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A perigosa idéia de Darwin: a evolução e os significados da vida
Daniel C. Dennett

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Resenha

A perigosa idéia de Darwin: a evolução e os significados da vida

Daniel C. Dennett
Rio de Janeiro: Rocco, 1998
609 páginas

Por Solange Henriques

É quase impossível ficar indiferente à "perigosa idéia" de Charles Darwin. A teoria da evolução pela seleção natural já despertou intensos debates, críticas ferozes e adesões fervorosas, e ainda hoje há quem a conteste. Mas para o filósofo Daniel Dennett, o caminho é inevitável: "no devido tempo, a revolução darwiniana acabará ocupando um lugar (...) tranqüilo nas mentes - e corações - de todas as pessoas cultas do globo".

Em seu livro A perigosa idéia de Darwin: a evolução e os significados da vida, Dennett fala sobre o incômodo que o evolucionismo causou desde a publicação de A origem das espécies, em 1859. E mostra que foram os preconceitos filosóficos, mais que a falta de comprovação científica, que impediram os cientistas de perceberem que a hipótese levantada pelo naturalista inglês poderia estar certa.

Dennett não esconde seu desprezo pelo criacionismo. Segundo ele, "o Deus bondoso que amorosamente moldou cada um de nós (todas as criaturas grandes e pequenas) e salpicou o céu com estrelas brilhantes para nosso encanto - esse Deus é, como Papai Noel, um mito da infância, nada em que um adulto de mente sã e sem ilusões possa acreditar literalmente", desafia o autor, nas primeiras linhas de sua obra.

No início do livro, Dennett fala sobre o contexto filosófico no qual a teoria darwiniana surgiu e do potencial revolucionário do evolucionsimo para o fim do século XIX. Para tanto, toma como base o pensamento de John Locke e David Hume. O autor mostra que os preconceitos estavam bastante arraigados no pensamento da época, o que acabou retardando a aceitação da idéia de Darwin. Somente depois de muitos comprovações científicas é que sua hipótese ganhou o devido respeito.

"Charles Darwin não pretendia preparar um antídoto para a paralisia conceitual de John Locke, ou explicar a grande alternativa cosmológica que quase frustrou Hume. Uma vez tendo lhe ocorrido a grande idéia, Darwin percebeu que sem dúvida ela teria essas conseqüências realmente revolucionárias, mas no início ele não estava tentando explicar o significado da vida, ou mesmo sua origem. Seu objetivo era um pouco mais modesto: ele queria explicar a origem das espécies.", comenta Dennett.

Dennett prossegue com a explicação da teoria de Darwin, com uma linguagem clara e contemporânea. Ele relaciona, por exemplo, a evolução a um processo algorítmico, que envolve hereditariedade, variação e seleção. Com esses três elementos, a evolução seria um resultado inevitável.

Na segunda parte da obra, o filósofo aponta os questionamentos feitos à obra de Darwin. Com uma argumentação estruturada, demonstra que a teoria da evolução não só sobrevive como sai revigorada de todos os desafios.

A última parte do livro mostra como o pensamento darwiniano aplica-se ao homem. Darwin sabia que a inclusão do homem na teoria evolucionista seria um choque para a sociedade da época, por isso não tocou muito no assunto quando publicou sua obra. "Ele quase não menciona nossa espécie em A origem das espécies (...). Mas, é claro, isso não enganou ninguém. Era óbvio o rumo que a teoria estava tomando, e por isso Darwin trabalhou muito para produzir a sua própria e cuidadosamente elaborada versão antes que críticos e céticos enterrassem o assunto em meio a deturpações e avisos de alerta", observa Dennett.

Sem ignorar os protestos, Dennett deixa claro que a idéia de Darwin aplica-se ao homem em muitos aspectos, inclusive na questão da linguagem, do conhecimento e da ética. Afinal, a teoria da evolução seria como um "ácido universal", que corrói quase todos os conceitos tradicionais e deixa uma visão de mundo revolucionada.

Atualizado em 10/07/2004

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