Arquiteto identifica estrada que deu origem à fundação 
          do município de Campinas 
        Uma estrada cujo percurso se apagou com o tempo pode 
          mudar a versão que muitos historiadores apresentam para o surgimento 
          de algumas cidades do interior paulista. Apenas citada nos livros de 
          história, a rota usada pelos bandeirantes do século XVIII para realizar 
          a exploração de ouro na região central do Brasil, conhecida como Caminho 
          das Minas de Goiás, teve recentemente parte de seu trajeto reconstituído 
          pelo arquiteto Antônio da Costa Santos, da Faculdade de Arquitetura 
          e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCamp). 
          
        Cruzando informações obtidas a partir da cartografia 
          colonial com um mapeamento por satélite, 
          Santos conseguiu detalhar o caminho , aberto em 1725 pelo bandeirante 
          Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangüera, 
          e localizar o primeiro ponto de ocupação da cidade de Campinas. 
          
        
        O mapeamento dessa rota faz parte da tese de doutorado 
          do arquiteto, apresentada em agosto na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 
          da Universidade de São Paulo (FAU-USP). 
        No estudo, o objetivo de Santos era estabelecer por 
          onde passava o Caminho das Minas de Goiás (ou o Caminho dos Goiases) 
          no atual município de Campinas, para definir localidades específicas 
          que pudessem esclarecer o pensamento urbanístico da origem e do desenvolvimento 
          da cidade. 
        Segundo José Roberto do Amaral Lapa, historiador do 
          Centro de 
          Memória da Unicamp e autor de livros sobre a história de Campinas, 
          a pesquisa de Santos ganha relevância ao afirmar o caráter não espontâneo 
          da fundação da freguesia de 
          Campinas - assim como de outras freguesias situadas ao longo do 
          Caminho das Minas de Goiás. A fundação dessas freguesias seria parte 
          da estratégia da Coroa Portuguesa na ocupação da capitania de São Paulo, 
          e não fruto de uma ocupação irregular e aleatória, como defendem muitos 
          historiadores. 
        A tese de Santos também é importante para a história 
          da cidade porque, pela primeira vez, foi determinado por onde exatamente 
          passava o Caminho dos Goiases, onde foi fundado o primeiro ponto de 
          ocupação do que viria a ser o município, o Pouso das Campinas Velhas, 
          em 1732. Na pesquisa, Santos identifica também a primeira sesmaria de 
          Campinas, concedida a Antônio Maria de Abreu e seu cunhado, João Bueno 
          da Silva, em cujo centro estaria localizado o Pouso das Campinas Velhas. 
          
        O arquiteto explica que os outros dois pontos ("campinhos"), 
          tidos pela historiografia como os primeiros locais de povoamento, passaram 
          a existir somente depois de 1774, quando foi fundada a freguesia que 
          deu origem à cidade. 
        Devido à inovação das hipóteses contidas na pesquisa, 
          o trabalho de Santos foi aprovado para fazer parte dos estudos dos 500 
          anos do descobrimento do Brasil e recebeu também o benefício da Lei 
          Rouanet para a produção de um livro de fotos e de um CD-ROM com imagens 
          que compreendem 100 km do Caminho dos Goiases, entre Jundiaí e Mogi 
          Mirim. O livro deverá apresentar uma "vitrine crítica" de 200 anos desse 
          caminho, que hoje atravessa fazendas, favelas e trechos de estradas. 
          As fotos estão sendo produzidas pelo fotógrafo Gal Opido, mas o livro 
          e CD-ROM somente serão editados mediante patrocínio. 
        Sobre as estratégias da Coroa Portuguesa para a ocupação 
          do interior paulista, leia o texto sobre a fundação 
          das freguesias...