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Direitos autorais na informática suscitam polêmica

Além do processo contra Jon Johansen na Noruega, nos EUA, quatro donos de provedores internet estão sendo processados porque algum de seus usuários disponibilizou em seus servidores o programa de Johansen - o De-CSS ou Decoded-CSS. A acusação está sendo feita com base no documento jurídico norte-americano que legisla sobre direitos autorais na era digital, o Digital Millenium Copyright Act (DMCA). Ele foi escrito e aprovado, como lei, seguindo as orientações da World Intellectual Property Organization (WIPO), uma organização ligada às Nações Unidas, que coordena mundialmente as ações de defesa da propriedade intelectual.

Mas não foram apenas esses provedores que espalharam o programa do norueguês. Assim que Jon e seu pai foram detidos, vários usuários do sistema operacional Linux e de outros sistemas operacionais baseados no Unix iniciaram uma grande corrente para distribuir o programa ao maior número possível de pessoas.

Na Europa, o caso Jon Joahnsen está gerando uma intensa articulação da comunidade de usuários do Linux. Cartas de apoio a Jon foram publicadas em vários sites e o rapaz está sendo orientado por organizações como a Free Software Foundation, ONGs de defesa das liberdades civis e programadores e usuários.

No Brasil ainda é incipiente a caracterização de crimes no mundo digital, e os maiores esforços têm se concentrado na ação da Polícia Federal em relação à pedofilia na internet. Quanto à fiscalização correta dos direitos autorais, o Brasil ainda tem muito o que aprender.

Os defensores do software de Johansen alegam que o programa não foi criado para copiar filmes em DVD mas apenas para que os filmes vendidos nesta mídia pudessem ser lidos por um computador com Linux. Segundo eles, para copiar um filme em DVD não é necessário decodificar o arquivo. É possível copiá-lo, da mesma forma que se copia arquivos em disquetes e outras mídias. O que acontece é que para que o DVD seja lido, quer dizer, para poder assistir ao filme, é preciso ter o programa decodificador.

Outro argumento utilizado é que piratear DVDs é inviável economicamente, pois os discos já gravados que são vendidos nas lojas custam mais barato do que o disco virgem.

O episódio acima soma-se aos incontáveis outros semelhantes que a história recente das tecnologias de informação registra. Nos últimos meses uma empresa chamada Napster tem feito grande sucesso com a distribuição de seu software pela internet, que permite aos usuários trocar músicas entre si no formato "mp3". Através da Napster, um usuário cadastrado pode localizar músicas que lhe interessem e gravá-las em seu computador, bastando para isso, instalar um programa e ter acesso à internet. A Napster, além de prover um meio para a cópia de músicas sobre as quais incide lei de direito autoral, fomenta a troca de informação sem a intermediação de servidores, corporações ou grandes negociantes da internet. A troca é feita de usuário para usuário e tem causado furor nos departamentos jurídicos de grandes gravadoras no mundo da internet.

No caso de Jon, o assunto também está longe de ser consensual. A Home Recording Rights Coalition (HRRC), entidade que defende os direitos de gravação caseira de obras artísticas, argumenta que existem formas honestas de gravação de obras e a criptografia usada no DVD impede os usuários finais de se utilizarem delas. A criptografia não deixa que o usuário assista às cópias extras que fez para seu uso pessoal, do mesmo modo como alguém que compra um CD de música pode copiá-lo para uma fita cassete para ouvir no toca-fitas de seu carro.

Parte de toda essa polêmica é decorrente de uma característica inerente à informática: a possibilidade de um indivíduo com conhecimentos técnicos em computação acessar as linhas de programação de um software, desde que o código esteja liberado pelo fabricante, e modificá-lo conforme seus interesses. Esta prática não é crime na maioria dos países. Nos EUA, por exemplo, o DMCA permite uma exceção no caso de a modificação ser feita com fins de interoperabilidade. É o que se chama de engenharia reversa...

 




 

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Atualizado em 01/06/00

 

 

 
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