Morgado de Mateus e a autonomia da capitania de
São Paulo
Luiz
Antônio de Souza Botelho e Mourão, o Morgado de Mateus, foi um nobre
português que governou a Capitania de São Paulo entre 1765 e 1775. Durante
esses 10 anos, ele restabeleceu a capitania e fundou pelo menos 20 cidades.
Durante seu governo, as regiões sul e sudeste do país atingiram limites
próximos aos que têm hoje.
Depois da extinção da Capitania de São Paulo em maio
de 1748, os habitantes dessa unidade ficaram sob a jurisdição do governador
do Rio de Janeiro. São Paulo ficou sem comando durante 17 anos, até
que D. José I, rei de Portugal, nomeou Morgado de Mateus para governá-la,
por ato de 6 de janeiro de 1765.
O nobre português desembarcou no Brasil em 1765, incumbido
pelo Marquês de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Mello, de proteger
o sul do país contra os espanhóis, expandir as fronteiras para o oeste
e enviar recursos para a reconstrução de Lisboa, destruída por um grande
terremoto em 1755.
Morgado de Mateus trouxe ao país a maior coleção de
mapas e referências bibliográficas que pôde encontrar e uma equipe de
cartógrafos, com quem traçaria os destinos de São Paulo. A administração
de D. Luiz Antônio de Souza marcou o início do progresso econômico,
político e social de São Paulo.
Nos dez anos que aqui permaneceu Morgado de Mateus,
a Capitania de São Paulo ganhou novo alento, graças à atividade agrícola
que então passou a ser exercida pelos paulistas, visando à exportação
de seus produtos. Povoações como Campinas e Piracicaba foram fundadas
na tentativa de reunir a gente esparsa pelo vasto território.
Morgado de Mateus, o autor intelectual da fundação
de Campinas, destacou-se pela sua atuação múltipla em favor da restauração
da terra, não só militarmente mas também por meio de incentivos à agricultura
paulista, com o apoio aos que se dedicavam à cultura da cana e à fabricação
do açúcar em seus engenhos.
Com relação a Campinas, Dom Luiz Antônio de Souza Botelho
e Mourão teve decisiva presença em sua urbanificação e conseqüente urbanização.
Ele assinou vários atos que estabeleciam normas para o arruamento do
pretendido núcleo urbano a ser implantado nas "Campinas do Mato Grosso",
como então era conhecida a área no meio da densa mata cortada pelo Caminho
dos Goiases.
"A administração de D. Luiz Antônio de Souza, o Morgado
de Mateus, na governança da Capitania de São Paulo, que se estendeu
de 1765 a 1775, marcou o início de um novo ciclo da história paulista.
Ciclo de trabalho fecundo, de progresso, de organização social, econômica
e política. Período no qual fortaleceu-se sobremaneira o incipiente
sistema patriarcal paulista, tão esmaecido nos dois primeiros séculos
da colonização. Nesta auspiciosa etapa da história de São Paulo principiou
o povo paulista a tomar consciência de si mesmo, conhecendo-se e conhecendo
também, palmo a palmo, o território da Capitania. Fixaram-se, desde
então, os limites com as demais, foram-se definindo os pontos de equilíbrio
econômico da região planaltina, enquanto que entrou a cidade nobreguense
a consolidar sua hegemonia sobre os conglomerados urbanos ao seu derredor",
afirma o historiador Gilberto Leite de Barros, no livro "A Cidade e
o Planalto", de 1967.