Formas
de avaliar as incubadoras
Para
Erasmo José Gomes, o pequeno conhecimento que as entidades
gestoras têm sobre o perfil industrial e econômico das
empresas de base tecnológica é um problema. Segundo
ele, é paradoxal o fato de que tais entidades proponham-se,
justamente, a representar os interesses de empresas sem conhecer
sequer seu perfil econômico-industrial, suas características
e demandas.
Gomes
também critica a questão dos instrumentos operacionais.
Embora as entidades gestoras tenham como objetivo declarado uma
atuação bastante abrangente - articulação
política, assessoria jurídica, tecnológica,
de marketing, serviços técnicos - a maioria tem operado
apenas como incubadoras.
Uma
das formas de avaliação dos investimentos realizados
em incubadoras se relaciona com a importância dos seus serviços
para as empresas residentes ou graduadas. A comparação
do uso ou não, pelas empresas, dos serviços prestados
direta ou indiretamente pelas incubadoras - bem como do grau de
satisfação com a qualidade desses serviços
- com os oferecidos por outro tipo de organização
é um dos indicadores relevantes para avaliar os investimentos
realizados.
Em
uma pesquisa recente do Instituto Prointer e do Instituto Brasileiro
da Qualidade e Produtividade no Paraná (IBQP-PR), aplicada
nas incubadoras tecnológicas existentes em Curitiba e nas
suas 26 empresas residentes ou graduadas, foi avaliada a importância
dos diferentes tipos de serviços prestados pelas incubadoras
de empresas e seus resultados em termos econômicos (investimentos
realizados, criação de empregos diretos e indiretos,
geração de impostos, produtividade do trabalho, rendimento
médio do pessoal ocupado, volume de exportações,
etc.). Segundo os autores, cerca de 88% das empresas entrevistadas
afirmaram a importância do programa de incubação
para o sucesso dos seus empreendimentos. Com relação
ao grau satisfação e tipos de serviços ofertados
às empresas pelas incubadoras, em geral, são considerados
com uma qualidade no mínimo satisfatória.
No
que se refere aos serviços de apoio à capitalização,
as principais exceções se referem ao "suporte
na apresentação de propostas e/ou planos de negócios
a investidores e agentes financeiros em fóruns de investimentos
e ao desenvolvimento de parcerias para capitalização
das empresas". Quanto aos serviços de apoio ao desenvolvimento
empresarial, poucas empresas informaram que receberam esse tipo
de serviço (7,7%) e, dentre essas, 50% julgaram que a qualidade
do serviço foi insatisfatória.
No
caso de apoio à internacionalização de negócios,
há um elevado percentual (50%) de empresas que recorrem a
serviços como desenvolvimento de canais de comercialização,
participação em eventos e negociação
e realização de contratos.
Quanto
aos gerentes das incubadoras, Spolidoro diz que eles devem ser capazes
de identificar oportunidades de negócios para a região
e ajudar as empresas a transformarem-se em viáveis. Para
ele, a incubadora de empresa atua em rede no âmbito de sistemas
cada vez mais amplos e complexos, como sistemas regionais de inovação.
Agindo assim, o autor acrescenta que, apesar do sistema de incubadoras
de empreendimentos ser importante, deve ser apenas uma das partes
de um sistema de desenvolvimento tecnológico. Para ele, o
sucesso das incubadoras depende do sucesso de todas as outras iniciativas
estruturantes que devem compor um sistema mais amplo.
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