Projetos de reintegração
A reintegração dos pacientes à sociedade e a não-hospitalização
mostram-se projetos criativos de tratamento, incluindo-se aqui o Hospital-Dia,
o Núcleo de Oficinas e Trabalho, as Casas Assistidas, os Centros Culturais
e de Convivência e a reabilitação de pacientes moradores.
Criado em março de 91 o Hospital-Dia foi, juntamente
com a reestruturação do espaço físico, uma das primeiras mudanças
que apontaram para um novo modelo de tratamento. Através dele, possibilita-se
que 100 usuários sejam atendidos diariamente sem internamento. Não
estão incluídos aqui os casos de crise aguda que são direcionados
para os 50 leitos da Unidade de Internação.
O Núcleo de Oficinas (NOT), por sua vez, dá possibilidade
aos pacientes de exercitar sua capacidade criativa, associando o projeto
terapêutico e a reabilitação para o trabalho. O NOT atende a 150 usuários
e possui sete oficinas com atividades profissionalizantes: vitrais,
marcenaria, papel reciclado, gráfica, culinária, agrícola e mosaico.
Para Régis Moreira os benefícios deste tipo de tratamento são muitos:
"O trabalho muda o status familiar e social das pessoas. A sua produtividade
faz com que a sociedade os veja mais como cidadãos do que como doentes.
Através do trabalho, a convivência com os outros é ampliada, além
de diminuir a reincidência de internação, melhorar a qualidade de
vida, inserção social, respeito e amor próprio destas pessoas".
As 11 casas assistidas, alugadas em bairros residenciais,
atendem a 45 usuários que são visitados diariamente pelos profissionais
do Cândido Ferreira. É desta forma que os pacientes começam a administrar
seu dia-a-dia readquirindo confiança em si mesmos. Sobre estes dois
projetos Willians Valentini comenta: "Existem muitos pacientes que
têm muita facilidade de convivência e vêm conseguindo se inserir.
Progressivamente estamos mostrando a eles que são capazes de produzir
e ter cotas de responsabilidade cada vez maiores".
A reabilitação dos 140 pacientes que moram no Cândido
Ferreira realiza-se, entre outras formas, através do Centro de Convivência
onde há ateliê de artes, laboratório de informática e biblioteca organizada
pelos usuários.
Por fim, o Centro Cultural que, localiza-se fora
das dependências do Cândido Ferreira, surge como forma de aproximação
entre usuários e comunidade. Neste espaço realizam-se exposições e
diversos cursos com o apoio da Fundação Municipal para a Educação
Comunitária de Campinas.
Superando o antigo modelo de exclusão e reclusão,
estas iniciativas adequam os processos de tratamento, aos interesses
dos pacientes e das famílias, não amputando o direito à liberdade
e à convivência.
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