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Criacionismo, lá e aqui

Eduardo Rodrigues da Cruz

Para nós que assistimos de longe, o "criacionismo científico" (doravante apenas "criacionismo", mesmo que os dois não sejam necessariamente a mesma coisa) nos Estados Unidos é algo estranho. Como é possível que este país, que é o mais avançado em termos científicos e tecnológicos, abrigue um movimento tão anacrônico, partidário da crença de que a terra foi feita durante um período curto, há pouco tempo atrás? A resposta parece ser de que de alguma forma o próprio avanço da ciência tem levado a essa forma bizarra de reação religiosa, no contexto mais geral do que tem sido chamado desde meados dos anos 90 de "guerras culturais" ou "guerras de ciência". Mas primeiro falaremos um pouco sobre como o criacionismo se manifesta no Brasil. Daí, sem a pretensão de originalidade, ou de sumarizar uma vez mais os aspectos principais do movimento criacionista, tentaremos discutir alguns elementos da resposta a esse enigma, também incluindo certo grau de comparação entre o caso norte-americano e o brasileiro. Além disso, indicarei algumas lições que podemos tirar para o ensino das ciências na escola, argumentando que uma melhor compreensão das bases históricas e culturais desse movimento é sugerida para a melhoria de nosso ensino. Ao final, e de modo mais tentativo, argumentarei em favor de um ponto de vista específico para o ensino sobre a religião em escolas privadas e públicas.

Criacionismo no Brasil: situação presente e desafios previsíveis

No momento gostaria de apresentar, em linhas gerais, o criacionismo no Brasil. Como não há estatísticas e estudos em profundidade, muito do que está dito abaixo é hipotético. Seria melhor de qualquer forma partir de algum material primário, como nos é fornecido pelos sites de duas sociedades brasileiras que são criacionistas. Uma leitura mais cuidadosa desses sites revela alguns detalhes interessantes.

A primeira, a Sociedade Criacionista Brasileira estabeleceu-se em 1972 e está localizada em Brasília. O site é muito bem construído, sugerindo uma grande vitalidade desse movimento: há um bom número de eventos, vários deles semelhantes a congressos científicos, assim como de revistas e livros. Seus membros mais proeminentes parecem ser adventistas do sétimo-dia, um grupo pequeno mas ligado à classe média branca brasileira. Seu presidente é Ruy Vieira, um engenheiro com um currículo notável e também adventista. Uma nota curiosa: ele foi por duas gestões diretor científico da Fapesp, a fundação mais representativa da ortodoxia científica no Brasil! A SCB está ligada à organização mundial Answers in Genesis, e também a uma faculdade adventista em São Paulo, e não procura esconder suas conexões com o literalismo bíblico.

Em seguida, pordemos mencionar a ABCP, Associação Brasileira de Pesquisa da Criação, fundada em Belo Horizonte em 1979. Mais próxima aos envangélicos tradicionais, está ligada ao Institut for Creation Research, da Califórinia, onde o criacionismo contemporâneo ressurgiu. Semelhantes a estas duas, outras associações e centros de divulgação do criacionismo têm se multiplicado rapidamente no Brasil - basta recorrer a qualquer mecanismo de busca na Internet para conferir a crescente presença de sites criacionistas.

Uma primeira percepção é que, por mais ativos que os criacionistas sejam no Brasil, sua militância está restrita a certos círculos protestantes. A questão é, o quanto isto representa? Minha suspeita é a de que, se no momento não há ainda um grande impacto público, esta situação pode mudar no futuro. A razão para tanto é que esses círculos estão crescendo em número, também entre a classe média de nível universitário. Mesmo que essas pessoas não estejam militando a favor do criacionismo em seus círculos profissionais, não há nenhuma garantia que, em face de novos desafios, elas tornar-se-ão, ou não, mais ativas no âmbito público. Se assim for, como elas se apresentariam? No presente elas estão sendo doutrinadas com pequenos livretos, ou outros materiais com finalidades apologéticas, que apresentam respostas prontas para argumentos-padrão encontrados em livros-texto sobre a teoria darwiniana.

O que isto significa? Em termos acadêmicos, palavras como dogma, catecismo e doutrinação são razoavelmente neutras se adequadamente usadas. Mas quando aplicadas aos textos criacionistas, elas podem ser vistas em termos pejorativos. Esses termos passam a representar o que não deve ter lugar no desenvolvimento do aluno, a antítese da educação emancipatória e do método científico. Pior ainda: sabemos que um ensino de estilo doutrinário na escola pública é normalmente recebido com aborrecimento e indiferença pelos alunos. Entretanto, por causa do contexto entusiasta e fervoroso do ensinamento criacionista, os educandos decoram gulosamente tais argumentos e estão sempre prontos a brandi-los quando encontram uma polêmica. Ao invés de uma busca comum pela melhor representação do cosmos, este ensinamento apenas exacerba a postura "nós" e "eles". Como o material criacionista é basicamente importado dos Estados Unidos, o resquício de sofisticação que possuía originalmente perdeu-se em seu caminho para o Brasil, e assim o criacionismo ensinado em algumas escolas dominicais (ou contextos similares) é ainda mais marcado pela doutrinação. O que aconteceria se essa atitude privada passasse a imperar no domínio público, não sabemos. Deixaremos a discussão neste ponto.

