CARTA AO LEITORNOTÍCIASENTREVISTASREPORTAGENSRESENHASCRÍTICA DA MÍDIALINKS DE C&TCADASTRE-SE NA REVISTABUSCA POR PALAVRA-CHAVECARTA AO LEITORNOTÍCIASENTREVISTASREPORTAGENSRESENHASCRÍTICA DA MÍDIALINKS DE C&TCADASTRE-SE NA REVISTABUSCA POR PALAVRA-CHAVE
 

Alice no país do Quantum
Robert Gilmore

Físicos, Mésons e Política
Ana Maria Ribeiro de Andrade

Os trinta anos que abalaram a Física
George Gamow

Outras resenhas

Envie sua resenha
rae34@uol.com.br


 

Físicos, Mésons e Política
Ana Maria Ribeiro de Andrade
Ed. Hucitec/MAST/CNPq, 1999.
por Rafael Evangelista

Ao contrário do que possa parecer àqueles que não conhecem o cotidiano da ciência, os maiores ganhos alcançados nesse campo são muito mais fruto de um trabalho árduo e de equipe e do que do gênio criativo de um cientista isolado. Para que a ciência supere seus limites são necessárias condições básicas como: uma equipe de trabalho competente e motivada; local e equipamentos minimamente adequados; planejamento eficiente com relação aos objetivos; além de, é claro, financiamento. Físicos, Mésons e Política: a dinâmica da ciência na sociedade, livro de Ana Maria Ribeiro de Andrade, mostra um caso exemplar dessa questão ao contar como, a partir do prestígio conseguido por César Lattes depois da participação na descoberta do méson p, somado ao interesse de militares e do governo em constituir no Brasil uma rede de energia atômica, criaram-se importantes instituições de pesquisa brasileiras como o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e o CNPq.

Após a explosão da bomba atômica, no final da Segunda Guerra Mundial, o interesse dos militares nas ciência, em especial na física, foi um importante catalisador de investimentos e esforços. No Brasil, o principal personagem dessa interação foi o militar Álvaro Alberto, primeiro presidente do CNPq. Alberto esteve presente em reuniões para a fundação do CBPF e, como afirma a autora "transformou o CBPF no símbolo da plataforma das reivindicações de apoio governamental ao desenvolvimento da ciência, visando o aproveitamento da energia nuclear".

Físicos, Mésons e Política é dividido em quatro capítulos (além da introdução e conclusão) que retratam: a trajetória de César Lattes e sua equipe na descoberta do méson; a fundação do CBPF; sua articulação com o CNPq; e o fracasso do ambicioso projeto de construção de dois sincrociclotrons no Brasil. O livro mostra como, a partir do sucesso de Lattes no exterior, se deram articulações políticas que possibilitaram a criação do CBPF. Nesse "espaço protegido", como qualifica a autora, o Estado, através do CNPq, buscou constituir um local de pesquisas visando a energia nuclear e, para isso, integraram-se esforços que culminaram em um fracassado projeto (o dos sincrociclotrons). Fracasso que teve direito a desfalques financeiros e graves erros técnicos.

Embora não muito acessível ao leitor comum - o primeiro capítulo é bastante difícil para aqueles que não conhecem física quântica- o livro é um competente exemplo de como funciona a rede de atores responsável, direta ou indiretamente, pela pesquisa científica, em especial a chamada big science, como a pesquisa nuclear (com seus grandes e caros projetos). Também é um importante documento que localiza fatos essenciais dos primórdios do sistema de financiamento de pesquisa brasileiro.

Atualizado em 20/05/01
http://www.comciencia.br
contato@comciencia.br

© 2001
SBPC/Labjor

Brasil