Museus
e centros de ciências - A experiência da Estação
Ciência
Ernest
Wolfgang Hamburger
Museus
e Centros de Ciências são importantes locais de divulgação
científica. Esses museus surgiram nos países industrializados
para guardar a memória técnica e científica
e para mostrar à população as realizações
técnicas e científicas da nação, e também
estrangeiras. Durante o século XX foram introduzidas exposições
interativas, em que os visitantes mexem nos experimentos, para estimular
a curiosidade e a compreensão de conceitos científicos
pelo público leigo. Centros de Ciências, menores e
voltados para a educação, foram fundados, principalmente
nos Estados Unidos e na França, após 1960.
No
Brasil, os Museus Nacional, no Rio, e Goeldi, em Belém do
Pará, foram pioneiros, no século XIX, em coleções
antropológicas, geológicas, biológicas e históricas.
Centros de ciências foram fundados a partir de 1965 e principalmente
após 1980. A Associação Brasileira de Centros
e Museus de Ciências, ABCMC,
tem um cadastro de mais de cem instituições, em geral
pequenas e fundadas há menos de 15 anos.
A Estação
Ciência, Centro de Difusão Científica, Tecnológica
e Cultural da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária
da Universidade de São Paulo - USP, foi fundada pelo CNPq
em 1987, e passou para a USP em 1990. Funciona em uma antiga fábrica,
reformada, com 5.000 metros quadrados, junto à estação
de trens metropolitanos do bairro da Lapa, a sete quilômetros
do centro de São Paulo.
Recebe
cerca de duzentos mil visitantes por ano, principalmente alunos
do ensino fundamental e médio. O número é limitado
pelo tamanho do prédio e do corpo de funcionários,
e é pequeno para uma metrópole de 20 milhões
de habitantes. Em geral os visitantes se interessam e gostam. Estudantes
universitários são treinados como monitores para receber
os visitantes e dar explicações. As exposições
são de astronomia, física, meteorologia, hidrologia,
matemática, informática, geologia e petróleo,
geografia e urbanismo, história, biologia, entre outras.
Foram preparadas com auxílio de pesquisadores da USP e de
outras entidades, com apoio de CNPq, Fapesp, Fundação
Vitae e Petrobras, entre outras.
A Estação
Ciência desenvolve outras atividades: cursos para professores,
profissionais e interessados; conferências; congressos; mostras
e feiras; produção de peças de teatro com conteúdo
científico; empréstimo de aparelhos para escolas;
iniciação científica de alunos de sexta série
do ensino fundamental; Projeto Clicar - que inicia em ciências
e sociabiliza crianças em situação de rua;
Projeto Mão na Massa - para estimular o ensino de ciências
desde as primeiras séries do ensino fundamental, junto com
a alfabetização; produção de materiais
para divulgar ciências na Internet e por vídeo; publicação
de livros sobre divulgação científica etc.
Cada
exposição e atividade comporta trabalhos de pesquisa
e desenvolvimento em ciência, arte e comunicação:
Como organizar o conjunto de exposições e cada uma
em particular? Como despertar o interesse do visitante? Qual a linguagem
da difusão e sua relação com a linguagem científica?
Qual o papel dos monitores e como devem ser treinados? Para cada
fenômeno ou conceito, que experimento ou explicação
devem ser fornecidos? O que um visitante efetivamente aprende ou
aproveita? São múltiplos os desafios da divulgação
científica!
Ernest
Wolfgang Hamburger é
diretor da Estação Ciência da USP.
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