CARTA AO LEITORNOTÍCIASENTREVISTASREPORTAGENSRESENHASCRÍTICA DA MÍDIALINKS DE C&TCADASTRE-SE NA REVISTABUSCA POR PALAVRA-CHAVE

     

   

         
           
 

Investindo no genoma
Incentivo à pesquisa
Papel da bioinformática
Política científica
Despertando interesse
A casa de Salomão - artigo

Reflexões sobre o Genoma Humano

Perfil - Andrew Simpson

Bioética - artigo

Glossário

 

 

Bacon e a Casa de Salomão
Ulisses Capozoli

Quase quatrocentos anos depois de ter escrito seu Nova Atlântida, mais que nunca é verdadeira a frase de Francis Bacon (1561-1626), "conhecimento é poder". O julgamento histórico faz de Bacon uma figura controvertida, mas poucos se recusam a conceder-lhe o mérito de fundador da ciência moderna e do empirismo, o que significa dizer que ele é o pai da big science, embora essa expressão tenha surgido só recentemente, cunhada por Derek de Solla Price.

Nova Atlântida, obra inacabada, é menos conhecida que Novum Organum, ou Verdadeiras Indicações Acerca da Interpretação da Natureza, onde Bacon expõe o método experimental e a determinação de se dominar a natureza. Nova Atlântida é o que muitos considerariam utopia, uma sociedade onde o conhecimento científico é o responsável pela felicidade de seus cidadãos. A Casa de Salomão, onde trabalham os sábios, previu Bacon, seria o suporte do futuro bem estar social.

Utopia ou não, em Nova Atlântida a ciência não é uma obra individual, como seria praticada por Isaac Newton. Ela exige um exército de pesquisadores. Expressa no estilo direto que caracteriza clássicos da literatura inglesa, caso de Defoe e Swift, Nova Atlântida descreve edifícios elevados e túneis escavados no solo para a pesquisa científica. Observatórios astronômicos e aceleradores de partículas atuais seriam, certamente, a materialização dessas previsões.

Mas nem a utopia de Bacon deu conta da realidade. Laboratórios virtuais, como a rede Onsa, são a prova disso. Eles permitem, em escala cada vez mais surpreendente, a interação de pesquisadores para se tecer uma nova imagem do mundo onde, de fato, a obtenção do conhecimento é a tradução mais clara de uma nova forma de poder.

No tempo de Bacon, telescópios e microscópios nasciam como instrumentos que hoje seriam toscos, parentes próximos dos óculos para leitura. Foi um período de mudanças rápidas e desconcertantes quando, tal como hoje, compor uma imagem inteligível do mundo era desafio para poucos. Daí a expressão de Diderot para se referir a ele: "numa época em que era impossível escrever a história do que os homens sabiam, traçou um mapa do que deveriam aprender".

Bacon morreu fazendo experimentos envolvendo o frio e a putrefação da carne pela ação de bactérias, organismos que não chegou a conceber. Uma delas, a Escherichia coli, estava presente no intestino da galinha que recheou de neve. Esse organismo é o melhor estudado hoje na Casa de Salomão. Retalhada por tesouras químicas, recomposta e remendada por colas do mesmo tipo, a E. coli, como a Xyllela, maravilhariam Bacon. E certamente reafirmariam sua fé nas promessas da Casa de Salomão.

   
         
     
Esta reportagem tem
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 documentos
Bibliografia | Créditos
   
     
VOLTA AVANÇA
   
     

 

   
     

Atualizado em 06/07/00

   
     

http://www.comciencia.br
comciencia@epub.org.br

© 2000
SBPC/Labjor
Brasil