A Teoria do Plano Inteligente (IDT) é a forma de criacionismo mais nova, mais sofisticada e menos marcadamente religiosa que agora se importa dos Estados Unidos. Contrariamente aos seus predecessores mais vulgares, seus princípios básicos são abertos ao debate científico, e há uma discussão em andamento a este respeito em muitos círculos acadêmicos. A despeito do que eles próprios defendem, entretanto, os proponentes da IDT colocam-se como sendo "a ponte entre ciência e religião", dificilmente escondendo a base religiosa da teoria em questão. Até o momento, A IDT não tem se disseminado no Brasil, mas não se pode prever o futuro. Se isto acontecer, a discussão sobre o que constitui uma ciência legítima (e conseqüentemente o que é adequado para os currículos de ciências nas escolas) será muito mais controversa e ambígua aos olhos do cidadão comum.

Essas dificuldades, ao invés de levarem ao escândalo e à repulsa nos meios científicos brasileiros, deveriam, ao invés, ser um bom pretexto para uma investigação científica apropriada. Neste sentido, seria melhor agora retornarmos ao contexto norte-americano.

Criacionismo como resistência cultural

De maneira surpreendente, mas ainda assim com uma explicação racional, o criacionismo "científico" surgiu (início dos anos 60) no meio de um esforço orquestrado para promover uma escolaridade informada pelos desenvolvimentos de fronteira em ciência e tecnologia. Este esforço, como se sabe, foi empreendido como reação aos recentes avanços científicos soviéticos. Muitos livros-texto de qualidade surgiram, e pela primeira vez a teoria da evolução tornou-se parte regular, em uma escala nacional, dos currículos americanos de ciências. A batalha que surgiu entre cristãos conservadores e cientistas de grandes centros de pesquisa, como os das universidades da costa leste dos EUA, foi catapultada para a arena pública. Em 1981, uma corte federal declarou oficialmente o criacionismo como religião, não tendo portanto nenhum lugar em escolas públicas. Como veremos, essa jurisprudência foi, de certa forma, uma vitória de Pirro.

Primeiro, toda a batalha foi travada em torno do que se conta como verdadeira ciência, e da separação igreja-estado. O pano de fundo cultural não foi apreciado de maneira adequada e, diga-se de passagem, ainda não está claro na mente dos cientistas. Uma das poucas exceções é a de um renomado biólogo, certamente um defensor da teoria evolucionária que pode ser considerado acima de qualquer suspeita. Quando resenhava um livro de Carl Sagan, este incansável batalhador contra a pseudo-ciência, Richard Lewontin disse o seguinte:

A batalha pela posse da consciência pública entre as explicações materiais e místicas do mundo é apenas um aspecto da história do confronto entre cultura das elites e cultura popular. [alguma história se segue, até os anos 60, como sugerido acima]... O resultado foi uma revolta fundamentalista, a invenção da "ciência criacionista" e a pressão popular bem sucedida sobre comitês escolares locais e agênciais estatais de aquisição de material didático, para revisar currículos subversivos e boicotar livros-texto blasfemos. Em sua hybris provinciana, os intelectuais chamaram a luta entre relativistas culturais e tradicionalistas nas universidades e periódicos de pequena circulação de "Guerras culturais". Mas a real batalha é entre a cultura tradicional daqueles que se julgam sem poder e o materialismo racionalizante do moderno Leviatan (Lewontin, Richard. 1997. Billions and billions of demons. Review of The demon-haunted world: science as a candle in the dark, by Carl Sagan. In The New York Review of Books, January 09, 1997, pgs. 5-6)

A palavra fundamentalista toca ainda em outro ponto, mal usada como é. Ao invés de apontar, como muitos julgam hoje, para intolerância e obscurantismo, originalmente ela significava crenças mantidas de forma secular e profunda, e reverência para com a tradição. Se nós respeitamos judeus ortodoxos, por exemplo, porque julgar os fundamentalistas de acordo com outros padrões? A resposta aparenta ser clara: na medida em que os últimos mantenham suas crenças para si próprios, então não haverá problema. Este surge quando os fundamentalistas tentam inculcar essas crenças nas mentes de todos os outros em currículos escolares. Assim a separação dos liberais entre razão pública e razão privada vem à superfície, mas com uma mudança. Os defensores da teoria da evolução consideram seus propósitos como nobres, representantes da verdade tanto no domínio da ciência como no do bem comum, enquanto que os criacionistas são descritos como pessoas mal intencionadas, usando os meios sujos de políticas locais.

