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Feira mostra que interatividade é tendência nos museus de ciência

"Não sabia que existia tanta ciência no Brasil". O comentário, de uma estudante de segundo grau, pode dar voz a muitos visitantes da Expo Interativa - Ciência para todos. O evento, que começou na segunda (11) e deve seguir até domingo, dia 17, reúne pela primeira vez os maiores centros e museus de ciência do Brasil no RioCentro (Rio de Janeiro), e deixa claro: o Brasil já percebeu a importância da educação científica por meio de museus, e segue tendências mundiais como a interatividade com os visitantes e a itinerância das exposições.

A Feira conta com 29 estandes de diversos Museus e Centros de Ciência do país, entre eles o Museu da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), o Museu da Vida (da Fiocruz), o Museu do Índio, o Museu de Astronomia, Ciências e Afins (do Rio de Janeiro), entre outros. O evento faz parte do 4º Congresso Internacional de Museus e Centros de Ciência, que conta com especialistas de todo o mundo para discutir propostas de Museus de Ciência de seus respectivos países e trazer exemplos de experiências que estão sendo realizadas.

O ponto forte da Expo é a interatividade. Grande parte das mostras permite que o visitante saia do papel de expectador e passe a manipular aparelhos, participar de games e assistir a vídeos. No Promusit, do Museu de Ciência e Tecnologia da PUC do Rio Grande do Sul, os visitantes contam com 70 aparelhos, todos produzidos pela equipe do Museu, para interagir. Podem tocar uma harpa a laser sem cordas, observam um ambiente com infra-vermelho, percebem a propagação dos sons emitidos por meio de tubos, entre outros. O Promusit conta ainda com um caminhão inteiramente projetado para transportar o material do Museu e, quando instalado, o próprio caminhão é utilizado na exposição como um espaço interno para oficinas, que abriga 30 pessoas sentadas. A estrutura é conectada por internet via satélite, sendo possível, por exemplo, observar os raios que estão atingindo a América Latina no momento da visitação.

A itinerância tem se mostrado uma forte tendência nos centros e museus de ciência mundiais, tanto que parte dos seminários do Congresso traz discussões sobre as exposições viajantes. De acordo com Lizzy Cox, gerente de marketing do Museu de História Natural de Londres, a maior dificuldade para que uma exposição viaje ocorre nas ciências naturais, já que o acervo não pode ser reposto. "É preciso ter cuidado com as peças no transporte e na acomodação quando a exposição chega no seu destinatário", afirma. Ela lembra ainda que, no caso de exposições que viajam países, é preciso fazer adaptações regionais e até de língua, tomando cuidado com as traduções.

Na Expo, assim como o Promusit da PUC-RS, outras mostras também podem viajar para outras cidades além da qual está instalada. É o caso do Sapiens Circus, que apresenta conceitos de saúde e biologia por meio de uma competição eletrônica entre os visitantes, e da NanoAventura, projeto do Museu Exploratório de Ciências de Campinas, que traz conceitos de nanociência e nanotecnologia por meio de quatro jogos eletrônicos.

De cara com a realidade
Saindo da simulação, algumas mostras permitem que os visitantes interajam com o real. É o caso do Museu da Vida, da Fiocruz, onde os estudantes podem dissecar uma larva de Drosophila melanogaster (mosca de frutas) ou observar a estrutura morfológica de ouriços vivos por meio de microscópios. Na exposição do Museu Imagens do Inconsciente, os participantes podem desenhar e escrever poemas, em uma mistura de arte e ciência. De acordo com Gladys Schincariol, coordenadora de projetos do Museu, a idéia é lembrar o trabalho da psiquiatra Nise de Silveira, que mudou o conceito de psiquiatria no Brasil, sob elogios de Sigmund Freud, com seu centenário sendo comemorado neste ano. Já o estande da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) oferece oficina de argila e de restauração de ossos.

O 4º Congresso Internacional de Museus e Centros de Ciência teve início no último dia 10 e segue até sexta-feira, dia 15. Paralelamente, outros eventos complementam a programação, como o 9º Encontro da Rede de Popularização da Ciência e de Tecnologia para América Latina (Red-POP) e a 3ª Conferência Internacional para Comunicadores de Ciência. De acordo com a assessoria da Fiocruz, que promove o evento, estima-se que 80 mil pessoas visitem a Expo até domingo. Já no Congresso estão 800 congressistas do Brasil e do exterior, sendo que 32 países mandaram representantes.

Atualizado em 14/04/05
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