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História
& Energia 9: a Light revela São Paulo: espaços
livres de uso público do centro nas fotografias da Light
(1899-1920) por Rafael Evangelista A história através das imagens O que um punhado de documentos velhos de uma empresa de bondes e energia do início do século XX pode dizer sobre a história da maior cidade do país? Muito. É o que comprova o número 9 da revista História e Energia, publicada pela Fundação Patrimônio Histórico da Energia de São Paulo. "A Light revela São Paulo: espaços livres de uso público do centro nas fotografias da Light (1899-1920)" é o título do trabalho de final de graduação do arquiteto Leandro Lopes Pereira de Melo que compõe a revista. O texto é uma análise, a partir do confronto da bibliografia histórica e urbanística, de fotografias produzidas pela empresa canadense The São Paulo Tramway, Light & Power Company, Limited, concessionária dos serviços de bonde e de energia elétrica da emergente capital paulista. Mais do que apenas ilustrar o trabalho que a empresa canadense estava realizando em São Paulo, as fotografias permitem vislumbrar parte da história da apropriação dos espaços públicos da cidade, que forma o cenário da maior parte das imagens. Questionando a fotografia como registro histórico, o autor procura analisar não apenas o que é enquadrado, mas porque o resto do cenário foi deixado de fora e qual a intenção presente no uso de determinado ângulo para captar a imagem. São Paulo buscando ser caracterizada como uma rica metrópole moderna é uma das evidências encontradas. Invadindo o espaço público, os bondes marcaram um novo uso e uma maior valorização para os lugares por onde passava. Permitindo a ligação mai rápidas entre lugares distantes, o transporte público proporcionou a divisão entre áreas residenciais e áreas de trabalho. Estrategicamente, a empresa canadense priorizou sua expansão em áreas nobres (Higienópolis, Jardins) em detrimento dos bairros operários, e associando-se à especulação imobiliária. Bondes puxados a burro serviam as vilas operárias, que eram construídas ao lado das indústrias. A Light descumpria a lei que a obrigava a circular bondes para os operários, com tarifas reduzidas em determinados horários. A "modernização" não significou apenas a incorporação de melhorias tecnológicas ao cotidiano da cidade, como os bondes e a luz elétrica. Ela pode ser entendida dentro do contexto da manutenção da distinção social entre as classes após a abolição da escravidão. Aos ricos os bairros nobres, aos pobres as vilas operárias. Da mesma forma, o espaço da via pública por onde passavem os bondes, foi disputado por vendedores ambulantes e pedestres, que foram objeto de crescente disciplinarização com a criação do policiamento de trânsito na segunda década do século passado. A São
Paulo Tramway, Light & Power Company, Limited foi o embrião
da Eletropaulo. Inicialmente uma empresa canadense responsável
por serviços de bonde e geração e distribuição
de energia elétrica, adquiriu outras empresas e tornou-se,
em 1952, a São Paulo Light & Power Company, abandonando
o transporte público. Em 1979, chamando-se, nesse momento,
apenas Light - Serviços de Eletricidade S. A., foi adquirida
pela Eletrobrás. Dois anos depois foi vendida para o estado
de São Paulo e foi criada a Eletropaulo. |
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