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Resenhas

Revolução tecnológica, Internet e socialismo
Laymert Garcia dos Santos, Maria Rita Kehl, Bernardo Kucinski e Walter Pinheiro

From guinea pig to computer mouse
Nick Jukes, Mihnea Chiuia (org.)

Outras resenhas


 

From guinea pig to computer mouse: alternative methods for a progressive, humane education
Nick Jukes, Mihnea Chiuia (org.) InterNICHE, 2003.

por Rafael Evangelista

O uso de animais em práticas de ensino e pesquisa é um dos assuntos mais controversos entre os cientistas. Nos últimos anos, em paralelo ao crescimento da consciência ambiental, fortaleceram-se também os grupos de defesa animal, que pressionam indústrias, laboratórios e centros de pesquisa para diminuirem ou encerrarem definitivamente a morte e os maus tratos aos animais em laboratórios. A InterNICHE (www.interniche.org), uma rede internacional de estudantes, pesquisadores e ativistas, trabalha, nesse sentido, na busca de alternativas aos métodos de ensino tradicionais. As alternativas se utilizam de vídeos, softwares, bonecos, entre outros. O livro, publicado pela InterNICHE, reúne muitas delas ao longo de suas mais de 500 páginas, sendo um importantíssimo guia de referência para aqueles que pretendem dar um novo fôlego ético para as práticas de ensino em laboratório.

A informática oferece relevantes contribuições no campo da simulação de experimentos. A idéia básica da utilização de animais para práticas de ensino sempre foi que estes seriam um modelo, guardariam semelhanças com os homens e que, assim, poderiam substituir o uso de corpos humanos - claro, a exceção deve ser feita para a pesquisa veterinária. Sendo assim, como o conhecimento sobre o corpo humano tem aumentado, assim como a computação apresenta avanços, é razoável imaginar que os modelos computacionais possam oferecer práticas pedagógicas mais completas.

O livro, além de ser guia de alternativas, reúne artigos de pesquisadores que se utilizaram ou desenvolveram alguns dos métodos que substituem o uso de animais. Alguns contam como foram levados a isso por pressão dos movimentos sociais e de seus alunos que, nos últimos anos, mostram cada vez menos medo de manifestar repulsa a práticas cruéis. Outros relatam como, desde quando eram estudantes, não se sentiam confortáveis com o uso de animais mas que, dada a forte tradição e ao medo da hierarquia, continuaram com as práticas. A fisiologista da Universidade Nacional de Kiev, Mykola Makarchuk, por exemplo, conta como, em seu tempo de estudante, "durante as lições práticas em fisiologia, envolvendo a morte e a dissecação de sapos, algumas sensações desagradáveis e pertubadoras permaneceram em minha alma. E se eu, uma fisiologista, me lembro disso, então tais memórias devem permanecer para a maioria dos biólogos".

Os articulistas chegam a defender as práticas alternativas como melhores do que as tradicionais. O fisiologista da Universidade de Marburg, na Alemanha, Hans Braun, ao relatar o desenvolvimento dos softwares da série Virtual Physiology, afirma que seus alunos, ao manipularem o software, trabalham com muito mais liberdade, por não temerem "estragar" o experimento fazendo algo que não foi estritamente não autorizado pelo professor. No artigo "Virtual versus real laboratories in life science education: concepts and experiences" ("Laboratórios virtuais versus laboratórios reais na educação em ciências da vida: conceitos e experiências") ele conta que " algumas tarefas puderam ser incluídas sem que o experimento fosse explicado em detalhes, para que os alunos pudessem investigar", o que, pedagogicamente, seria mais interesante.

Quer se concorde ou não que a substituição dos animais seja possível From guinea pig to computer mouse: alternative methods for a progressive, humane education é altamente relevante por sugerir alternativas concretas e já utilizadas, substituindo os métodos tradicionais. Resta aos educadores experimentar as alternativas em suas aulas, algo que envolve superar o corrente antropocentrismo, que coloca a vida humana como mais importante do que todas as outras. As opções para isso estão dadas e são cada vez mais eficientes.

Atualizado em 10/08/03

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2003
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