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Editorial:
Admirável Nano - Mundo - Novo
Carlos Vogt
Reportagens:
Aplicações tecnológicas dependem de investimentos privados
Nanotecnologia ainda não está no dia a dia das pessoas
Vantagens e riscos da nanotecnologia ao meio ambiente
Fabricação de nanoestruturas
Nos EUA, investimentos podem alcançar os do Genoma
Setor privado internacional é grande investidor
Aplicações militares estão sendo incentivadas no EUA
Nanotecnologia une diferentes visões de ciência
Artigos:
O que é nanotecnologia?
Cylon Gonçalves da Silva
Nanoredes
Marcelo Knobel
Nanotecnologia molecular e de interfaces
Oscar Loureiro Malta
Nanodispositivos semicondutores e materiais nanoestruturados
Eronides F. da Silva Jr.
Nanomagnetismo
Sergio Machado Rezende
Nanobiotecnologia e Saúde
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Computação Quântica
Ivan S. Oliveira
Nanociência e nanotecnologia
Alaor Chaves
Nanociência e nanotecnologia no LNLS
José A. Brum
Rede de pesquisa em nanobiotecnologia
Nelson Durán e Marcelo De Azevedo
Há mais espaços lá embaixo
Richard Feynman
Poema:
Pós-Realidade
Carlos Vogt
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Aplicações militares estão sendo incentivadas no EUA

As possibilidades de se fazer uso da nanotecnologia para fins militares são imensas. Milhões de dólares são investidos anualmente nessa área e alguns protótipos que já se encontram em funcionamento demonstram todo o potencial dessas aplicações.

A maioria das nações desenvolvidas possui centros de pesquisa pura e aplicada dedicados a nanofabricação - processo de miniaturização mecânica, criado a cerca de 12 anos atrás, nos Estados Unidos - que certamente irão além das inovações provocadas pelas revoluções industriais da mecânica e da informática juntas, ocorridas em séculos anteriores. E isso em um período muito mais curto de tempo.
Independentemente da melhoria e sofisticação na fabricação de armas convencionais, os nanomecanismos seriam utilizados, por exemplo, para a construção de micro-robôs voadores, dificilmente detectáveis, controlados eletronicamente, que estariam aptos a realizar tarefas em lugares inacessíveis.

Uma pesquisa em andamento patrocinada pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançada, do Departamento de Defesa dos EUA (DARPA), e pela Organização de Ciência e Tecnologia do Departamento de Defesa da Austrália, pretende construir pequenos veículos aéreos de apenas 15 centímetros de comprimento ou menor do que isso. No campo de batalha, esses aparelhinhos voadores fariam às vezes de velozes batedores, executando missões de reconhecimento à distância. Para tanto, os estudos objetivam descobrir como funciona o mecanismo óptico das abelhas e adaptá-lo para a microeletrônica com o uso da nanotecnologia.

As abelhas usam pistas visuais para medir distâncias de até centenas de metros que separam sua colméia de uma fonte de alimento. Esse "odômetro óptico", descoberto há seis anos, está sendo cuidadosamente investigado pelos cientistas para produzir tecnologia militar de reconhecimento aéreo. "A abelha tem a capacidade de usar imagens em movimento, como árvores e flores, para monitorar seu vôo e assim calcular distâncias", explica um dos autores da pesquisa, o professor da Universidade Nacional da Austrália, Mandyam Srinivasan. "A percepção delas é semelhante à que temos quando vemos passar zunindo pela janela do carro uma seqüência de postes de uma rua, o que aumenta nossa sensação de velocidade e da distância percorrida", diz o cientista. "Estamos interessados em criar pequenos veículos voadores autônomos de reconhecimento militar, que incorporem alguns princípios dessa visão de inseto", conta Srinivasan em um artigo científico assinado por ele na revista Science.

Enquanto a nanotecnologia ainda não disponibiliza essas pequenas máquinas, ela vai sendo utilizada para mudar as propriedades de plásticos, óleos e tecidos a fim de proporcionar resistência ao calor e ter maior flexibilidade.

Segundo informações da CNN, o exército do Estados Unidos está desenvolvendo uma nova versão de uniforme de combate utilizando a nanotecnologia. O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), recebeu uma verba de US$ 50 milhões para desenvolver a próxima geração de trajes de combate para as forças armadas americanas.
Este uniforme "inteligente" que foi desenvolvido no Instituto de Nanotecnologias para Soldados do MIT, fundado exclusivamente para criar aparatos de proteção militar, seria feito com fibras em cujo interior há um fluído que pode se tornar sólido como uma tala de gesso toda vez que o tecido é perfurado por um projétil, permitindo ainda o engessamento imediato de uma perna ou de um braço fraturados em combate. Estaria equipado com um sistema de sensores aplicados ao tecido da roupa, que além de bloquear toxinas e realizar o controle dos sinais vitais, permitem que os soldados fiquem camuflados. O traje, que visa colocar o combatente como se fosse parte do ambiente, é resultante de processos químicos que reproduzem as nuances de cores ao seu redor, como se fosse um autêntico camaleão. Estão também em estudos, coturnos com propulsão, que permitiriam aos soldados saltar a grandes distâncias (veja outras explicações sobre o traje no artigo Nanodispositivos semicondutores e materiais estruturados, de Eronides da Silva Jr.)

Outra tecnologia gerada pelo desenvolvimento da nanotecnologia, são as telas de TVs coloridas dobráveis, tão finas quanto papel. Estas tornaram-se possíveis graças a um componente de plástico brilhante, aprimorado pelo laboratório britânico Cambridge Display Technology (CDT). As telas são baseadas na tecnologia Light Emitting Polymer (LEP), formada por elementos ativos de uma classe de materiais chamada de polímeros conjugados. O material é semi-isolante e emissor de luz. "Tornamos possível imprimir televisões. As telas podem ser copiadas em um fino plástico semelhante a um papel" - disse o diretor executivo do CDT, David Fyfe, à emissora de TV Globo News. A tecnologia está sendo usada em aplicações militares, como mapas flexíveis de alta definição que são levados para os campos de batalha para reproduzir imagens enviadas por satélite.

Mais avançada ainda, é a invenção da empresa americana Microvision, que criou um sistema óptico que projeta imagens diretamente sobre a retina. Denominada de Retinal Scanning Display (RSD), a tecnologia permite ver imagens sem o uso de telas. "A tecnologia RSD abre as portas para um mundo visual vasto e novo. Um mundo onde a luz transporta a informação e permite uma nova relação entre o homem e a máquina", afirmou Richard Rutkowsky, gerente-geral da empresa.

O dispositivo consiste de uma fonte luminosa, scanners e um sistema óptico. Emissões de raio laser de baixa intensidade (inofensivas para os olhos) geram os pontos luminosos, que os scanners combinam em linhas horizontais e verticais para formar uma imagem, a qual é "pintada" diretamente sobre a retina - a mais interna das camadas que formam o globo ocular. O usuário visualiza a imagem, sobreposta em seu campo de visão, como se estivesse suspensa no ar a um metro de seus olhos.

A Microvision, inclusive, já assinou um contrato com a Boeing para desenvolver uma "cabine virtual" para a próxima geração de helicópteros da força aérea americana. O RSD projetaria os dados do vôo, medidas externas e objetivos da missão na retina do piloto, eliminando os instrumentos, visores e indicadores do painel de bordo.

(MP)
 
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Atualizado em 10/11/2002
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