Um pequeno deserto a cada minuto
O desmatamento desenfreado e as práticas erradas
de uso do solo fazem com que a cada minuto, 12 hectares de terra
virem deserto no mundo. O fenômeno da desertificação
já afeta quase um terço da superfície do planeta
Terra. Segundo estudos feitos pela ONU,
há mais de 10 milhões de refugiados ambientais, ou
seja, pessoas que foram obrigadas a migrar para outros países
devido à seca e à perda da fertilidade do solo. A
África é o continente mais afetado, notadamente na
região subsaariana, mas o problema é também
particularmente grave na América Latina. No Brasil, grandes
áreas estão se transformando em desertos, principalmente
no Nordeste e no Rio Grande do Sul. Especialistas que estudaram
o assunto chegaram a conclusões pessimistas. Serão
necessários 40 bilhões de dólares por ano para
aplicar em obras que possam conter a desertificação
em todo o mundo. O dobro da previsão da ONU.
Cerca de 70 países são afetados pela
perda acelerada da fertilidade dos solos. Se a erosão do
solo e a desertificação continuarem nos níveis
atuais, 75 milhões de hectares de terras agricultáveis
serão retirados da cadeia de produção até
o ano 2000. A América do Norte, com 74% de terras áridas
ou semi-áridas, e a África, com 73%, são as
regiões onde a situação é mais preocupante.
Mas, a médio prazo, processos de desertificação
ameaçam áreas onde isso pareceria impensável
há algumas décadas. A intensidade das secas registradas
recentemente na Espanha e no Sul da Itália causa temores.
Na Ásia, com sua alta densidade populacional, se calcula
em quase 1,5 milhão o número de hectares em que já
não se pode cultivar, devido à desertificação.
O fenômeno climático El Niño,
que, inicialmente, causa fortes inundações e em seguida
grandes períodos de seca, agrava o problema, cuja seriedade
a ONU compara com a ameaça do aquecimento global. De acordo
com alguns especialistas, porém, a relação
entre desertificação e mudanças climáticas
pode ser ainda mais complexa. Alguns acreditam que a desertificação
está alterando o clima, muito mais do que sendo afetada por
ele.
Os especialistas salientam também que nas
áreas suscetíveis à desertificação
e à seca em todo o mundo, vivem hoje cerca de 900 milhões
de pessoas e, destas, cerca de 200 milhões já estão
em zonas diretamente afetadas por este processo. Grande parte dessas
áreas coincidem do ponto de vista sócio-econômico
com os maiores bolsões de pobreza nos países do Terceiro
Mundo, fazendo parte da baixa produtividade agrícola e da
má qualidade de vida resultantes, um quadro dramático.
Esse processo vem colocando fora de produção anualmente
cerca de seis milhões de hectares (60 mil km2), devido ao
pastoreio incorreto, salinização dos solos por irrigação
e processo indevidos de uso intensivo e manejo inadequado da água
disponível.
No Brasil, a região
mais afetada é o Nordeste...
|