" chama-se conhecimento.

Esse conhecimento, quando codificado e sob a forma de software, engana a muitos que pensam que ele passa a ser tangível, uma vez gravado na mídia que o transporta. Diante disso, o vendedor lança mão da negociação com base no modelo industrial, o que a outra parte aceita por pensar que está recebendo algo tangível, quando o que está recebendo é o resultado de um mero processo de cópia e não de produção direta.

Ao perceber o engano e refletir sobre o valor de troca (no caso a mídia) e sobre valor de uso (no caso o do software), o comprador coloca em xeque o modelo industrial de negócios do vendedor como um todo.

Sem saber como agir diante de tal reflexão, o vendedor passa a atacar os primeiros ao seu redor que enxerga como adversários: outros vendedores (que já não mais compactuam com seu modelo de negócio), e os próprios compradores (que querem um novo modelo para a negociação). Nesse instante o vendedor lança mão de todos os artifícios possíves e até a Justiça é chamada para ajudar.

O caso da SCO x IBM é um exemplo de tal atitude. É o primeiro com tanta publicidade, mas provavelmente não será o último. Muito dinheiro e esforço ainda há de ser desperdiçado com contendas fora e dentro dos tribunais até que se configure uma situação de mercado novamente estável, com um "modelo informacional" substituindo o modelo industrial para a produção e venda do software.

Resta ver o que vai acontecer acabar primeiro: falta de recursos de qualquer espécie (financeiros, judiciais etc) contra a mudança, a falência ou a adaptação daqueles que insistem em manter o (já antigo) estado de coisas.

Marcus Vinícius Brandão Soares é mestre em Engenharia de Sistemas e Computação pela COPPE.


Observações

Ceteris paribus significa tudo mais constante. (voltar)

Freitas, M. A. (voltar)

"SCO processa IBM por causa do Linux", 07/03/2003. (voltar)

"Microsoft spokeswoman Alex Mercer denied Microsoft's timing had anything to do with trying to exploit controversy in the Linux market to benefit Windows. She said the two companies had been working on the license agreement for several months and had finally signed the deal last week."
Fonte: http://www.wired.com/news/business/0,1367,58904,00.html Obs.: A última semana citada na fala acima é no início de maio de 2003. (voltar)

Fonte: http://news.netcraft.com (voltar)

"Samba is an Open Source/Free Software suite that provides seamless file and print services to SMB/CIFS clients." Fonte: http://www.samba.org Obs.: O protocolo utilizado pelo Windows NT e assemelhados é o SMB (Server Message Block) (voltar)

Moody, G. Rebel Code - Inside Linux and the Open Source Revolution Cambridge, Massachussets: Perseus Publishing. 2001. (voltar)

Raymond, E. S. The Cathedral & The Bazaar - Musings on Linux and Open Source by an Accidental Revolutionary. Sebastopol, California: O´Reilly. 2001. (voltar)

http://news.com.com/2100-1001-966219.html (voltar)

http://www.wired.com/news/politics/0,1283,15714,00.html Obs.: A matéria refere-se ao Browser Netscape e à linguagem Sun Java. (voltar)

http://www.opensource.org/docs/msFUD_to_peru.php (cópia da carta ao Governo do Peru) e
http://www.softwarechoice.org/Portugese/port_default.asp (metade do site está em português e metade em inglês) (voltar)

Pinho, D. B., Vasconcelos, M.A.S. et al. Manual de economia - Equipe de Professores da USP. São Paulo, SP : Saraiva. 1998. (voltar)

Law, J. Aircraft Stories - Descentering the Object in Technocience. Durham and London. Duke University Press. 2002. (voltar)

Wang, C. B. O novo papel do executivo de informática - guia prático de referência para enfrentar os desafios da tecnologia de informação nos dias atuais. trad. José Eduardo Ribeiro Moretzohn. São Paulo, SP: Makron Books. 1995. (voltar)

Código de Defesa do Consumidor, art.28. (voltar)

Marcelo, A. O Mito da Caixa. http://www.plebe.com.br/files/caixa.pdf (voltar)

 
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Atualizado em 10/06/2004
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