Faltam recursos para o Museu
Quando nos referimos aos Museus de nosso país, logo
nos vêm à mente as dificuldades financeiras por eles enfrentadas.
Com o Museu do Inconsciente, não é diferente. O fato de ele pertencer
até o momento ao Ministério
da Saúde, antes de ser uma solução, é mais um complicador, uma
vez que o Ministério tem outras prioridades dada a escassez de recursos.
Mas, segundo nos revelou a Dra. Gladys Schincariol, psicóloga que
trabalha no Museu desde 1979, a instituição tem contado, de forma
um tanto irregular mas imprescindível, com o apoio da Sociedade Amigos
do Museu do Inconsciente. Através dela tem conseguido a captação de
recursos externos sem depender da burocracia da "máquina pública".
Além disso, existem outros projetos com vistas à obtenção dos recursos
necessários para que o Museu consiga resolver seus sérios problemas
de manutenção, e assim conservar seu acervo sempre aberto à visitação
e pesquisa.
As dificuldades financeiras enfrentadas pelo Museu
do Inconsciente trouxeram uma polêmica sugestão: a comercialização
de suas obras. Atualmente, temos presenciado uma multiplicação das
chamadas "terapias alternativas". Uma delas, a "arteterapia", utiliza
conceitos pseudocientíficos, esotéricos, místicos e mesmo alguns dos
conceitos junguianos utilizados no Museu do Inconsciente. O termo
arteterapia, segundo a Dra. Gladys, nunca foi aceito pelos profissionais
ligados ao Museu. A palavra arte já traz conotações de valor e qualidade
estética implícitas e o terapeuta deve estar consciente de que o psicótico
jamais deve desenhar ou pintar para se tornar um artista, e sim buscar
uma linguagem com a qual possa exprimir suas emoções mais profundas.
O terapeuta busca nas configurações plásticas a problemática afetiva
de seu paciente, seus sofrimentos e desejos.
Embora os terapeutas tenham consciência dos reais
objetivos de seu trabalho, em certos casos a manifestação criativa
dos pacientes transforma-se naturalmente em arte.
Provavelmente porque alguns deles têm talentos especiais
que não passam despercebidos aos expertos em arte. A possível comercialização
dessas obras é um assunto bastante polêmico e contraria os objetivos
do Museu. Segundo a Dra. Gladys "as pessoas que defendem a idéia de
comercialização de obras do Museu, mostram-se absolutamente ignorantes
de seu significado, e por que não dizer, sem respeito pelo trabalho
desenvolvido pela Dra. Nise e sua equipe. Além do valor científico
do Acervo - o estudo das séries de imagens - temos outras implicações
de ordem subjetiva, como o sigilo dos casos clínicos e o respeito
pelas pessoas que fazem seu tratamento ali. Muitos de nossos pacientes
têm verdadeiro pavor da idéia de expor seus trabalhos, sinceros 'retratos
da alma'. Abrir precedentes de comercialização seria inclusive valorizar
apenas alguns de nossos freqüentadores, aqueles de maior talento,
com certeza".
"O que distingue a arte-terapia das práticas adotadas
no Museu de Imagens do Inconsciente é que as atividades aí realizadas
são absolutamente livres, espontâneas. O ateliê oferece um ambiente
acolhedor e a monitora (que não é uma arte-terapeuta) nunca intervém.
Apenas tem uma atitude simpática para com o doente, diremos no máximo,
uma função catalisadora." (Nise da Silveira O Mundo das Imagens).
Conheça também o trabalho desenvolvido
por outra instituição, o Cândido
Ferreira...