Se o caráter duvidoso da ação política é assinalado apenas para um lado, segue-se uma representação falaciosa: o fundamentalismo passa a ser a encarnação do mal, seus defensores tendo interesses escusos na apropriação de corações e mentes. Assim, há ainda mais razões para banir a religião do domínio público em geral e das escolas públicas em particular. Entretanto, não apenas esse duplo padrão esconde o caráter político das ações da corporação científica, como também empresta à separação igreja-estado uma rigidez desproporcional, ignorando diferenças locais e dando lugar a ressentimentos.

Isto me leva ao segundo ponto, que é a tendência crescente de tomar essa separação como um dogma. Na maioria dos países onde também há separação igreja-estado, na medida em que as sociedades sejam majoritariamente religiosas (como no caso do Brasil), essa separação tem fronteiras fluidas. Isso não é de se admirar, tal é a importância que hoje se reconhece da religião na cultura. Manter uma posição inflexível leva a um acréscimo de tensão dentro da sociedade, que se toma difícil de tolerar. Retornaremos a estas considerações mais adiante.

Levando a sério ciência e religião

Consideramos ser problemático no presente, uma postura comum entre os opositores do criacionismo, a extensão da parte para o todo, assumindo religião como se fosse toda ela criacionista. Essa confusão é partilhada por muitos cientistas, partidários de liberdades civis, e mesmo entre pessoas ligadas às igrejas. Certamente a ambigüidade mesma dos criacionistas e defensores da IDT leva a esta confusão: constituindo-se como uma mistura anacrônica de elementos do cristianismo e de elementos da biologia e da paleontologia contemporâneas, por que não serem vistos como religião? Mas essa interpretação tem sido infeliz. Como muitos teólogos e vários cientistas têm mostrado desde o julgamento de 1981, esta mistura impura deveria apenas significar que o criacionismo é ciência ruim e religião ainda pior.

Este é um importante ponto a ser destacado. O conflito presente não é primariamente entre ciência e religião, mas entre boa ciência e religião de um lado e de outro suas respectivas corruptelas. Assim sendo a proposta freqüente de se erigir uma distinção clara entre ciência e religião, para que ambas possam viver melhor em seus domínios próprios (sugerida, por exemplo, em repetidas ocasiões por Stephen J. Gould) pode acabar não sendo uma solução factível. É verdade que nem todos concordam que ciência e religião possam estar no mesmo lado quando o que está em jogo é a defesa de uma metodologia adequada e de um conhecimento robusto. Nosso argumento, entretanto, é que esta aliança torna-se razoável quando consideramos que a teologia e as ciências da religião esclarecem nosso raciocínio quanto às conotações religiosas de qualquer empreendimento humano.

De fato, os criacionistas têm uma certa razão quando mantêm que a teoria da evolução é ensinada nas escolas não apenas como ciência "dura" mas também como uma visão de mundo, um substituto da religião. Os próprios evolucionistas (historiadores, filósofos, biólogos, etc...) estão começando a reconhecer que as batalhas ideológicas em torno da teoria da evolução são melhor caracterizadas, não como conflitos entre ciência e religião, mas como um confronto entre visões de mundo. Isto é verdade não apenas para o passado (por exemplo, o darwinismo social de Spencer) mas também para o presente (p.ex., a consiliência - gradual extensão do paradigma darwiniano para dar conta também das tradições religiosas e humanistas - proposta por Edward Wilson). Isto não significa que a teoria da evolução seja apenas uma construção social. Significa mais que estamos em face dos limites da cognição humana, e do fato de que qualquer teoria de longo alcance nas ciências possui meandros metafísicos e religiosos. O esforço neo-positivista (e popperiano) de traçar uma linha clara de demarcação entre ciência e não ciência é largamente reconhecido como tendo falhado. Não é apenas um problema de aplicações malévolas (por exemplo, eugenia), mas principalmente o de que a própria teoria presta-se a interpretações que são funcionalmente religiosas. Assim entende-se por que a tarefa de desentranhar aspectos religiosos do ensino da evolução, apesar de ser nobre e até necessária, em última instância fica sem uma solução final.

