A
quebra de patente de medicamentos anti-Aids: benefícios sociais
e econômicos para países periféricos
reportagem:
Rodrigo Cunha
edição: Rafael Evangelista
webdesign: Ingrid Lemos Costa
A
patente é um dos mecanimos legais de proteção
à propriedade intelectual. Ela visa garantir ao inventor
de um produto os direitos de reprodução e comercialização
de seu invento. A lógica econômica desse mecanismo
de proteção é que os lucros proporcionados
pela licença de produção de um produto patenteado
garantem ao detentor da patente o reinvestimento em pesquisa e desenvolvimento
de novos produtos.
Fatores
sociais, no entanto, podem eventualmente prevalecer sobre esse aspecto
econômico de motor do desenvolvimento, colocando em discussão
a possibilidade de quebra de patente. Um desses fatores é
a grande defasagem tecnológica dos países periféricos
em relação aos países desenvolvidos, e o seu
baixo poder de compra para adquirir os produtos de última
geração fabricados pelos grandes centros econômicos.
No
caso específico das patentes de medicamentos para o tratamento
de Aids, o aspecto social de maior impacto é a dizimação
de um povo que não tem recurso financeiro para arcar com
os custos da medicação. No continente africano, a
epidemia da doença atingiu números tão alarmantes
que a discussão sobre o preço dos medicamentos praticado
pelos laboratórios internacionais sensibilizou a opinião
pública mundial. Em países como a África do
Sul, o aspecto social da epidemia de Aids chega a ter grande impacto
econômico, pois se trata de uma redução drástica
da força de trabalho daquele país.
Países
periféricos, que apesar de suas grandes contradições
sociais, possuem uma razoável produção científica
e um certo acompanhamento dos avanços tecnológicos
gerados nos países ricos, podem se beneficiar dessa discussão
em torno das patentes. É o caso da Índia e do Brasil,
que têm investido nos últimos anos em pesquisa e desenvolvimento
na área de produtos farmacológicos.
Tal
como ocorreu no processo de industrialização do Brasil,
na década de 50, através da substituição
de importações, a política brasileira de incentivo
à produção de medicamentos genéricos
para o tratamento da Aids pode gerar um crescimento da indústria
de fármacos no Brasil, com novos investimentos em P&D.
Além disso, o país consegue não só uma
enorme economia de divisas como pode passar da condição
de importador para a de exportador de medicamentos anti-Aids.
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