Fenômeno
já atinge vários estados do Nordeste
A
comunidade internacional deu passos decisivos
para o que hoje poderia ser chamado de globalização
dos problemas ambientais, quando há quase sete anos, as atenções
do mundo se voltaram para o Rio, onde acontecia a Conferência
da ONU (Organização
das Nações Unidas) sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
a Rio 92. Na época um assunto de crucial importância
ficou em segundo plano: a desertificação. Temas como
biodiversidade e mudança global climática foram largamente
discutidos, pois afetavam diretamente países desenvolvidos.
As convenções da biodiversidade e a da mudança
climática foram logo assinadas porque envolviam interesses
de laboratórios e indústrias.
Na 2ª
Cúpula Mundial sobre Desertificação realizada
pela ONU em dezembro 98 em Dacar no Senegal, os delegados dos cerca
de 150 países representados, dando continuidade aos debates
de outubro de 97, em Roma, consideraram também que a desertificação
é uma ameaça à biodiversidade e está
associada à mudança climática. O fenômeno
se caracteriza pela perda da produtividade do solo em regiões
áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, devido
principalmente ao mau uso, associado à ocupação
humana. Atinge especialmente a Ásia e África e está
claramente ligado à sobrevivência humana, por causar
a fome que mata e ameaça a vida de milhares de pessoas em
lugares onde a terra racha e nada cresce.
Este ano
as atenções estarão voltadas para o Brasil
e desta vez a desertificação também será
o centro das discussões, na terceira conferência sobre
o tema, que se realizará em novembro em Recife, PE. Um dos
principais assuntos a serem debatidos é a sinergia que deve
haver entre as convenções de meio ambiente. Ou seja,
as convenções de biodiversidade e de mudança
global climática devem estar intrinsecamente ligadas à
convenção de desertificação. O fator
humano também estará em discussão. A desertificação
tem desencadeado importantes fluxos migratórios do campo
para as cidades. A conferência tentará estabelecer
metas de contenção do processo, propondo formas de
conservar os bosques em áreas rurais e diminuir o consumo
de água nas urbanas. Com base em planos de ação
que nações africanas apresentarão, países
desenvolvidos avaliarão também a criação
de um fundo para projetos. Além disso, até novembro
os EUA terão assinado a convenção de desertificação,
o que pode aumentar consideravelmente a ajuda financeira. A ONU
calcula que sejam necessários de US$ 10 bilhões a
22,4 bilhões por ano para conter a desertificação
em 20 anos. Nenhum dos delegados presentes em Dacar no Senegal,
foi contra a afirmação de que a convenção
da desertificação só adotada em 94, é
a prima pobre do programa da ONU. Os recursos até agora obtidos
não passam de US$ 200 milhões por ano.
A cada
minuto, 12 hectares de terra viram deserto no mundo...
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