O que está sendo proposto pode parecer herético e até detestável, mas a longo prazo pode apresentar-se como a melhor defesa contra a ameaça do criacionismo, tanto em escolas públicas como privadas. O ensino sobre religião (para evitar a ambigüidade da expressão mais comum, "ensino religioso") é uma necessidade para a escola contemporânea, não apenas porque a religião (e as religiões) tornaram-se por demais importantes em décadas recentes para serem excluídas de currículos escolares, mas também porque todas as outras atividades humanas são de alguma forma permeadas por estruturas religiosas.

A experiência brasileira em anos recentes pode ser educativa neste momento. Primeiro, por causa do papel proeminente que as escolas privadas cumprem na formação das elites científicas do país. Ao invés de alguém continuar mantendo que "você pode ensinar o que quiser em seu domínio privado, contanto que não mexa nas escolas públicas", é certamente melhor perseguir apenas um único objetivo: construir a boa escola! Segundo, a nova Constituição de 1988 oficializou a permissão do ensino de religião em escolas públicas, e isto foi recentemente normatizado na Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Discussões interessantes e trabalho em conjunto têm ocorrido em diferentes partes do país, permitindo que se leve em consideração diferenças regionais. Evidentemente é difícil predizer o que virá depois, mas é certamente possível ter-se um ensino significativo sobre religião, defensável na esfera pública.

Ainda temos muito o que aprender a respeito de como ensinar sobre religião no alvorecer deste novo século. Por exemplo, muitos dos conteúdos que são propostos no Brasil salientam o componente moral da ação humana, enquanto que, como estamos vendo ao longo deste trabalho, os problemas mais interessantes parecem localizar-se no domínio cognitivo. Questões sobre a realidade e seu conhecimento, e a formação de visões de mundo racionais, precisam vir à tona, e o mesmo vale para o ensino de ciências. Sim, a teoria da evolução carrega uma visão de mundo em seu seio. Entretanto, ela é plástica, e nesta plasticidade ela pode ser certamente benéfica, e não danosa a uma visão de mundo cristã. Se a teoria da evolução é ensinada tendo em mente seu aparecimento histórico e suas nuances religiosas, ela então pode ser engajada com a religião no que esta tem de melhor, criticamente refletida. O resultado final é o de uma mente crítica, capaz de resistir a qualquer doutrinação cega, vinda seja do lado de uma ou outra disciplina no currículo escolar, ou do lado de interesses de lideranças religiosas.

Conclusão

Começamos este texto de uma maneira mais descritiva, indicando como um fenômeno peculiar do mundo norte-americano (o criacionismo) pode estar se espalhando para um país como o Brasil. Mencionamos também os problemas que podem estar relacionados a esta expansão. Para compreendê-los melhor, retomamos um pouco da história recente da controvérsia norte-americana e de suas lições. Por outro lado, situando-nos em um contexto mais amplo, tivemos oportunidade de argumentar em favor de uma abordagem algo diferente para tal problema.

Questionamos uma postura rígida no que tange à separação igreja-estado, na medida que pode ignorar a dinâmica cultural subjacente tanto à ciência quanto à religião. Dada a importância dessa última em nosso mundo conturbado, e a consciência de que símbolos e rituais podem ser poderosos em nossa tentativa de construir um mundo melhor, cremos que a religião tenha o seu lugar em currículos escolares. Isto seria de pouca valia sem uma percepção simultânea de que o criacionismo não é apenas ciência sem fundamentos, como também religião anacrônica, e os critérios pelos quais julgamos estes problemas são similares nos dois casos. Uma busca comum é proposta, uma que ressoe na prática das escolas, sejam elas privadas ou públicas. Esta busca começa e tem como objetivo pôr uma visão de mundo mais coerente, e um padrão compartilhado de valores, cognitivos ou morais.

Se essa busca comum em torno de uma visão mais ampla de racionalidade ocorrer, então talvez um dia essas controvérsias em torno do criacionismo simplesmente desapareçam, assim como a necessidade de um artigo como este. A história e o jornalismo perderiam assim um tópico interessante, mas a boa ciência e a boa religião teriam muito a ganhar.

Eduardo Rodrigues da Cruz é professor de ciências da religião e história da ciência da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Sua linha de pesquisa estuda as várias interfaces entre ciência e religião, resultando em inúmeros capítulos de livros e artigos, em português e em outras línguas. E-mail: erodcruz "arroba" pucsp.br.


Leituras Suplementares

Miller, Kenneth R. 1999. Finding Darwin's God: a scientist's search for common ground between God and evolution. New York: Cliff Street Books.

Numbers, Ronald L. 1992. The creationists: the evolution of scientific creationism. New York: Alfred A. Knopf.

Ruse, Michael. 2002. O mistério de todos os mistérios. Vila Nova de Falamicão (PT): Edições Quasi.

_______. 2001. Can a darwinian be a christian? The relationship between science and religion. Cambridge: Cambridge University Press.

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Atualizado em 10/07/2004

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