Bagaço
de cana pode gerar 11% da energia necessária para fugir do
apagão
De
acordo com as previsões da Eletrobrás, é necessário
ampliar a oferta energética em 4,4% ao ano até 2003
e 4,5% nos cinco anos seguintes para que a capacidade instalada
suba dos atuais 61,3 mil MW para 84,2 mil MW até 2003.
Para
cumprir as projeções de crescimento econômico
entre 4% e 5% ao ano até 2008, a base instalada no país
deveria ser de 106,6 mil MW em 2008 - o que significaria injetar
no sistema mais 45 mil megawatts provenientes de novas fontes.
O setor
sucroalcooleiro tem capacidade para produzir 11% desse volume pela
co-geração de energia através da queima do
bagaço de cana. Por isso, a co-geração é
considerada uma das alternativas viáveis para diminuir os
impactos da crise energética.
O aumento
da demanda está impulsionando muitos usineiros do estado
de São Paulo a investirem na geração de energia
como atividade complementar dentro da estrutura produtiva das usinas.
É mais uma fonte de renda, além do açúcar
e do álcool, que são os principais produtos do setor.
Das
cerca de 80 usinas de cana-de-açúcar instaladas no
Estado, 12 já produzem energia para consumo próprio
e vendem o excedente às companhias distribuidoras. No ano
passado a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) adquiriu
200 megawatts de energia produzida a partir da queima do bagaço
da cana e para este ano pretende dobrar as aquisições.
Atualmente,
as usinas paulistas produzem cerca de 1000 megawatts de energia,
mas a capacidade geradora do setor sucroalcooleiro pode atingir
6000 megawatts, sendo que 2000 megawatts já poderiam ser
colocados em operação no próximo ano.
A co-geração a partir do bagaço da cana tem
um custo que varia entre US$ 600 e US$ 1200 por quilowatt, dependendo
da potência das turbinas. Portanto, para gerar 4 mil MW seria
necessário um investimento de US$ 4 bilhões - dinheiro
que os produtores esperam receber do governo.
O Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atendeu,
em parte, as reivindicações dos produtores, anunciando
a liberação de R$ 250 milhões para financiamento
de projetos de co-geração nas usinas de cana-de-açúcar.
As
usinas de co-geração exigem um investimento relativamente
baixo. Depois de instalada, praticamente não há despesa
com combustível - que é o próprio bagaço
da cana. Outra vantagem é que a energia produzida nas usinas
não depende de linhas de transmissão e já entra
direto na rede distribuidora com os níveis adequados de tensão.
A posição
geográfica das usinas de cana-de-açúcar e o
período de pico são pontos positivos que reforçam
a viabilidade dos investimentos em co-geração. As
usinas estão localizadas na área de maior consumo
do país e o período de safra da cana coincide com
a seca (maio a novembro), o que poderia ajudar a poupar os reservatórios
das hidrelétricas.
Como
funciona uma usina
A produção
de energia de co-geração consiste na energia térmica
e elétrica de forma simultânea e seqüenciada a
partir do mesmo combustível - o bagaço da cana-de-açúcar.
Imaginemos uma enorme chaleira no fogo. Numa primeira etapa, o bagaço
é queimado em caldeiras e gera vapor. O vapor de alta pressão
alimenta uma turbina que produz energia elétrica, enquanto
o vapor de baixa pressão é utilizado no processo produtivo
da usina.