Fusão Nuclear:
Alternativa para o futuro?
Marcelo Knobel
Ao fundir núcleos
atômicos leves (tais como os isótopos do hidrogênio, o deutério e o trítio)
há uma enorme liberação de energia, processo que é conhecido como fusão
atômica. Esse processo é similar ao que ocorre no interior do Sol e de
outras estrelas, e poderá vir a ser uma fonte de energia ilimitada para
gerações futuras. Para realizar fusões que efetivamente liberem grandes
quantidades de energia é necessário que um gás formado pelos isótopos
do Hidrogênio seja aquecido até temperaturas elevadíssimas (100 milhões
de graus centígrados) e seja mantido confinado por pelo menos um segundo,
o que pode ser conseguido usando confinamento magnético. Uma das configurações
mais utilizadas é chamada tokamak, palavra russa que significa câmara
magnética em forma de toróide.
Apesar dos enormes
avanços na tecnologia e no entendimento dos fenômenos físicos que ocorrem
durante a fusão nuclear, ainda não se tem certeza se o potencial da fusão
nuclear poderá ser efetivamente realizado de uma maneira economicamente
viável. Existem diversos programas, em diversos países, com um objetivo
global de elevar a tecnologia de fusão a um estágio comercialmente aceitável
para a geração de energia elétrica por volta de 2040-2050. Esses programas
se baseiam em diversos estudos que indicam que nos meados do próximo século
a demanda de energia elétrica será muito maior do que é hoje em dia, com
o agravante da escassez de recursos fósseis (e das restrições ao seu uso
por motivos ambientais).
De fato, a fusão nuclear
apresenta uma vasta lista de qualidades de segurança ambiental. Não há
reações em cadeia, e a radiotoxicidade dos detritos de uma planta de fusão
nuclear é comparável à radiotoxicidade dos detritos provenientes de uma
usina termo-elétrica. Os detritos não apresentam efeitos acumulativos
para gerações futuras. Além disso, a fusão não produz mudanças climáticas
ou emissões poluidoras da atmosfera. Entretanto, apesar de representar
a possibilidade de conquistar uma fonte de energia inesgotável, com muitos
benefícios para o nosso meio ambiente, as pesquisas em fusão nuclear não
vem sendo suficientemente apoiadas, talvez devido aos enormes avanços
de que ainda dependem e ao investimento considerável que essa inciativa
representa.
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