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Fórum
Social apontou estratégias de comunicação alternativas
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Empresas de comunicação estão entre as que mais participaram do processo. Redes de televisão e rádio uniram-se a estúdios de cinema, grupos jornalísticos uniram-se a gravadoras, provedores de acesso e produtores de conteúdo para Internet uniram-se a empresas de software. Todos unidos em transações sucessivas e acumulativas que culminaram na formação de alguns poucos e grandes grupos. As novas tecnologias de comunicação prometem beneficiá-los ainda mais. Comunicação instantânea também significa venda instantânea e uma crítica positiva do filme no jornal pode significar mais ingressos vendidos na bilheteria. Embora ainda pequena, a resistência ao poderio exacerbado dos grupos de comunicação tem crescido em paralelo com as ONGs. O instrumento através do qual ela tem se articulado é a Internet, um meio onde a publicação é bastante barata e possível a qualquer um que tenha um computador e uma linha telefônica. O Fórum Social Mundial, evento que reuniu diversos personagens e entidades que procuram resistir ao modelo de globalização em vigor, gestou uma iniciativa exemplar das ambições da resistência. A Ciranda Internacional de Informação Independente integrou cerca de 30 órgãos de imprensa independente de todo o mundo, que compartilharam informações sobre o evento dentro de uma perspectiva inovadora de trabalho: assegurar copyleft ao invés do copyright. Como explica Paulo Henrique Lima, coodenador de informações da Rede de
Informações para o Terceiro Setor (Rits), ONG que viabilizou a Ciranda, "a noção de informação livre foi o mote para transpor para o jornalismo o conceito que permitiu o florescimento, nos últimos anos, do chamado "software livre": o copyleft. A palavra é um trocadilho notável. O direito de propriedade intelectual é conhecido, em todo o mundo, pela expressão inglesa copyright. Mas right, em inglês, significa direito e também direita. Left é a tradução de esquerda e, ao mesmo tempo, o particípio do verbo to leave: deixar, autorizar, oferecer. Copyleft, portanto, é o contrário de copyright...". Ao que parece foi uma iniciativa que deu certo. O site da Ciranda teve uma visitação média de 23 mil pageviews por dia durante a realização do Fórum Social. Além disso, possibilitou que veículos pequenos de informação e com pouca infra-estrutura, pudessem utilizar-se dos trabalhos de outros colegas, mantendo apenas os créditos. Cada jornalista cadastrado recebeu uma senha, no início do evento. A partir daí, podia inserir seus textos no site, que, em seguida, iam para a edição, antes da publicação. Publicados, as informações (inclusive fotos) podiam ser utilizadas por todos os colegas. "Para enfrentar o poder das grandes corporações que querem controlar a informação, nada melhor que o saber compartilhado. Um grupo de programadores ou de jornalistas independentes pode ser mais capaz - e muito mais criativo... - que o staff de uma mega-empresa de jornalismo", afirma Lima.
O poder das grandes corporações de mídia foi o alvo também de um dos participantes do Fórum de Porto Alegre, o jornalista norte-americano Norman Solomon. No painel Como assegurar o direito à informação e à democratização dos meios de comunicação, Solomon defendeu "a quebra do monopólio da informação e dos oligopólios internacionais". Ele sugeriu como meio mais eficiente de combate as rádios comunitárias, que teriam "custo baixo e participação da comunidade". Solomon, que atua no FAIR - uma organização com atividade semelhante à do brasileiro Observatório da Imprensa - alertou que a Internet está sendo engolida pelas grandes corporações, que ameaçam o direito à informação. Segundo ele, "os gigantes do planeta existem para pensar o lucro. Por isso, a comunicação de massa é conduzida, cada dia mais, sob a perspectiva das elites". Não bastaria apenas a liberdade de expressão, é necessário que haja meios para que todos possam ser ouvidos. "Apenas seis empresas, nos Estados Unidos dos anos 90, já controlavam 50% das informações produzidas no país", completou. O Fórum Social Mundial, realizado simultaneamente ao Fórum Econômico Mundial, teve o objetivo de ser um espaço de formulação de alternativas e soluções ao processo de exclusão resultante dos efeitos da globalização. A primeira edição, em 2001, teve como sede a cidade de Porto Alegre (RS). O Fórum Econômico realiza-se anualmente, há 30 anos, em Davos, na Suíça. Reúne empresários, economistas e chefes de Estado, organizados por uma fundação que recebe financiamento de empresas multinacionais. A reunião de Davos ficou conhecida como o grande encontro do capitalismo global. Segundo Paulo Lima, a "motivação central da Ciranda foi assegurar uma cobertura independente de imprensa no I Fórum Social Mundial e demonstrar a viabilidade do trabalho intelectual compatilhado, como alternativa à mercantilização da informação". Ele afirma que mais do que combater, a Ciranda procurou ser uma alternativa. "Não nos cabe combater o poder dos grandes grupos, seria um esforço que resultaria pífio. A Ciranda veio para ser o lugar do outro olhar, funcionando de forma profissional e com critérios de adesão e conduta claros. O ato de ser uma alternativa de sucesso e visibilidade é a melhor arma na luta dos espaços informacionais", completa. A Ciranda Internacional da Informação Independente continuará atuando até a realização do próximo Fórum Social Mundial, que acontecerá novamente em Porto Alegre, em janeiro de 2002. |
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Atualizado em 10/03/2001 |
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