Projeto de radiodifusão para 30 mil indígenas em São Gabriel da Cachoeira    
 
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Radiodifusão para indígenas
Mamirauá
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A música dos Urubu-Kaapor
  A parceria entre o Instituto Socioambiental (ISA), a Oboré Comunicações e a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN) está permitindo ampliar e desenvolver a comunicação entre 30 mil indígenas que vivem no município de São Gabriel da Cachoeira (a cerca de 880km de Manaus). Essa é a segunda cidade brasileira com maior índice de alfabetização, depois de Porto Alegre (RS), que é a primeira.
 
Aldeia de Sarapozinho, do índios Kaapor. Foto: Etiénne Samain

Trata-se de uma área de demarcação indígena que foi resultado também do empenho de 15 anos do ISA e seu trabalho intenso por essa conquista. São 30 mil pessoas pertencentes a 23 povos indígenas, divididas em 700 comunidades de 17 línguas diferentes. É uma grande variedade de características para pequenos grupos distantes um dos outros.

A comunicação mais utilizada na região sempre dependeu de barco, mas para chegar em outros distritos que são de concentrações maiores a travessia do rio demora em de dois a cinco dias dependendo da potência do motor. Demora cerca de dez dias para chegar a algumas comunidades menores.

Para melhorar e desenvolver essa comunicação a Oboré Projetos Especiais já fez duas oficinas para um grupo de 20 indígenas alfabetizados e com domínio de pelo menos três línguas: o português e outras línguas indígenas. Oboré é uma corneta que os índios Tupis usam para convocar os integrantes da tribo para uma reunião que resulta em uma luta em legítima defesa da vida.

A rádio comunitária Novo Milênio, coordenada por padres salesianos de um colégio de São Gabriel da Cachoeira, oferecia um tempo de uma hora para a FOIRN fazer um programa às segundas-feiras, das 8h às 9h. O programa não era feito porque as pessoas não sabiam como fazê-lo.

A primeira oficina da Oboré, em setembro de 99, foi para mostrar a este grupo o que é notícia, como fazer uma programação, como levantar temas interessantes. Foram fornecidos gravadores a cada participante para serem levados às aldeias e usados na produção da notícia. Durante a semana de oficina também foi explicado como usar a radiofonia. Depois disso a rádio passou a veicular o programa "Vozes do Rio Negro", todas as segundas-feiras no horário anteriormente definido.

A segunda oficina ocorrida em junho deste ano serviu para fazer um balanço do que havia sido praticado e para fazer um jornal chamado WAYRI na língua "nhengthu", que traduzido corresponde a idéia de mutirão. O jornal é trimestral, com cerca de oito páginas e abrange assuntos como educação escolar indígena, saúde preventiva, associações filiadas e outros assuntos de interesse das comunidades locais. Nessa oficina foi produzida e enviada uma carta ao Ministério da Saúde com uma descrição da realidade do Rio Negro e a importância de um trabalho preventivo de saúde através da comunicação do rádio. Para que o projeto seja levado em frente estão pedindo uma verba do ministério para a atualização do equipamento e manutenção. A carta foi assinada por representantes de ONGs, entidades da sociedade civil, associações e todas as pessoas interessadas no projeto.

Segundo o coordenador da equipe de comunicação e divulgação da FOIRN Miguel Batista Maia, o ministério ainda não deu nenhuma resposta à carta. Ele acredita que a parceria do ISA e da Oboré são importantes e que o recurso do ministério é necessário para manter uma equipe de comunicação da FOIRN com pessoas capacitadas para os trabalhos.

O programa "Vozes do Rio Negro" também é veiculado pela Rádiobrás e alcança áreas da Venezuela e Colômbia. O programa está tratando de temas sobre a saúde indígena, em várias línguas, para todos os povos da região.

Segundo o jornalista e diretor de planejamento de comunicação da Oboré, Sérgio Gomes, para fazer um trabalho de qualidade é preciso o apoio do Ministério da Saúde e de uma equipe formada por profissionais da saúde, da comunicação e da antropologia.

A maior dificuldade encontrada está na questão cultural que a saúde representa para os índios. A tuberculose, por exemplo, que é uma doença dos "brancos", é vista por alguns grupos indígenas como um estado de espírito determinado por deuses.

Como dizer ao índio que ele precisa tomar determinado remédio todos os dias na mesma hora durante um mês se ele não usa relógio e não tem costume de tomar remédio? A comunicação atua como um mediador entre os agentes comunitários que precisam ir para onde o povo está e os índios que estão aguardando o atendimento.

"Considero este trabalho profundamente gratificante. Isso pode ser útil. Estou vendo que é possível trabalhar como Oboré. Essa infantaria precisa ir de casa em casa e necessita de uma comunicação que ajude no seu trabalho", afirma Gomes.

   
           
     

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Atualizado em 10/11/2000

   
     

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