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Cracas nas tubulações representaram desafio para engenheiros e biólogos Quando a usina de Angra 1 começou a funcionar, havia uma prática corrente de tratar a água do mar com choques de cloro em concentrações relativamente altas, de 10ppm (partes por milhão). Isto porque as tubulações que despejam a água salgada de volta ao mar sofrem o ataque de organismos incrustantes, como as cracas, aquelas conchas aderidas às pedras. Em Angra, predominam as espécies Megabalanus tintinabulum e M. coccopoma. Estes organismos, na fase inicial de vida, nadam livremente pela água e têm tamanho reduzido, sendo observáveis apenas com microscópios. Depois, para que possam atingir a fase adulta, eles precisam se fixar numa superfície (normalmente uma rocha). Após conseguirem se fixar, os jovens começam seu crescimento adulto, segregando uma "cola" que os faz aderirem fortemente à parede da rocha. Esta cola é uma mistura de carbonato de cálcio e um ácido que os faz aderentes o suficiente para causar danos sérios até em cascos de navios. Para evitar que isso ocorresse com as tubulações da usina é que a água do mar era tratada com doses periódicas de cloro. A prática foi importada dos EUA, através da White Westinghouse, fabricante do reator de Angra 1. Mas o método praticado pelos americanos contra as cracas de lá não funcionava muito com as cracas daqui. Apesar de todo o cloro, elas cresciam dentro das tubulações, fazendo inclusive a usina parar para manutenção. O crescimento das cracas era intenso, uma vez que no interior dos tubos elas cresciam no escuro e não havia competição por espaço com as algas, que, por precisarem de sol, são tradicionais concorrentes em ambientes naturais. Como se não bastasse, a água de dentro dos tubos era ainda mais quente que a de fora. Técnicos e engenheiros tentaram de tudo para sanar o problema, até que a solução veio pela investigação da biologia das cracas. O trabalho de investigação, levado a cabo pelo biólogo Carlos Alhanati e pelo engenheiro Sérgio Dias, iniciou-se com mergulhos por dentro das tubulações e observação dos animais. Segundo eles, as cracas formavam placas que chegavam a 30 cm de espessura, crescendo umas em cima das outras. À medida em que iam ficando mais pesadas cediam e eram carregadas pelo fluxo até os tubos do condensador. Em um dos mergulhos, eles perceberam que nas curvas no túnel de admissão as cracas não cresciam. Aquele fato chamou a atenção. Após algum tempo de estudo e levantamento de dados, conseguiu-se descobrir que as cracas não conseguem fixar-se em superfícies quando a velocidade da água é superior a 1,5 metros por segundo. E o que acontecia nas curvas dos tubos é que a água se movia mais rapidamente, impedindo a fixação das larvas de cracas. Feitos os cálculos da velocidade necessária para impedir a fixação, só faltou descobrir a peça que faltava ao quebra-cabeças: as duas bombas que mantêm o fluxo de água trabalhavam em revezamento. O fluxo produzido deslocava-se a menos de 1,5 m/s. Então, encomendou-se aos operadores da usina que mantivessem as duas bombas operando conjuntamente, com o fluxo acima de 1,5 m/s. Depois de algum tempo as análises indicavam que a fixação de cracas tinha realmente acabado. Desde essa época a administração de cloro foi bastante reduzida, faltando apenas maiores análises para concluir qual a real contribuição do cloro no processo de impedimento do crescimento das cracas. Pesquisas estão sendo desenvolvidas em conjunto com o Instituto de Pesquisas da Marinha para o entendimento desta questão. De qualquer forma, o laboratório continua monitorando a concentração de cloro e os valores observados, em sua grande maioria, são menores que 0,01ppm nas águas das praias próximas à usina e a perspectiva no futuro é que seja possível parar definitivamente a administração de cloro. Além da monitoração ambiental, uma questão que preocupa é o Plano de Emergência, em caso de acidente nuclear... |
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Atualizado em 10/08/2000 |
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