Usina mistura simplicidade
e alta tecnologia
Angra
2 impressiona antes de tudo pelo tamanho. Pelo tamanho das instalações
e da mobilização humana que representa. Quem vem pela Rio-Santos não pode
deixar de reparar na magnitude da obra, localizada em uma pequena enseada
em uma das reentrâncias da serpenteante estrada. Ao entrar na área da
usina e das vilas de funcionários nota-se a infra-estrutura que a Eletronuclear
criou nas adjacências para tornar possível a empreitada.
As vilas de Mambucaba
e Praia Grande são construídas para abrigar os funcionários, além de algumas
instalações operacionais, como o Laboratório de Monitoração Ambiental
e o Hotel onde funcionários, comissões técnicas e autoridades governamentais
eventualmente ficam. As edificações são todas planejadas, casinhas de
moradores repetem-se umas depois das outras aos olhos do passante, dando
uma impressão de ordem e monotonia.
As
instalações da usina são guardadas por um esquema de segurança de fazer
inveja: visitantes são identificados por cartões magnéticos com um chip
capaz de abrir portas somente na presença de um funcionário. Ainda assim,
o visitante tem que esperá-lo entrar primeiro. E depois não pode hesitar
muito: seu cartão pode abrir a porta até dois minutos depois da entrada
do anfitrião. Ao fim deste tempo, o cartão expira. Todas as portas da
usina têm um identificador deste tipo. A segurança é ostensiva e a vigilância
deve responder por uma parcela razoável da folha de pagamentos. Os guardas
das portarias e balcões de entrada comunicam-se com os visitantes somente
através de microfones, pois há espessos vidros separando os dois.
Depois
desta primeira impressão, o estilo de construção e o clima dentro da usina
tornam-se os principais alvos da atenção. Há, nas construções, nos prédios,
nos monitores de computador, nos macacões dos operários e nos painéis
da sala de controle da usina uma estética dos anos 70/80, no estilo dos
filmes de Buck Rogers ou Jornada nas Estrelas. O design dos equipamentos,
que devem ser funcionais acima de tudo, desvia a atenção do visitante
para essa estética. É interessante pensar que a energia nuclear e as usinas
que a utilizam não representem mais tanta inovação como na época em que
o Brasil começou seu projeto nuclear. Visualmente, a usina oferece uma
experiência mista de alta tecnologia com simplicidade, ou até mesmo antigüidade.
A
imensidão, as tubulações prateadas, os equipamentos e os ruídos e principalmente
o gerador e suas turbinas tornam quase impossível não associar a experiência
de uma visita à Angra 2 com os filmes de ficção científica da década de
70 e começo dos anos 80.
Paralelamente à produção
de energia elétrica, a usina mantém também atividades de pesquisa e monitoração
ambiental...
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