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Propriedade
intelectual na Internet: o tamanho do problema
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O fenômeno, conhecido como p2p - código em inglês peer to peer, ou seja, transmissão de dados de parceiro a parceiro - está tomando o tempo de muitas empresas dedicadas à segurança da informação e também de legisladores e juristas. Para ter uma idéia do tamanho do problema, nos Estados Unidos, a criptografia, ciência que desenvolve formas de codificar informações, é considerada assunto de Estado. Grandes centros de processamento de dados são mantidos com verbas federais para o desenvolvimento de linguagens criptográficas cada vez melhores. Nenhuma empresa de software pode vender criptografia sem o conhecimento e aval do Depto. de Defesa. O assunto dos direitos autorais tornou-se popular aqui no Brasil quando a empresa americana Napster lançou o seu software, em que usuários cadastrados podem trocar músicas no formato mp3. As gravadoras foram às cortes nos Estados Unidos, e até recentemente, não há consenso entre os juízes. O Napster, segundo a Associação Americana de Empresas de Gravação (RIAA, sigla em inglês) permite e fomenta as cópias ilegais de obras musicais com direitos protegidos. O fundador do Napster, Shawn Fanning, um programador de computadores, diz que a idéia do software é disseminar informação e músicas de novos artistas, através da Internet. A disseminação pela Internet de informações e obras com direitos autorais protegidos é uma questão seríssima e preocupa países como os Estados Unidos, que dispõem de um tratado legal sobre o assunto, chamado Digital Millenium Copyright Act (algo como "Tratado de direito autoral para o milênio digital"), ou simplesmente DMCA. O DMCA é a ferramenta jurídica que versa sobre a circulação de obras com direitos autorais na grande rede. Segundo a ironia de Richard Stallman, líder do Movimento Software Livre, que luta pelo uso de softwares não protegidos por direito autoral, na verdade a sigla significa "Tratado de direito autoral para o milênio draconiano" A grande questão é que, depois de digitalizada, uma obra pode ser transmitida por quaisquer meios de comunicação de dados sem maiores problemas. E esta facilidade, aliada à dificuldade de serem identificados indivíduos na Internet, tem sido responsável por batalhas legais, como a do jovem norueguês Jon Johansen. Jon, junto com uma equipe de programadores europeus, decodificou o código que torna o formato de filmes DVD criptografado, ou seja, escrito em um código que precisa ser entendido pela máquina que lê o disco. Ele foi processado por colocar seu programa, o polêmico De-CSS disponível na Internet. A revista Com Ciência reportou o fato, em junho de 2000, quando Jon foi preso junto com seu pai, acusado de facilitar e produzir ferramentas para violação de direitos autorais na Internet. Segundo Rik van Riel, programador Linux da empresa Conectiva do Brasil e associado ao website OpenDVD.org, "o programa que Jon fez é perfeitamente legal na Europa, e inclusive, Jon ganhou um prêmio nacional na Noruega, pelo seu trabalho no De-CSS. Atualmente ele trabalha em uma companhia de segurança da informação e parece estar indo bem." O site OpenDVD.org dedica-se a democratizar o formato DVD de codificação de filmes. Uma batalha que conta, de uma lado, com as gigantes DVD Copy Control Association (DVD-CCA) e a Motion Pictures Association of America (MPAA). A MPAA é a união das grandes produtoras de cinema dos Estados Unidos, e responsável pelos interesses comerciais das maiores empresas de entretenimento do mundo. As duas corporações processam desenvolvedores independentes de DVD players, dizendo que é necessário uma licença do código CSS (Content Scrambling System), de propriedade da DVD-CCA, para fabricar um DVD player. O filme dentro de um disco de DVD é criptografado. Para instalar o programa decodificador em um leitor de DVD, é preciso uma cópia licenceada da DVD-CCA. Este sistema foi, supostamente, desenvolvido para proteger direitos autorais. Porém, um efeito colateral, é a criação de "zonas" mundiais, onde os filmes podem ser entendidos apenas pelos respectivos equipamentos de DVD. Os críticos do sistema dizem que ele reforça o monopólio e aumenta o preço dos produtos baseados neste sistema. Os defensores dizem que é necessária alguma forma de proteção dos direitos autorais, caso contrário, os usuários poderiam copiar o conteúdo dos discos para os computadores. O problema
cresce, cada vez mais, com o aumento da capacidade de transmissão das
redes ligadas à Internet, e com o aumento das capacidades dos microcomputadores
pessoais. Se até cinco anos atrás, era impensável armazenar músicas em
um PC, hoje em dia isso é trivial. Nesta área, a fronteira parece ser
o armazenamento e a execução de filmes em PC's, ainda insuficientes em
armazenamento. Um PC necessitaria de cerca de 5 Gbytes para armazenar
um filme, espaço que ainda não está disponível na grande maioria dos microcomputadores
pessoais. Os sites LoadVideo
e LoadTV propõem soluções avançadas
para a transmissão de filmes pela rede, ambos explorando novas potencialidades
das conexões de banda larga, como cabos e linhas DSL. No Brasil, o uso
dessa tecnologia ainda está restrito, devido ao seu alto custo.
Mas não seria exagero dizer que nos próximos cinco anos, ou menos, a Internet
vai posibilitar a entrada dos filmes na vida dos internautas. De que maneira
o direito autoral destas obras será contemplado parece ser ainda a questão
principal. |
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Atualizado em 10/03/2001 |
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