Relação
Universidade-Empresa
José
Newton Cabral Carpintéro e Miguel Juan Bacic, ambos professores
do Instituto de Economia da Unicamp, acreditam que o processo empreendedor
deve ser visto como resultado de interações pessoais,
profissionais, culturais e sociais e parte de um processo integrado
de desenvolvimento econômico e social. Já as políticas
de incentivo ao empreendedorismo na sociedade devem ser encaradas
como um todo através de distintos programas (desde universidades,
institutos de pesquisa, órgãos de apoio, incubadoras,
etc.), que deveriam partir dos mesmos pressupostos.
A grande
maioria dos especialistas concorda que o sucesso da incubadora depende
em grande parte de sua relação com uma instituição
acadêmica fortemente orientada na pesquisa, que não
apenas fornece profissionais altamente qualificados para esses empreendimentos,
mas também garante o recurso primordial para o início
de um empreendimento.
Henry
Etzkowitz, diretor do Instituto de Ciência Política
da State University de Nova Iorque por exemplo, sugere uma
interação que se movimenta como uma hélice
tripla, vinculando fortemente instituições governamentais,
as empresas e as universidades, na concretização de
processos inovativos.
Segundo
Sandra Brisolla, professora do Departamento de Política Científica
e Tecnológica da Unicamp, o maior desafio para garantir a
sobrevivência dos sistemas científicos da América
Latina de modo que possam efetivamente desempenhar o importante
papel que lhes cabe no processo de desenvolvimento marcado pela
terceira revolução industrial é descobrir e
imitar as novas maneiras através das quais o conhecimento
científico se acopla à produção de bens
e serviços, passando pela criação de redes
de pesquisadores nas diversas instituições.
Para
o doutor em política científica e tecnológica
Erasmo José Gomes, no caso brasileiro verifica-se, de maneira
geral, a resistência por parte das universidades e institutos
de pesquisa em engajarem-se no esforço das entidades gestoras
dos pólos tecnológicos e incubadoras de empresas.
A participação das universidades locais tem se limitado
a figurar em instâncias meramente normativas, como por exemplo,
entidade instituidora, membro de conselhos diversos etc. Contudo,
o envolvimento efetivo não tem sido um fato correntemente
constatado, configurando-se uma situação de apoio
simbólico.
Gomes
destaca ainda que o relacionamento das empresas e das entidades
gestoras com a universidade local, no que diz respeito à
utilização das instalações e recursos
tecnológicos, na maioria dos casos, ocorre informalmente,
baseado no contato social. Essa situação aponta para
uma realidade na qual a efetividade das relações institucionais,
quando não historicamente consolidadas, está muito
mais centrada nas pessoas do que em uma recomendação
normativa-institucional.
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