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Investindo no genoma
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Genoma Xylella desperta interesse de viticultores norte-americanos Em 14 de abril deste ano, a Fapesp firmou acordo com a American Vineyard Foundation (ARS) e com o Serviço de Pesquisa em Agricultura, órgão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para investir US$ 500 mil no seqüenciamento do genoma da Xylella fastidiosa (US$ 250 mil da Fapesp e US$ 125 mil de cada uma das outras instituições). A bactéria que está presente nos laranjais brasileiros também ataca videiras e tem dado dor de cabeça para os produtores de todos os estados sulistas dos Estados Unidos onde se cultiva esse produto. As duas Xylellas, a da laranja e a da uva, são parentes próximas e causam sintomas muito semelhantes, mas os próprios pesquisadores ainda não conhecem as reais diferenças entre elas. "O seqüenciamento desta nova variedade vai permitir comparar os dois genomas e apontar suas diferenças, além de as informações servirem ao projeto Genoma Funcional da Xylella", afirma o professor Paulo Arruda, do departamento de genética da Unicamp. Nos últimos anos, a bactéria tem ameaçado a indústria de vinho da Califórnia e do Texas, onde a produção se restringe ao plantio da espécie V. vinífera, variedade européia mais susceptível ao Mal de Pierce, nome da doença causada pela Xylella. Calcula-se que o prejuízo anual seja de dezenas de milhões de dólares. A bactéria também é transmitida por cigarrinhas, no momento em que elas introduzem seu aparelho bucal no vaso condutor de água da planta, o xilema. É nesta região que a bactéria se reproduz, cresce e efetivamente sufoca a videira até causar a sua morte. Ela bloqueia o xilema e reduz o abastecimento nas folhas infectadas. Doze meses após os primeiros sintomas serem observados as plantas morrem. Além de Califórnia e Texas, também foi encontrada a bactéria no México, América Central e em algumas regiões do noroeste da América do Sul. A pesquisa brasileira será coordenada por Andrew Simpson e a norte-americana por Edwin Civerolo, da Unidade de Pesquisa em Genética de Produtos Agrícolas e Patologia, da ARS. A expectativa é que o seqüenciamento esteja finalizado ainda este ano. A demonstração de interesse por parte de instituições estrangeiras no conhecimento desenvolvido no Brasil sobre genoma é importante, pois pode abrir novas oportunidades para a ciência nacional. No entanto, é preciso também ter em conta que o seqüenciamento não leva a aplicações práticas de imediato, embora mexa desde já com grandes mitos da humanidade, como a imortalidade, o eterno retorno. Os projetos genoma (tanto o Genoma Humano quanto o da Fapesp) são, antes de tudo, projetos de ciência básica, produtos diretos da Big Science de que falava Derek de Solla Price nos anos 70. Sobre isso e sobre a contribuição de Francis Bacon à ciência moderna leia o texto de Ulisses Capozoli... |
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Atualizado em 06/07/00 |
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