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Governo Federal quer reunificar
os ensinos médio e técnico


O Governo Federal pretende incentivar a reintegração dos ensinos médio e técnico, como eram antes da reforma feita pelo ex-ministro da Educação, Paulo Renato de Sousa, em 1997. Para tanto, deve publicar, em breve, um decreto estabelecendo que as escolas poderão ter ensino médio e técnico integrados, adequando-se a demanda da comunidade onde a escola está inserida. O documento será enviado à Casa Civil e a perspectiva do MEC é que ele seja publicado nos próximos dias. A medida pode ter amplitude limitada, pois não especifica de onde virão os recursos para uma possível expansão do ensino técnico e não é possível afirmar se haverá realmente uma demanda significativa por vagas, como espera o governo.

O modelo vigente atualmente, implementado pelo governo FHC, estabelece que as escolas técnicas são obrigadas a oferecer apenas cursos de qualificação profissional. Este modelo, implementado pelo Decreto 2.208/97, fez com que algumas escolas chegassem a diminuir classes de ensino médio, cuprindo estritamente a determinação. A maioria delas, no entanto, criou dois "módulos" autônomos, correpondendo aos ensino médio e técnico.

Segundo o ministro da educação, Tarso Genro, a atual medida representa uma reforma estrutural no ensino técnico, pois derruba esta separação e permite que o ensino médio se desdobre ou não no técnico, de acordo com a vontade do aluno. "Essa flexibilidade permite ao aluno do ensino médio agregar outras disciplinas compatíveis com a sua formação, dando uma nova oportunidade ao jovem que não pretende chegar à Universidade e valorizando o ensino técnico", afirma Genro.

Para o secretário de Educação Profissional do MEC, Antonio Ibañez, a medida visa também expandir o ensino técnico para suprir o problema da falta de vagas nas universidades. Ibañez afirma que, anualmente, cerca de 1,6 milhões de jovens concluintes do ensino médio não tem acesso à universidade. No ensino técnico, as vagas restrigem-se a 600 mil, ficando um excedente de 1 milhão de concluintes sem opções. O novo decreto permite que todas escolas possam oferecer os ensinos médio e fundamental.

Segundo Azuete Fogaça, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o grande empecilho para uma expansão significativa de vagas no ensino técnico é a diponibilização de recursos. A pesquisadora afirma que o ensino médio já é considerado o "filho bastardo" do sistema educacional, pois não possui recursos assegurados por lei, diferentemente dos ensinos fundamental e superior: "Atualmente, as Secretarias Estaduais da Educação dependem de um aumento da arrecadação mensal do imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços (ICMS) para investir no ensino médio", afirma Fogaça. Para ela, devido à situação de penúria em que as Secretarias se encontram, uma demanda muito grande pela expansão poderia gerar um impacto difícil de ser contornado.

Por outro lado, a professora afirma que é preciso aguardar o impacto da medida, pois a demanda esperada por vagas no ensino técnico pode não acontecer, já que o Brasil não tem uma tradição de valorização do Ensino Técnico: "As próprias empresas não valorizam muito o cargo de nível técnico e a sociedade tem uma percepção muito clara de que depois que se chegou ao ensino médio, o ideal é chegar à Universidade." Deste modo, a tendência é que as pessoas não queiram um ensino técnico, mas simplesmente um ensino que prepare para a Universidade", conclui.

Leia mais sobre o assunto:
http://www.comciencia.br/200405/reportagens/05.shtml

Atualizado em 06/07/04
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