Um pouco da cultura dos índios Urubu-Kaapor
   
 
Poema

Da pangéia à biologia molecular
Adalberto Luís Val

A biodiversidade e o novo milênio
Vera de Almeida e Val
Contrastes e confrontos
Ulisses Capozoli
As línguas indígenas na Amazônia
Panorama das línguas indígenas
Ayron Rodrigues
Lucy Seki e o indigenismo
As várias faces da Amazônia
Louis Forline
Euclides da Cunha
Isabel Guillen
Yanomami
Saúde dos Índios
Amazônia e o clima mundial
Manejo florestal
Niro Higuchi
Impactos ambientais
Cooperação internacional
Energia e desenvolvimento
Ozorio Fonseca
Interesse internacional
Programas científicos e sociais
Internacionalização à vista?
Indústria de off shore na selva
Marilene Corrêa da Silva
Peixes ornamentais

Produtos da Biodiversidade
Lauro Barata
Missão de pesquisas folclóricas

Radiodifusão para indígenas
Mamirauá
Vídeo nas aldeias
A música dos Urubu-Kaapor
 

Várias imagens presentes nesta edição de Com Ciência foram obtidas pelo teólogo e antropólogo belga Etiénne Samain em suas viagens pela Amazônia. As fotos originais foram gentilmente cedidas por ele para nossa equipe. Samain deu uma entrevista à Revista Com Ciência, da qual provém parte das informações abaixo, e cedeu à nossa equipe um CD com registros de músicas indígenas que recolheu em suas viagens.

Etiénne Samain é professor do Programa de Pós-Graduação em Multimeios do Instituto de Artes da Unicamp, onde chegou em agosto de 1984. Conviveu seis meses com os índios Kamayurá, no Alto Xingu (Mato Grosso), em 1977-8, e outros seis meses com os Urubu-Kaapor, na aldeia velha de Gurupiúna, nas cabeceiras do rio Gurupi (Maranhão), em 1981-2. Estes últimos foram visitados também por Darcy Ribeiro em 1949.

Suas pesquisas entre os índios concentraram-se na sua mitologia. Os mitos e as fotografias recolhidas entre os Kamayurá resultaram no livro Moroneta Kamayurá: mitos e aspectos da realidade social dos índios Kamayurá (Alto Xingu), de sua autoria, publicado pela editora Lidador (Rio de Janeiro) em 1991. Esta edição de Com Ciência inclui imagens dos Kaapor e de caboclos do Alto Xingu.

Os Kaapor são conhecidos pelos belíssimos trabalhos que fazem com as plumagens dos pássaros - criaturas muito valorizadas por eles. Sem escrita, transmitem seus mitos oralmente na sua língua, do tronco Tupi. Samain conta que, quando recolhia mitos entre os Kaapor, os índios se interessaram espontaneamente em gravar suas músicas. Isto resultou em um interessante material fonográfico, registrado no LP duplo Kaapor: cantos e pássaros não morrem, publicado pelo Instituto de Artes da Unicamp. Incluímos no presente texto duas faixas do disco, como exemplos de dois dos principais estilos de músicas dos Kaapor: as "cantigas" e os "cantos de pajés".

A primeira, Soko , é um exemplo de cantiga, com Renaxi tocando flauta solo. Segundo texto de Etiénne Samain presente no encarte do disco, as cantigas "são, na maioria dos casos, melodias tocadas com o uso de uma flauta rudimentar." E, "embora obedeçam a padrões musicais definidos, deixam ao artista indigena Kaapor uma verdadeira margem de improvisação e de composição pessoais." A flauta utilizada é escavada em bambú, com alguns orifícios e tocada diretamente (não transversalmente).

A segunda, Waruka , é um canto de pajé cantada por Nelson, acompanhado por maracás tocados juntamente com Peri. Nelson é um índio Tembé, residente em uma aldeia próxima. Quando Samain chegou na aldeia dos Kaapor em 1982, os Kaapor estavam reapreendendo suas práticas xamanísticas - que tinham perdido durante as tentativas de evangelização - com a ajuda dos índios Tembé, incluindo Nelson. A música Waruka foi também usada na gravação da missa 2 IHU Kewere: Rezar, apresentada e gravada por ocasião do Quarto Centenário da Páscoa do Beato José de Anchieta, em 1997. A missa, disponível em CD pela gravadora Pau-Brasil, foi composta pela pesquisadora e compositora Marlui Miranda, com base em músicas de diversos grupos indígenas amazônicos, incluindo os Urubu-Kaapor.

Algumas faixas do disco Kaapor: cantos e pássaros não morrem foram usadas na trilha sonora do filme Amélia, de Ana Carolina, lançado neste ano. Por conta dessa trilha, foi feita uma gravação remasterizada em CD (não comercializada). Os arquivos MP3 presentes nesta edição foram retirados desse CD.

Todo esse material recolhido por Samain também foi usado para o site premiado Kamayurá e Urubu-Kaapor , feito por Nadia Karasawa, Silvia Lunazzi e Etiénne Samain. O site ganhou o primeiro lugar no concurso da Unesco, 1998 Unesco Web Prize.

   
           
     

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Atualizado em 10/11/2000

   
     

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