Anhangüera
A
História do Brasil conhece dois Anhangüeras. O primeiro, Bartolomeu
Bueno, foi um sertanista paulistano que em 1682 entrou em uma bandeira
com destino aos sertões do Planalto Central acompanhado de Bartolomeu
Bueno da Silva, seu filho caçula de doze anos.
Essa expedição partiu de São Paulo e atravessou o território
que hoje corresponde ao Estado de Goiás e seguiu até o rio Araguaia.
Ao retornar do Araguaia à procura do curso do rio Vermelho, a expedição
encontrou uma aldeia indígena do povo Goiá. Diz a lenda que as índias
da aldeia estavam ricamente adornadas com chapas de ouro e, como se
recusassem a indicar a procedência do metal, Bartolomeu Bueno pôs fogo
à uma tigela contendo aguardente afirmando severamente que, se não informassem
o local de onde retiravam o ouro, ele lançaria fogo em todos os rios
e fontes. Admirados, os índios informaram o local e apelidaram Bartolomeu
Bueno de Anhangüera, que significa "Diabo Velho" ou "Espírito Maligno".
Em 1722, quarenta anos mais tarde, Bartolomeu Bueno
da Silva, filho de Anhangüera, já com 50 anos, partiu de São Paulo com
a intenção de novamente se embrenhar pelo sertões que antes percorrera
com seu pai. Durante três anos, essa nova expedição, sob o comando do
segundo Anhangüera, andou pelos sertões à procura dos antigos sítios
descobertos. Não os encontraram, mas chegaram a fundar um núcleo chamado
Barra, que em 1727 foi transferido para as margens do rio Vermelho com
o nome de Santana, mais tarde se tornando a Vila Bueno, que hoje é a
cidade de Goiás.
Bartolomeu Bueno da Silva foi o último dos grandes
bandeirantes que desvendou os caminhos para o oeste tornando conhecido
o alto sertão brasileiro.