Reportagens






Editorial:
Admirável Nano - Mundo - Novo
Carlos Vogt
Reportagens:
Aplicações tecnológicas dependem de investimentos privados
Nanotecnologia ainda não está no dia a dia das pessoas
Vantagens e riscos da nanotecnologia ao meio ambiente
Fabricação de nanoestruturas
Nos EUA, investimentos podem alcançar os do Genoma
Setor privado internacional é grande investidor
Aplicações militares estão sendo incentivadas no EUA
Nanotecnologia une diferentes visões de ciência
Artigos:
O que é nanotecnologia?
Cylon Gonçalves da Silva
Nanoredes
Marcelo Knobel
Nanotecnologia molecular e de interfaces
Oscar Loureiro Malta
Nanodispositivos semicondutores e materiais nanoestruturados
Eronides F. da Silva Jr.
Nanomagnetismo
Sergio Machado Rezende
Nanobiotecnologia e Saúde
Zulmira Lacava e Paulo Morais
Computação Quântica
Ivan S. Oliveira
Nanociência e nanotecnologia
Alaor Chaves
Nanociência e nanotecnologia no LNLS
José A. Brum
Rede de pesquisa em nanobiotecnologia
Nelson Durán e Marcelo De Azevedo
Há mais espaços lá embaixo
Richard Feynman
Poema:
Pós-Realidade
Carlos Vogt
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Nos EUA, investimentos podem alcançar os do Genoma

Os investimentos do governo dos Estados Unidos na área de nanociência e nanotecnologia (N&N) vêm aumentando a cada ano. O orçamento para o ano de 2003 teve um aumento de 17% em relação ao deste ano. Essa política tem o objetivo de manter a posição norte-americana no topo da lista das descobertas de novas tecnologias. Da mesma forma como aconteceu com a microeletrônica e com as pesquisas com o genoma, a N&N desponta como a nova área da ciência que recebe grandes investimentos, tendo em vista várias aplicações práticas.

Nos últimos três anos, a N&N se firmou como uma das prioridades para os investimentos norte-americanos. É uma área relativamente nova, que passou a receber maior atenção durante o governo do presidente Bill Clinton, na década de 90, devido ao empenho do então vice-presidente Al Gore. Em 2000, o governo americano criou um grande programa, reunindo 10 departamentos e agências independentes, chamado National Nanotechnology Initiative (NNI, Iniciativa Nacional de Nanotecnologia) (www.nano.gov). Participam deste grupo os departamentos de Defesa, de Energia, de Justiça, de Transportes, de Agricultura, a Agência de Proteção Ambiental, a Nasa, o Instituto Nacional de Saúde, o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia e a Fundação de Ciências Naturais.

Com a organização da Iniciativa Nacional de Nanotecnologia o governo passou a distribuir investimentos e deu suporte para pesquisas desenvolvidas em centros interdisciplinares. No ano de 2001, o total investido (somando o setor público e privado) foi de US$ 463 milhões. Em 2002, os investimentos chegaram a U$ 604 milhões - no mesmo ano, o setor púbico dos EUA investiu US$ 434,3 milhões no Projeto Genoma Humano. Em 2003, o orçamento previsto para a N&N é de US$ 710 milhões.

A National Science Foudation (NSF, Fundação Nacional de Ciência, em inglês) foi o órgão que mais recebeu investimentos nos três últimos anos. Do total previsto para 2003, U$ 221 milhões devem ir exclusivamente para a entidade. Os recursos são divididos nas áreas de ciências biológicas, computação, engenharia, geociências, ciências sociais, educação, matemática e física. As duas últimas recebem a maior parte, US$ 103 milhões em 2003.

O Departamento de Defesa vem em segundo lugar, com US$ 201 milhões para o próximo ano, refletindo o direcionamento bélico do governo de George Bush e a relação entre o desenvolvimento de novas tecnologias e a estratégia militar. Os investimentos em N&N na área de defesa têm aplicações na marinha, na aeronáutica e no exército dos Estados Unidos. São projetos de desenvolvimento de nanoestruturas, nanocompostos, nanoeletrônica, nanomagnetismo e nanofotônica.

São várias as possibilidades dessas tecnologias na área militar, desde a melhoria dos armamentos e da comunicação até a criação de roupas para os soldados, que estão sendo desenvolvidas com vantagens e equipamentos superiores aos atuais uniformes militares. O exército americano também tem feito investimentos de pesquisa básica na University Affiliated Research Center (UARC), no Institute for Soldier Nanotechnologies (Instituto de Nanotecnologia para Soldados, em inglês). O objetivo desse centro de excelência é usar a nanotecnologia para a criação de materiais que possibilitem a proteção e a sobrevivência dos soldados em condições de risco.

Na Nasa, há duas linhas de investimentos inseridas no orçamento: Nanociência Básica e Pesquisa em Nanotecnologia. Os recursos vão para diversos programas de pesquisas físicas e biológicas e de tecnologia espacial, em três áreas de desenvolvimento: de materiais e estruturas; de nanoletrônica; de computação, sensores e fabricação de componentes espaciais. As pesquisas estão direcionadas para a exploração da zona de convergência entre a nanotecnologia, biotecnologia e informação tecnológica.

Os departamentos e as agências do governo dos Estados Unidos que recebem os investimentos englobam várias áreas de aplicação. No National Institute of Standarts and Technology (NIST, Instituto Nacional de Normas e Tecnologias, em inglês), por exemplo, as pesquisas referem-se às áreas de eletrônica molecular, computação quântica e nanomagnetismo.

Nos setores de saúde e de proteção ambiental a área mais estudada é a biotecnologia. A Agência de Proteção Ambiental pesquisa as implicações da nanotecnologia para reduzir impactos ambientais e economizar materiais e energia. Na área de biotecnologia, a agência faz pesquisas para o monitoramento de pesticidas e análise de alimentos.


O futuro da N&N
Por ser recente, com menos de 10 anos, os investimentos e as pesquisas em N&N nos Estados Unidos, somando recursos privados e públicos, ainda não atingiram a quantidade de recursos como o Projeto Genoma, por exemplo, tratado como prioridade. O pesquisador Henrique Eisi Tomo, do Instituto de Química da USP, diz que a expectativa para o futuro da N&N é que ela alcance o mesmo status da genética, mesmo porque, com seu caráter interdisciplinar, engloba áreas do próprio Projeto Genoma. "A N&N está deslanchando, numa fase de conscientização e de impacto", avalia Henrique Toma.

Nessa fase de "propaganda", a N&N está sendo assimilada pela sociedade. A maioria dos experimentos ainda estão em fase de testes, mas a concepção da N&N já tem ampla divulgação. O tempo de amadurecimento para as aplicações práticas varia conforme a área de pesquisa. Segundo as projeções do pesquisador Henrique Tomo, a nanotecnologia de materiais para a produção de polímeros deve chegar ao mercado em um ou dois anos. Já a tecnologia de eletrônicos e de fármacos deve esperar mais cinco anos para ter aplicações práticas.

"A nanotecnologia molecular, que é a área mais nobre, deve demorar de 10 a 15 anos para se estabelecer", diz Tomo. Ela foi uma das propostas do pesquisador Eric Drexler, que trouxe de volta as discussões sobre a nanotecnologia em 1992, referindo-se às construções "átomo por átomo". Segundo sua proposta, objetos podem ser produzidos a partir de moléculas, com a manipulação de átomos individualmente.

(GP)

 
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Atualizado em 10/11/2002
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