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Tecnologias
da Informação e Comunicação e as mudanças no mercado de trabalho
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Esse processo de mudança encontra-se em curso principalmente nos países desenvolvidos, mas já vem trazendo diversas conseqüências ao mercado de trabalho no Brasil. As novas máquinas exigem treinamento e dependem de poucos funcionários. Além da redução de postos de trabalho, as exigências com atualização e treinamento excluem milhares de trabalhadores da possibilidade de preencherem as vagas ainda disponíveis, o que contribui, de certo modo, para o aumento do desemprego. "O nível de desemprego que enfrentamos no Brasil não está diretamente relacionado com as novas tecnologias. Em nosso país, o desemprego está, acima de tudo, vinculado com a falta de crescimento econômico. No entanto, em alguns setores, a adoção de novas tecnologias reforça esse desemprego", afirma Waldir Quadros, professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit). "Em alguns países centrais, o desenvolvimento de novas tecnologias pode até gerar empregos. O Brasil, porém, não gera essas tecnologias, mas se apropria de inovações desenvolvidas por outros países. A importação desses equipamentos contribui para criar novos empregos apenas nos países fornecedores", compara. De acordo
com pesquisa realizada pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
Nem mesmo o profissional qualificado está isento de pressões. Para manter-se no emprego, o trabalhador com alto nível de instrução necessita de constante atualização. O medo de enfrentar o desemprego faz com o trabalhador busque qualificação por conta própria, o que exime as empresas, em muitos casos, de investirem em seus funcionários. "As empresas estão exigindo qualificação de seus funcionários para manipular as novas tecnologias, mas tendem a achar que o trabalhador tem a obrigação de se qualificar com seu salário e fora do período de expediente. Desse modo, muitas empresas estão abrindo mão da responsabilidade social de qualifica-los", explica o professor Waldir Quadros. Outra pesquisa realizada pelo IBGE, em abril de 1996, nas seis maiores regiões metropolitanas do Brasil comparou a situação daquele ano com a de 1991 e possibilitou uma análise das conseqüências da adoção de novas tecnologias nas empresas. O objetivo era investigar a mobilidade dos indivíduos com mais de 20 anos entre os setores de atividade e apresentou os seguintes resultados: "Nos anos 90, assistiu-se a um aumento de produtividade bem superior a dos anos 80. O setor industrial liderou o processo de automação e reestruturação produtiva, cujo objetivo é reduzir os custos de produção e aumentar a competitividade internacional, mas os avanços tecnológicos se fizeram presentes em todos os setores de atividade. Até o setor de serviços que tradicionalmente absorvia mão-de-obra liberada pela indústria foi invadido por novas tecnologias, como a da informática. No caso do Brasil, as mudanças nos anos 90 foram no sentido de aumento do trabalho ilegal (sem carteira de trabalho assinada) e informal (trabalho autônomo ou por conta própria), mais representativos nos setores da construção civil, do comércio e de serviços". Uma pesquisa realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) em negociações coletivas de trabalho realizadas entre 1993 e 1995 no Brasil, revelou que poucos destes contratos mencionaram os investimentos empresariais em educação, qualificação, treinamento e reciclagem do trabalhador. Além disso, foi constatada a grande dificuldade dos trabalhadores e dos sindicatos em conquistarem direitos que assegurem a sua participação no processo de adoção de novas tecnologias pelas empresas. De acordo com o Dieese, essa dificuldade pode ser compreendida pelas motivações que levam os empregadores a investir em inovações tecnológicas, que são de buscar maior produtividade e também controle sobre o processo de trabalho. A necessidade
crescente de capacitação e qualificação diferenciada dos profissionais
impõe novas exigências ao processo educativo. De acordo com o Ministério
do Trabalho e Emprego, no Brasil, são 17.539 instituições que desenvolvem
atividades de qualificação e requalificação profissional, sendo que destas,
6954 encontram-se no estado de São Paulo As novas tecnologias da informação e comunicação afetam os currículos escolares e a formação e atuação do professor - que se vê obrigado a atualizar-se em relação às novas mídias para acompanhar a dinâmica de obtenção de informação e de transformação desta em conhecimento. Nesse processo, a educação a distância soma-se ao ensino presencial, ao superar distâncias e ampliar o acesso ao conhecimento. "Hoje é preciso repensar com urgência os projetos de ensino e de formação, integrando a perspectiva complexa da distância", analisa o professor Jacques Vigneron, da Universidade Metodista de São Paulo. Apesar da necessidade do profissional buscar atualização e treinamento, a qualificação dos trabalhadores não garante a inserção das pessoas no mercado de trabalho ou mesmo a queda no nível de desemprego. "A qualificação não gera emprego, apesar de ela ser essencial a todo profissional. Na década de 90 observa-se um avanço no nível de escolaridade, mas também um avanço no desemprego. Individualmente, o profissional qualificado possui vantagens, porque vai ocupar o lugar de um trabalhador menos favorecido", avalia o professor Waldir Quadros. Em alguns setores, porém, o uso de ferramentas de informação e comunicação possibilitam o surgimento de algumas novas ocupações, em detrimento de inúmeras outras que são eliminadas. É o caso de profissionais que trabalham com a Internet, como programadores, web-designers, administradores de redes, jornalistas e outros profissionais que lidam com conteúdos na web e especialistas em marketing. Teletrabalho - Em países desenvolvidos, o uso das tecnologias da Comunicação e da Informação está propiciando o surgimento de novas profissões e categorias de trabalho. Além de horas mais flexíveis e mudanças nos locais e espaços de trabalho, torna possível a existência do teletrabalho. O teletrabalho consiste na utilização de ferramentas tecnológicas - entre elas, telefone, fax, secretária eletrônica, computador, correio eletrônico, celular, pager e em alguns casos, a visiofonia e a teleconferência - como suporte à realização de tarefas. De acordo com autor Thierry Breton, o teletrabalho se realiza a distância, longe do lugar aonde se espera, fora de qualquer possibilidade de o superior hierárquico controlar a execução do trabalho realizado. Além disso, este trabalho se realiza graças a ferramentas informatizadas de telecomunicação e implica, necessariamente, a transmissão dos dados por meio de uma ou várias tecnologias de comunicação. No Brasil, o teletrabalho começou a aparecer recentemente, porém de forma limitada e em apenas alguns setores, geralmente ligados ao trabalho informal e autônomo ou a cargos de altos executivos e alguns profissionais liberais. O mais comum é o trabalho em casa. Há também os escritórios de proximidade, alugados pelas empresas para evitar longos percursos até a sede. Além do trabalho nômade, desenvolvido por executivos e realizado a partir de qualquer lugar do mundo. No Brasil, a atual legislação trabalhista não prevê a existência nem regulamenta esse tipo de atividade. As conseqüências do teletrabalho são inúmeras tanto para empregadores quanto para empregados. Muitos alertam que ele pode contribuir para o isolamento das pessoas, com as de jornadas excessivas de trabalho e para o enfraquecimento de reivindicações trabalhistas. Por outro lado, alguns pesquisadores são otimistas quanto a seus resultados e acreditam que este é um dos caminhos para o futuro do emprego no mundo globalizado por contribuir para o aumento da produtividade, redução dos espaços físicos de trabalho e maior flexibilidade organizacional.
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Atualizado em 10/03/2001 |
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