A
Aids e a quebra de patente na pauta internacional
O
vírus da Aids contaminou cerca de 5 milhões de pessoas
em 2000. Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS), já são mais de 35 milhões de infectados
pelo HIV no mundo todo. Cerca de 90% dos portadores do vírus
estão nos países periféricos. Na África
do Sul, a Aids matou 250 mil pessoas no ano passado, e atualmente,
1 em cada 10 sul-africanos é portador do vírus HIV.
Em
fevereiro deste ano, a Cipla, fabricante de medicamentos genéricos
de Bombaim, na Índia, anunciou um plano de fornecimento de
três drogas do coquetel anti-Aids para os países pobres
a um custo de US$ 350 ao ano por paciente. O custo de mercado do
coquetel completo, com até 12 medicamentos, varia de US$
10 mil a US$ 15 mil por paciente a cada ano. A renda anual média
na maior parte do continente africano é inferior a US$ 350
por pessoa.
Em
março, 39 laboratórios farmacêuticos internacionais
entraram com um processo contra o governo da África do Sul
para tentar impedir que aquele país importasse medicamentos
genéricos mais baratos contra a Aids. O processo era decorrente
de uma lei proposta pelo governo sul-africano, regulamentando a
importação de medicamentos genéricos da Índia
e do Brasil.
O assunto
se tornou pauta obrigatória em discussões da Organização
Mundial de Saúde (OMS) e da Organização das
Nações Unidas (ONU). Para não comprometer a
sua imagem perante a opinião pública internacional,
os 39 laboratórios retiraram os processos e fizeram um acordo
com a África do Sul para venda dos seus medicamentos a preços
mais baratos.
A
política pública de combate à Aids no Brasil
O programa
nacional de combate à Aids no Brasil, regulamentado pelo
governo federal em 1996, garante aos doentes infectados com o vírus
HIV acesso gratuito à medicação necessária
para o seu tratamento. O coquetel de medicamentos anti-retrovirais
usado no tratamento da doença é comprado pelo Ministério
da Saúde e distribuído para a rede pública
de saúde do país.
Segundo
o Boletim Epidemológico publicado em dezembro do ano passado
pelo Ministério da Saúde, a taxa de incidência
de Aids no Brasil subiu de 8,2 infectados para cada 100 mil habitantes
em 1991 para 14,5 para cada 100 mil em 1996. Naquele ano, o governo
federal gastou R$ 40 milhões com medicamentos anti-Aids.
Em 1997, esse gasto saltou para mais de R$ 250 milhões.
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De
acordo com a Coordenação Nacional de Doenças
Sexualmente Transmissíveis, em 1998 havia no Brasil 536.920
pessoas entre 15 e 49 anos infectadas com o vírus HIV. O
gasto do Ministério nesse ano foi de R$ 360 milhões,
e em 1999, ultrapassou a casa dos R$ 620 milhões. Menos de
20% dos medicamentos, até então, eram comprados diretamente
dos laboratórios públicos brasileiros. Uma pequena
parcela vinha de laboratórios privados, e o restante era
importado.
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