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Investindo no genoma
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Bacon
e a Casa de Salomão Quase quatrocentos anos depois de ter escrito seu Nova Atlântida, mais que nunca é verdadeira a frase de Francis Bacon (1561-1626), "conhecimento é poder". O julgamento histórico faz de Bacon uma figura controvertida, mas poucos se recusam a conceder-lhe o mérito de fundador da ciência moderna e do empirismo, o que significa dizer que ele é o pai da big science, embora essa expressão tenha surgido só recentemente, cunhada por Derek de Solla Price. Nova Atlântida, obra inacabada, é menos conhecida que Novum Organum, ou Verdadeiras Indicações Acerca da Interpretação da Natureza, onde Bacon expõe o método experimental e a determinação de se dominar a natureza. Nova Atlântida é o que muitos considerariam utopia, uma sociedade onde o conhecimento científico é o responsável pela felicidade de seus cidadãos. A Casa de Salomão, onde trabalham os sábios, previu Bacon, seria o suporte do futuro bem estar social. Utopia ou não, em Nova Atlântida a ciência não é uma obra individual, como seria praticada por Isaac Newton. Ela exige um exército de pesquisadores. Expressa no estilo direto que caracteriza clássicos da literatura inglesa, caso de Defoe e Swift, Nova Atlântida descreve edifícios elevados e túneis escavados no solo para a pesquisa científica. Observatórios astronômicos e aceleradores de partículas atuais seriam, certamente, a materialização dessas previsões. Mas nem a utopia de Bacon deu conta da realidade. Laboratórios virtuais, como a rede Onsa, são a prova disso. Eles permitem, em escala cada vez mais surpreendente, a interação de pesquisadores para se tecer uma nova imagem do mundo onde, de fato, a obtenção do conhecimento é a tradução mais clara de uma nova forma de poder. No tempo de Bacon, telescópios e microscópios nasciam como instrumentos que hoje seriam toscos, parentes próximos dos óculos para leitura. Foi um período de mudanças rápidas e desconcertantes quando, tal como hoje, compor uma imagem inteligível do mundo era desafio para poucos. Daí a expressão de Diderot para se referir a ele: "numa época em que era impossível escrever a história do que os homens sabiam, traçou um mapa do que deveriam aprender". Bacon morreu fazendo experimentos envolvendo o frio e a putrefação da carne pela ação de bactérias, organismos que não chegou a conceber. Uma delas, a Escherichia coli, estava presente no intestino da galinha que recheou de neve. Esse organismo é o melhor estudado hoje na Casa de Salomão. Retalhada por tesouras químicas, recomposta e remendada por colas do mesmo tipo, a E. coli, como a Xyllela, maravilhariam Bacon. E certamente reafirmariam sua fé nas promessas da Casa de Salomão. |
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Atualizado em 06/07/00 |
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