Fórum Social apontou estratégias de comunicação alternativas
   
 

Informação e Simulacro
Carlos Vogt

A Internet no Brasil

Sociedade da Informação: desafios à educação

Educação a distância: uma experiência

Acervos na era digital

Propriedade intelectual na Internet
Projeto Computador Popular

Softwares livres: democratização pela rede

Governo eletrônico
Novas tecnologias e mercado de trabalho

Fórum Social Mundial e a comunicação alternativa

Internet para todos: tão perto e tão longe
Carlos Afonso

A Revolução da Precisão
Pierre Fayard

A prática da gestão de redes
Ana C. Fachinelli
Christian Marcon
Nicolas Moinet

Cibernética e sociedade
Ulisses Capozoli

Limites e Rupturas na Esfera da Informação
Laymert Garcia dos Santos
Poema
 


No processo de globalização, muitos grupos empresariais uniram-se em um movimento que deu origem a grandes corporações transnacionais. Fusões, incorporações e operações semelhantes criaram empresas gigantes, cujo patrimônio supera o de muitos Estados-nacionais.

Empresas de comunicação estão entre as que mais participaram do processo. Redes de televisão e rádio uniram-se a estúdios de cinema, grupos jornalísticos uniram-se a gravadoras, provedores de acesso e produtores de conteúdo para Internet uniram-se a empresas de software. Todos unidos em transações sucessivas e acumulativas que culminaram na formação de alguns poucos e grandes grupos. As novas tecnologias de comunicação prometem beneficiá-los ainda mais. Comunicação instantânea também significa venda instantânea e uma crítica positiva do filme no jornal pode significar mais ingressos vendidos na bilheteria.

Embora ainda pequena, a resistência ao poderio exacerbado dos grupos de comunicação tem crescido em paralelo com as ONGs. O instrumento através do qual ela tem se articulado é a Internet, um meio onde a publicação é bastante barata e possível a qualquer um que tenha um computador e uma linha telefônica.

O Fórum Social Mundial, evento que reuniu diversos personagens e entidades que procuram resistir ao modelo de globalização em vigor, gestou uma iniciativa exemplar das ambições da resistência. A Ciranda Internacional de Informação Independente integrou cerca de 30 órgãos de imprensa independente de todo o mundo, que compartilharam informações sobre o evento dentro de uma perspectiva inovadora de trabalho: assegurar copyleft ao invés do copyright.

Como explica Paulo Henrique Lima, coodenador de informações da Rede de

Thimoty Ney, da Free Software Foundation, no Fórum de Porto Alegre - filosofia da Ciranda da Informação Independente baseou-se na comunidade do software livre

Informações para o Terceiro Setor (Rits), ONG que viabilizou a Ciranda, "a noção de informação livre foi o mote para transpor para o jornalismo o conceito que permitiu o florescimento, nos últimos anos, do chamado "software livre": o copyleft. A palavra é um trocadilho notável. O direito de propriedade intelectual é conhecido, em todo o mundo, pela expressão inglesa copyright. Mas right, em inglês, significa direito e também direita. Left é a tradução de esquerda e, ao mesmo tempo, o particípio do verbo to leave: deixar, autorizar, oferecer. Copyleft, portanto, é o contrário de copyright...".

Ao que parece foi uma iniciativa que deu certo. O site da Ciranda teve uma visitação média de 23 mil pageviews por dia durante a realização do Fórum Social. Além disso, possibilitou que veículos pequenos de informação e com pouca infra-estrutura, pudessem utilizar-se dos trabalhos de outros colegas, mantendo apenas os créditos. Cada jornalista cadastrado recebeu uma senha, no início do evento. A partir daí, podia inserir seus textos no site, que, em seguida, iam para a edição, antes da publicação. Publicados, as informações (inclusive fotos) podiam ser utilizadas por todos os colegas.

"Para enfrentar o poder das grandes corporações que querem controlar a informação, nada melhor que o saber compartilhado. Um grupo de programadores ou de jornalistas independentes pode ser mais capaz - e muito mais criativo... - que o staff de uma mega-empresa de jornalismo", afirma Lima.

Norman Solomon, no Fórum Social - Indicou os projetos FAIR, Radioproject e Accuracy. Fonte: Cristina Lima - Veraz

O poder das grandes corporações de mídia foi o alvo também de um dos participantes do Fórum de Porto Alegre, o jornalista norte-americano Norman Solomon. No painel Como assegurar o direito à informação e à democratização dos meios de comunicação, Solomon defendeu "a quebra do monopólio da informação e dos oligopólios internacionais". Ele sugeriu como meio mais eficiente de combate as rádios comunitárias, que teriam "custo baixo e participação da comunidade".

Solomon, que atua no FAIR - uma organização com atividade semelhante à do brasileiro Observatório da Imprensa - alertou que a Internet está sendo engolida pelas grandes corporações, que ameaçam o direito à informação. Segundo ele, "os gigantes do planeta existem para pensar o lucro. Por isso, a comunicação de massa é conduzida, cada dia mais, sob a perspectiva das elites". Não bastaria apenas a liberdade de expressão, é necessário que haja meios para que todos possam ser ouvidos. "Apenas seis empresas, nos Estados Unidos dos anos 90, já controlavam 50% das informações produzidas no país", completou.

O Fórum Social Mundial, realizado simultaneamente ao Fórum Econômico Mundial, teve o objetivo de ser um espaço de formulação de alternativas e soluções ao processo de exclusão resultante dos efeitos da globalização. A primeira edição, em 2001, teve como sede a cidade de Porto Alegre (RS).

O Fórum Econômico realiza-se anualmente, há 30 anos, em Davos, na Suíça. Reúne empresários, economistas e chefes de Estado, organizados por uma fundação que recebe financiamento de empresas multinacionais. A reunião de Davos ficou conhecida como o grande encontro do capitalismo global.

Segundo Paulo Lima, a "motivação central da Ciranda foi assegurar uma cobertura independente de imprensa no I Fórum Social Mundial e demonstrar a viabilidade do trabalho intelectual compatilhado, como alternativa à mercantilização da informação". Ele afirma que mais do que combater, a Ciranda procurou ser uma alternativa. "Não nos cabe combater o poder dos grandes grupos, seria um esforço que resultaria pífio. A Ciranda veio para ser o lugar do outro olhar, funcionando de forma profissional e com critérios de adesão e conduta claros. O ato de ser uma alternativa de sucesso e visibilidade é a melhor arma na luta dos espaços informacionais", completa.

A Ciranda Internacional da Informação Independente continuará atuando até a realização do próximo Fórum Social Mundial, que acontecerá novamente em Porto Alegre, em janeiro de 2002.

   
           
     

Esta reportagem tem
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10,
11, 12, 13, 14, 15, 16
, 17
documentos
Bibliografia | Créditos

   
     
   
     

 

   
     

Atualizado em 10/03/2001

   
     

http://www.comciencia.br
contato@comciencia.br

© 2001
SBPC/Labjor
Brasil