Computação com sistemas
gratuitos
A revista Com Ciência conversou
com Carlos Paniago, matemático, mestre em ciência da computação e
atualmente pesquisador da Embrapa
(Monitoramento por Satélite). Paniago é responsável pela rede computacional
dessa unidade da empresa e pelo processamento de imagens recebidas
via satélite.
A Embrapa usa softwares
livres como o FreeBSD,
inclusive para tarefas grandes como o gerenciamento do tráfego internet.
Na instituição como um todo, ainda há poucos computadores
com Linux rodando. Eles são usados para serem servidores de rede,
firewall, ou para rodar alguma aplicação específica. Há também um
sistema de monitoramento de queimadas, em conjunto com o JRC da Italia,
em que a aquisição de imagens é feita por um sistema proprietário
e o processamento e armazenamento de dados, com Linux. Para isso,
a Embrapa comprou uma licensa corporativa do Office da Microsoft,
cujo uso é feito parte em atividades burocráticas, parte em pesquisa.
Para Paniago, o que Jon
fez não é crime: " Ele fez o programa pra tocar o DVD dele. Se distribui-lo
, para que toque o meu DVD no meu computador, não há problema
nenhum. A questão é que a indústria quer fazer disso um problema para
impedir a cópia. E não é preciso o programa para copiar. Você pode
copiar codificado mesmo. E se você comprou um disco e copia para uso
próprio, isso não é pirataria. Na parte de software, por exemplo,
é permitido fazer uma cópia de segurança do software (backup). Se
eu compro um disco do Windows e o disco risca, fica ilegível, o que
eu posso fazer? Vou ter que comprar outro? Não, eu posso fazer um
backup. Então eu acho que pelo fato de ele ter feito o software, vai
ser absolvido. Haveria problema se na Noruega eles não permitissem
engenharia reversa, mas a legislação permite."
Competidores fazem a engenharia
reversa do trabalho de seus pares e incorporam idéias e melhorias.
O que Jon e seu grupo cracker MoRE (Masters of Reverse Engineering)
fez foi reverter a chave de criptografia do DVD, que sendo pequena
significou pouco esforço. A chave, propriamente, não estava criptografada.
"Na maioria dos países permite-se fazer engenharia reversa. Mesmo
quando o contrato proíbe, a lei do país é mais forte. O governo americano,
por exemplo, considera software de criptografia como se fosse arma.
Você não pode exportá-lo. Se você, aqui no Brasil, quiser usar
um PGP (Pretty Good Privacy) ou um Security Shell, por exemplo, não
pode copiá-lo dos EUA. No caso do FreeBSD a criptografia foi
feita na África do Sul, onde não há essa proibição."
A prática da engenharia
reversa foi utilizada por vários dos desenvolvedores do Linux, este
sistema operacional que vem conquistando cada
vez mais adeptos...